Logística

Uber da carga quer o agro conectado e transportadoras buscando capital de giro

07 fev 2020, 12:27 - atualizado em 07 fev 2020, 12:47
Fundador da empresa quer crescer no agronegócio, movimentando carga por app e oferecendo recursos (Foto: Marcelo Pereira)

O Brasil roda sobre rodas e a ineficiência do modal vai para o custo do dono da carga e acaba saindo do bolso do consumidor. Se o embarcador e as transportadoras não têm como interferir na melhoria do sofrível sistema de rodagem, especialmente nos corredores de grãos, ao menos começam a ter mais opções para customizar a parte que lhes cabe no negócio.

A CargoX já é mais conhecida da cadeia terciária, agora aposta no setor primário, o agropecuário, e acredita que pode ajudar a fazer a diferença. Oferece a plataforma digital que conecta as pontas, num processo pioneiro de aplicativo no Brasil que lhe valeu o epiteto de Uber do transporte – ou Uber da carga – e avançou oferecendo capital de giro para os transportadores.

Não por acaso Oscar Salazar, fundador do Uber, foi o primeiro investidor da empresa no Brasil, e ainda segue, em companhia do fundo Blackstone e da Goldman Sachs

Federico Vega, fundador e CEO – e que não gosta muito do apelido, porque andaram confundindo a empresa como sendo transportadora – avisa que em 2020 estará disponibilizando R$ 500 milhões. Em 2019 foram R$ 100 milhões. E o agronegócio está pegando uma pequena fatia, mas crescendo.

O parceiro transportador, hoje mais de 140 empresas, pode comprar caminhões com o crédito oferecido – e, melhor ainda para muitos, ter o adiantamento do frete assim que o sistema da CargoX capturou o interessado para a demanda que chegou de algum embarcador. A CargoX cobra, naturalmente, sua comissão em todos os estágios do negócio.

A Transportadora Rodrogão, do Mato Grosso, já está operando com a Uber da carga.

Mas, como lembra o argentino Vega, oferece segurança para todos. No caso da conexão do frete, o transportador tem a operação controlada pela empresa, não sendo portanto uma contratação quase informal, muito comum no agro.

Frete de volta

E o frete de volta faz a diferença para a maioria. Chegar no costado de um navio em Paranaguá ou Santos e não ter carga de volta é um dos grandes gargalos. No agronegócio, fretes de volta dos portos normalmente são de adubos e fertilizantes importados, hoje ainda a maioria.

A ineficiência gera custo e nem sempre, ou quase nem sempre, o transportador a colocou no valor cobrado no frete de ida, diante da concorrência pesada. “Nossa equipe de venda vai buscar essa carga”, diz Federico Vega.

Se o parceiro precisa renovar frota, nem que seja um caminhão apenas para um período de safra, como a de soja que já está entrando, a estrutura de volume e o relacionamento da CargoX com o mercado financeiro, proporciona maior poder de negociação. “E o transportador ganha porque sozinho o custo de financiamento será muito maior”, explica o CEO.

E o capital de giro para o frete, para quem precisar, antecipa os recursos sem necessidade de ter que esperar muito tempo para receber – entre rodar até o embarcador, recolher a carga e rodar até o destino – que em épocas de chuvas no Mato Grosso pode se estender para muitos e muitos dias. É quase como um barter, o dinheiro chega antes e é pago depois com o recebível da viagem.

E para o produtor rural ou as grandes tradings, a segurança está no controle com a segurança da chegada do caminhão e o prazo de entrega da carga – sempre que possível diante da caótica malha logística brasileira. O embarcador também pontua o serviço oferecido, como no Uber.

“E se, por exemplo, um player estiver com um pico de demanda extra e os nossos parceiros estiverem também com suas capacidades esgotadas, também conectamos os autônomos com a mesma segurança operacional”, afirma.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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