Economia

Trabalhador destinará quase 60% do salário mínimo para comprar uma cesta básica em 2023

21 abr 2022, 11:00 - atualizado em 20 abr 2022, 9:27
salário mínimo pandemia
Com um salário mínimo de R$ 1.294 previsto para 2023,  o brasileiro chegará perto dos 30% perdidos na capacidade de dar conta da cesta básica do mês desde o início da pandemia (Imagem: Shutterstock)

Com um salário mínimo de R$ 1.294 previsto para 2023, estima-se que o trabalhador dedicará quase 60% de sua renda para adquirir uma cesta básica, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que institui o valor do salário, foi recebida pelo Congresso Nacional na última quinta (14) e segue agora para a Comissão Mista de Orçamento (CMO), onde serão realizadas mais deliberações.

A peça de autoria do Executivo, responsável por elencar prioridades e orientar o governo na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA), tem que ser aprovada pelos parlamentares até 17 de julho.

O valor do salário mínimo foi calculado com base na projeção de 6,7% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), sem ganhos acima da inflação sobre o valor atual de R$ 1.212.

Conta não fecha…

Segundo o Dieese, o atual salário mínimo brasileiro, de R$ 1.212, é mais do que cinco vezes menor do que o valor necessário para suprir gastos mensais individuais básicos e garantidos pela Constituição — alimentação, moraria, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

O mínimo que um trabalhador deve ganhar para conseguir fazer “tudo” isso é hoje estimado em R$6,4 mil, sendo que a média de preço para somente uma cesta básica ultrapassa os R$ 600. Em São Paulo, Estado mais caro, a cesta sai por aproximadamente R$ 760.

O cálculo do valor da cesta é feito com base em pesquisas de preço de suprimentos básicos no consumo das famílias, como carne, arroz, feijão e leite, o que acaba representando quase 60% do que o trabalhador com o atual salário mínimo recebe no mês.

… e nem vai fechar

Para Patricia Costa, economista-sênior no Dieese, o ajuste de 6,7%, baseado no INPC, não deve garantir nem a manutenção do poder de compra do trabalhador.

“Inflação vem onerando a população de mais baixa renda de forma perversa”, declarou.

A economista ressalta que a escolha do governo em não dar ganhos reais ao salário mínimo e utilizar só o INPC para o ajuste faz com que famílias pobres sejam desfavorecidas.

Isso porque destinam uma maior porcentagem de sua renda a gastos indispensáveis, como os alimentos, que individualmente cresceram mais do que a média da inflação.

“O brasileiro vem comendo menos para a sua renda caber nos preços”, afirmou.

Dados do IBGE mostram que, frente a um INPC acumulado no ano de 3,42%, o grupo dos alimentos subiu 4,79%.

Segundo o Ministério da Economia, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 389,8 milhões no orçamento. Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo.

Costa caracteriza a política de aumento do salário mínimo como uma política de “não intervenção” por parte do governo, que acaba onerando as famílias de menor renda em prol da saúde das contas públicas.

“Estão tratando a inflação como taxa de juros, mas juros é remédio para economia aquecida, o que não é nosso caso. O aumento real do salário mínimo poderia ser usado para impulsionar o mercado interno, um outro estímulo à economia”, disse.

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*Com informações da Agência Brasil

Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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