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Vendas de milho dos EUA parecem protegidas de disputas com China

22 mar 2021, 17:01 - atualizado em 22 mar 2021, 17:01
Milho
Com a forte demanda, os contratos futuros dessas commodities são negociados nos maiores patamares em vários anos (Imagem: REUTERS/Scott Morgan)

As negociações entre autoridades dos governos de Pequim e Washington podem ter resultado em troca de farpas, mas agricultores dos Estados Unidos continuam vendendo carregamentos de milho (ZCH2021) para importadores chineses.

O Departamento de Agricultura dos EUA anunciou quase 4 milhões de toneladas em vendas de milho para a China na semana passada.

O volume é adicional aos 5 milhões de toneladas vendidas em janeiro e fevereiro, ou mais de cinco vezes a quantidade do ano anterior.

Isso apenas mostra o que alguns agricultores esperam há muito tempo: quando a China precisar fazer grandes compras de culturas como milho, o país terá pouca escolha a não ser recorrer aos EUA.

“Enquanto os EUA forem a fonte com preços mais competitivos, o comércio com a China ficará fora do ruído da política”, disse por e-mail Ken Morrison, operador independente de commodities em St. Louis.

Durante a guerra comercial de Donald Trump com a China, a demanda do país por produtos agrícolas dos EUA esfriou, pois o maior comprador mundial de milho e soja recorreu ao Brasil para atender à demanda.

Mas isso também correspondeu a uma época em que o plantel de suínos da nação asiática era devastado pela peste suína africana, reduzindo a necessidade de ração.

Agora que o plantel de suínos está sendo reposto, a demanda cresce novamente. Além disso, agricultores sul-americanos enfrentaram condições climáticas adversas e a China esgotou seus estoques de milho.

Como resultado, os chineses compraram uma quantidade recorde de milho nesta temporada, e as importações de soja estão no nível mais alto segundo dados do USDA desde 1991.

Com a forte demanda, os contratos futuros dessas commodities são negociados nos maiores patamares em vários anos.

Alguns apostam que as compras agrícolas podem ser um bom sinal para negociações mais amplas.

“É interessante que as compras tenham acontecido na semana do encontro”, disse John Baize, analista independente de comércio agrícola em Washington. “A China queria enviar um sinal positivo”, disse. “Eles são muito bons em cronometrar as coisas.”

Baize, que também assessora o Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos, acredita que as vendas de milho para a China divulgadas pelo USDA na semana passada representam nova demanda, em vez de encomendas feitas anteriormente e depois apenas transferidas para vendedores americanos.

Ainda assim, em 2020 China não conseguiu cumprir a promessa de comprar US$ 36,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA durante o primeiro ano da fase um do acordo comercial. Baize prevê continuidade da forte demanda, o que beneficiará os mercados de grãos, mesmo se o país novamente não cumprir seu compromisso, que para 2021 é de cerca de US$ 43,5 bilhões em compras.

“A conclusão é que a China precisa comprar muitos grãos”, disse Dan Cekander, agricultor de milho e soja em Illinois. “Seria necessário algo muito grave para impedir a compra de commodities agrícolas dos EUA pela China.”

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