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Troca de comando na Petrobras (PETR4) assusta investidores, mas oportunidades estão “escondidas” no setor

30 maio 2022, 14:58 - atualizado em 30 maio 2022, 15:01
petrobras
Saiba tudo o que aconteceu com a Petrobras (PETR4) desde o anúncio de troca de comando e o que vem por aí. Leia a coluna do Beto Assad, analista e consultor para o Kinvo. (Imagem: (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

A terça-feira, dia 24 de maio, começou tensa para os investidores da Petrobras. Na noite anterior, foi anunciada a saída de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da empresa, menos de 2 meses após assumir o cargo.

Para seu lugar foi indicado o ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade.

Apesar de não ter experiência no setor de petróleo, ele é considerado um ótimo negociador e é homem de confiança do novo ministro de Minas e Energia, Alfredo Sachsida.

O primeiro resultado que trouxe bastante apreensão para os investidores foi a movimentação das ADRs da Petrobras no mercado americano, onde chegaram a cair mais de 10% e trouxeram a expectativa de um pregão bastante negativo para o B3.

O que se viu no fim do dia? A Petrobras teve uma queda significativa, mas bem abaixo do que se imaginava (-2,92% para as ações preferenciais e -2,85% para as ordinárias), e Ibovespa (IBOV) fechando em alta de 0,21%, após passar a maior parte do pregão em baixa.

Mas o que significa, realmente, mais uma troca no comando da empresa em tão pouco tempo?

Medo dos investidores

Diversificação, Ibovespa, Carteira Recomendada
Maior medo dos acionistas da Petrobras não é outro se não mais interferência de Brasília na estatal. (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O maior medo, como aconteceu também nas últimas trocas, é uma maior interferência do governo federal na política de preços da estatal.

A queda de Ferreira Coelho, inclusive, foi causada pelo que o mercado chamou de péssimo “timing”.

Primeiramente, foi feito o aumento, de uma única vez, de quase 9% do preço do diesel, depois de mais de 2 meses sem reajuste.

E o segundo ponto é que a mexida no preço aconteceu pouco tempo depois da empresa divulgar o seu maior lucro da história, de R$ 44,5 bilhões.

Para o núcleo comandado por Paulo Guedes, que vê a inflação “galopando” no país, sem tomar conhecimento da alta da Selic, a mexida foi considerada uma derrapada, que acabou se tornando imperdoável.

Por mais que o reajuste obedeça a critérios técnicos de compatibilidade do preço do combustível brasileiro com o barril de petróleo internacional, o Palácio do Planalto ficou, mais uma vez, incomodado com um novo aumento de preços da Petrobras.

Consigo entender tanto o ponto de vista do governo, que se preocupa (com razão) com a insistência da inflação em permanecer alta, assim como os investidores da empresa, que querem ver o maior lucro possível sempre, como o último que foi histórico.

Privatização da Petrobras é possível?

Congresso icms mensalidade
“Sonho de consumo” dos acionistas da Petrobras é um problema de difícil resolução para o governo brasileiro (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

A questão que sempre volta à mesa é: tem como uma empresa estatal, de interesse estratégico do governo, ter capital aberto, com participação de acionistas que visam o lucro?

Sempre achei essa mistura um tanto quanto explosiva, pois é fato que, em vários momentos, os interesses vão ser conflitantes. E é exatamente essa agenda de conflitos que deixam os investidores sem saber, muitas vezes, o que esperar dessa constante troca de comando.

Não à toa, o assunto privatização da empresa volta de forma mais insistente com a nova troca de direção. O tema é o “sonho de consumo” dos acionistas, e é um problema de difícil resolução para o governo.

Por se tratar de uma empresa de extrema importância estratégica para a economia, não há consenso sobre a desestatização da Petrobras, mesmo olhando mais para a ala de centro-direita.

Talvez se nossa economia fosse mais desenvolvida e com menos desigualdades, o assunto seria mais fácil, não tenho dúvidas.

Mas até alcançarmos uma economia mais sustentável, com uma carga de impostos mais simples e efetiva, o uso da Petrobras como uma máquina de fazer política econômica vai continuar em discussão.

Tem outras petroleiras no game

PetroRio
Petrobras não é a única petroleira listada na Bolsa brasileira, colunista aponta outras opções de investimento sem a interferência de Brasília (Imagem: PetroRio/Divulgação)

Até isso se resolver, caso você esteja com medo de investir na empresa, com possíveis intervenções na política de preços da estatal, vale a pena ficar de olho em outras empresas do setor.

A PetroRio e 3R Petroleum estão oferecendo boas oportunidades nos últimos tempos, por exemplo.

Mas, na minha opinião, mesmo com todo esse barulho, a Petrobras é uma empresa que não deve sair do radar do investidor. Haja visto o seu último resultado.

Portanto, estabeleça sua estratégia e tenha noção dos riscos que investir no setor (e na
estatal) oferecem. E bons investimentos.

Leia todas as colunas do Beto Assad no Money Times.

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Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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