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Tesouro Britânico recebe pedido de incentivo a empresas cripto

21 maio 2021, 14:47 - atualizado em 21 maio 2021, 14:47
Segundo Tugendhat, “o Tesouro precisa criar um espaço seguro para o desenvolvimento de criptomoedas, porque o estabelecimento de um padrão para essa nova economia formará uma nova era eletrônica, um novo mundo digital” (Imagem: Freepik/vwalakte)

É provável que, até essa semana, o termo “flippening”, que refere-se à possibilidade da capitalização de mercado do ether (ETH) ultrapassar a do bitcoin (BTC), nunca tenha sido usado na Câmara dos Comuns do Reino Unido. 

O uso desse termo foi feito por Tom Tugendhat, membro do Parlamento (MP, na sigla em inglês) britânico pelo partido conservador, representando os distritos de Tonbridge e Malling, que mencionou a palavra em uma resposta ao discurso da rainha Elizabeth II, feito em 18 de maio.

O tempo de resposta do MP havia acabado antes de ele conseguir terminar seu discurso – o qual foi publicado depois no Twitter – mas Tugendhat mencionou, brevemente, os tópicos sobre os quais não conseguiu falar. 

“Não irei, no tempo que me resta, falar sobre ‘flippening’ e por que serei otimista sobre ether, e não sobre bitcoin, ou ainda sobre a natureza de mudança necessária no Tesouro para que haja inovação para o compartilhamento de prosperidade no mundo”, disse ele ao Parlamento. 

Chamada por inovação em cripto no Reino Unido

Tugendhat pediu que o Tesouro Britânico, o ministério das finanças do Reino Unido, encoraje a inovação cripto. 

“O Tesouro precisa criar um espaço seguro para o desenvolvimento de criptomoedas, porque o estabelecimento de um padrão para essa nova economia formará uma nova era eletrônica, um novo mundo digital”, disse o MP ao Parlamento. 

Segundo o discurso completo, Tugendhat planejou pedir que o Tesouro “crie uma sandbox na qual as pessoas podem experimentar o uso de criptomoedas e de contratos cripto”.

A proposta parece similar ao programa regulatório de sandbox da Autoridade de Conduta Financeira (FCA), por meio do qual grupos de empresas fintech podem testar seus sistemas desde 2016.  

Esse pedido foi feito poucos meses após a CryptoUK, grupo de lobistas que representa mais de 50 empresas cripto, ter pedido ao chanceler Rishi Sunak que interviesse nos atrasos da FCA quanto ao registro de processos antilavagem de dinheiro. 

Centenas de startups cripto no Reino Unido permanecem sem respostas, no aguardo de uma aprovação do órgão regulador, o que levou o presidente da CryptoUK, Ian Taylor, a escrever em março que as ações da FCA representavam o risco de uma série de empresas falir ou deixar o país.

O aviso de Taylor foi ecoado no Parlamento por Tugendhat, que disse aos outros membros:

“Se não fizermos isso do jeito certo, esses padrões [governando a economia cripto] serão estabelecidos por governos autoritários que não têm interesse em inovação ou por lugares desconhecidos em que não há regulamentação ou responsabilidade.”

O The Block verificou o registro mais recente dos interesses financeiros dos membros do Parlamento e não encontrou nenhuma informação financeira relevante relacionada a Tugendhat.

O MP tem uma pequena quantidade de ações da Crypto Quantique Ltd., uma startup de segurança cibernética com foco na Internet das Coisas.

Ian Taylor disse ao The Block que é “bom ver um membro do parlamento chamar a atenção de cripto na Câmara e nós incentivamos totalmente a ideia de apoio do público para desenvolvermos a crescente indústria cripto do Reino Unido.”

Reguladores contra cripto

A saga sobre registros de empresas cripto não é o único rancor de startups cripto britânicas com relação a reguladores.

Em outubro de 2020, a FCA baniu a venda de produtos de derivativos cripto para clientes do varejo, apesar da considerável oposição à proibição durante o período de consulta. Alguns fundadores do setor estão desanimados. 

“Estou cansado de pressionar o governo britânico por cripto. É uma perda de tempo. O próprio fato de que eles estão pensando em sandboxes e experimentações enquanto há trilhões de dólares sendo movimentados de cá para lá já diz tudo”, disse um executivo sênior de uma das maiores empresas cripto, que insistiu em manter-se anônimo.

Outros, no entanto, se mantêm otimistas. Segundo Matthew Pollard, diretor financeiro da corretora de criptoativos Archax, que é uma das quatro empresas que foram totalmente registradas pela FCA:

Quando você considera o sandbox da FCA, os documentos de consulta da força-tarefa sobre múltiplos criptoativos e, mais recentemente, o apelo para a força-tarefa sobre moeda digital emitida por banco central (CBDC) do Banco da Inglaterra com o fórum de engajamento proposto, há uma clara tendência que remonta a vários anos de que essas instituições britânicas estão considerando e se posicionando em um mundo onde novas tecnologias, incluindo a de blockchain, estão sendo usadas como troca de valor.

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