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Ações ‘controversas’ valem o risco? Gestora aposta alto em dois nomes do Ibovespa; confira

26 set 2022, 14:07 - atualizado em 26 set 2022, 14:07
Bruno e Salomão tocam dois dos melhores fundos Long Bias do Brasil em 2022

Com a virada da Bolsa para ativos com maior exposição ao mercado doméstico, é normal que dúvidas sobre investir em ações de empresas exportadoras comecem a surgir entre os investidores.

A desaceleração econômica das principais economias do mundo alimentam o temor de uma recessão global, e ativos expostos a riscos externos estão sentindo o impacto na B3 (B3SA3).

Afinal, o momento das ações de grandes exportadoras passou? Chegou a vez da retomada dos ativos locais?

Os gestores Cassio Bruno, da Moat Capital, e Gustavo Salomão, da Norte Asset, enxergam oportunidades dos dois lados.

Bruno e Salomão tocam dois dos melhores fundos Long Bias do Brasil em 2022. Ambos acumulam retorno superior ao Ibovespa, com Norte Long Bias rendendo 15% e Moat Long Bias 22% (contra valorização de 6% do índice).

Os dois foram os convidados da mais recente live do Market Makers no Instagram. Em conversa com Thiago Salomão, os gestores compartilharam as ações favoritas de suas carteiras – desde as posições mais antigas até ativos com maior peso na composição.

BRF e Minerva

Bruno, da Moat, citou duas ações “controversas” que tem na carteira. Uma delas é a BRF (BRFS3), que não só faz parte do portfólio do gestor, como também carrega a maior posição.

Bruno comenta que a BRF conta com ativos “muito bons”, mas uma estrutura de capital errada. Segundo o gestor da Moat, as margens da companhia estão “abaixo do que deveriam ser”.

BRF
“Tem muito mato alto para cortar”, afirma gestor da Moat Capital sobre a BRF (Imagem: REUTERS/Rodolfo Buhrer)

Com a mudança de gestão (Marfrig assumindo controle), somada a um ciclo melhor para o frango, o gestor acredita que a BRF tem espaço para melhorar bastante.

“Tem muito mato alto para cortar. De gestão, estrutura das plantas, de como vender as partes do frango, monetização, gente na companhia (mais inchada do que deveria). Todos esses processos estão começando a mudar”, defende.

“Quando você compra uma companhia bastante alavancada financeiramente, que melhora operacionalmente, teu ganho por equity é maior”, completa Bruno.

A Norte também tem um frigorífico na carteira. Uma das três maiores posições da gestora, a Minerva (BEEF3) chama atenção pelo custo de produção menor (visto que ela tem plantas espalhadas na América do Sul) e seu principal consumidor, a China.

Salomão destaca que o ciclo está virando, com o Brasil apresentando uma oferta excessiva de gado, a Austrália (outro grande ofertante) com pouca carne para fornecer e pouca oferta de carne para exportação.

“Com o menor custo de produção e maior preço de venda, a margem da Minerva está saltando de 9% pra 12% de margem e vai crescer mais ainda no ano que vem”, comenta o gestor.

Arezzo e Americanas

Ações de varejo também estão no radar dos gestores.

Na carteira da Norte, a Arezzo (ARZZ3), empresa de bolsas e calçados voltada às classes A e B, se destaca por ser a maior posição da gestora há 11 meses.

Salomão defende a “estratégia muito bem delineada” de criação de um portfólio de marcas da companhia. O gestor comenta que, tempos atrás, o mercado acreditava que a Arezzo, que detém 30% de participação no mercado de calçados, já tinha atingido o seu potencial.

“Ela se transformou, desenvolveu novas marcas. E ela decidiu entrar em vestuário via aquisição”, lembra o gestor, mencionando Reserva, marca de roupas focada no público masculino.

Salomão diz que gosta muito do conceito de marca da Arezzo, que divide seus canais em lojas próprias, franquias, online e lojas multimarcas.

“A gente consegue acompanhar como está a demanda, como está a margem”, explica.

Salomão afirma que o crescimento de vendas e de margens da Arezzo é uma prova de execução e resiliência.

Além disso, a estratégia de ampliar o leque de marca abre mais o potencial de crescimento da companhia, completa o gestor.

Salomão defende que a Arezzo está dentro da “fórmula da felicidade” (quando a realidade é melhor que a expectativa).

“A gente viu pelo último trimestre: a Arezzo, no consolidado, cresceu quase 70% ano a ano, com crescimento de margem bruta relevante de 300 pontos-base. A gente viu várias lojas de departamento crescendo por volta de 40% ano a ano em vendas – e perdendo margem bruta”, afirma.

Uma empresa de e-commerce integrada com lojas é uma boa escolha para se expor ao setor de varejo, diz gestor (Imagem: Divulgação)

Dentro do varejo, a Moat tomou gosto pela Americanas (AMER3), a outra ação “controversa” que foi ignorada pelo mercado em meio à reestruturação societária que culminou na combinação de negócios de Lojas Americanas e B2W.

De acordo com Bruno, uma empresa de e-commerce integrada com lojas é uma boa escolha para se expor ao setor.

“Vejo a Americanas bem posicionada no varejo de passagem agora que as pessoas voltaram para as ruas”, explica.

A notícia de que Sergio Rial, ex-CEO do Santander Brasil, comandará a Americanas no próximo ano animou Bruno.

Com a chegada de Rial, o gestor acredita que a Ame Digital ganhará protagonismo nos resultados.

“Hoje, é uma financeira que transaciona muito, mas que gera pouco valor para a companhia”, diz Bruno.

Para completar, o gestor da Moat lembra que a Americanas é uma empresa muito alavancada a juro. Com a perspectiva de que os juros começarão a cair nos próximos anos, a empresa deve converter em lucro muito rápido.

Os gestores da Moat e da Norte participaram do 13º episódio do podcast Market Makers, apresentado por Thiago Salomão e Renato Santiago. Na entrevista, os convidados listaram quatro motivos para os investidores ficarem mais otimistas com a Bolsa brasileira. Confira aqui.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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