Opinião

A importância do setor de defesa para o desenvolvimento da sueca Ericsson

03 maio 2020, 17:00 - atualizado em 01 maio 2020, 19:14
Embraer
No Brasil o desenvolvimento do AMX, avião de ataque Ítalo-brasileiro, desenvolvido pela Embraer (EMBR3) em parceria com empresas italianas, resultou em enorme capacitação para a empresa (Imagem: Wikimedia Commons)

Henrique Alvarez

O setor de defesa é historicamente um grande desenvolvedor de tecnologias de ponta que acabam sendo assimiladas pelo meio civil.

As tecnologias militares recebem forte investimento para serem as mais sofisticadas possíveis e, não raramente, encontram utilidade futura em produtos no mercado comum.

Por exemplo o desenvolvimento de radares nos fornos de micro-ondas!

No Brasil o desenvolvimento do AMX, avião de ataque Ítalo-brasileiro, desenvolvido pela Embraer (EMBR3) em parceria com empresas italianas, resultou em enorme capacitação para a empresa, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento futuro dos aviões de grande sucesso comercial no meio civil.

No caso da Ericsson, empresa sueca que está na acirrada disputa tecnológica do 5G com a gigante chinesa Huawei, o setor de defesa também contribuiu para o seu desenvolvimento tecnológico e econômico.

A empresa, uma das maiores fabricantes de equipamento de rede de telefonia móvel do mundo, desenvolveu uma série de radares e sensores avançados para o meio militar em projetos para o governo sueco.

Em 1956 foi fundada a Ericsson Microwave Systems, dedicada principalmente a criação de sistemas aeronáuticos e de defesa.

Entre a década de 1960 e 1970 a empresa participou do desenvolvimento do caça Viggen, junto a outras empresas suecas como Volvo e Saab, atendendo a demanda da Força Aérea Sueca por um modelo próprio, com maior nacionalização da produção possível.

A Ericsson contribuiu com o desenvolvimento de radares, sensores e computadores para as diversas versões da aeronave que possuía bom desempenho em relação aos similares produzidos pelas grandes potências. No fim da década de 70, a Força Aérea Sueca cogitava importar caças estrangeiros para substituírem os Viggen.

O Comitê da Indústria Aeroespacial Militar da Suécia, por sua vez, alertou que 12 mil trabalhadores eram empregados pela indústria aeroespacial sueca e que os efeitos da importação de aeronaves estrangeiras seriam terríveis para a indústria local, que possuía grande importância estratégica para o país.

Com o governo sueco optando por um substituto advindo da indústria local, foi formado o consórcio JAS, cuja Ericsson novamente integrou, junto com a Volvo, Saab e FFV, para desenvolver o JAS 39 Gripen (vendido mais recentemente ao Brasil em sua versão mais moderna, Gripen E/F).

Um sistema desenvolvido pela Ericsson bem conhecido dos brasileiros no mercado de defesa é o radar Ericsson PS-890 Erieye, que equipa os aviões de alerta antecipado e controle E-99, produzidos pela Embraer e que atualmente vem sendo modernizados pela SAAB.

Em 2006, a Ericsson Microwave Systems foi vendida para a SAAB por US$ 521,5, junto com a participação de 40% da empresa na joint-venture Saab Ericsson Space.

A empresa alegou que a venda ajudava em seu processo de reestruturação para focar exclusivamente no setor de telecomunicações.

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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