Coluna do Beto Assad

Americanas (AMER3) agrava situação do Ibovespa em 2023; veja o que pode salvar ações

17 jan 2023, 12:10 - atualizado em 17 jan 2023, 12:10
Ibovespa
Ibovespa já vinha patinando no início de 2023 e só foi ladeira abaixo com rombo na Americanas (AMER3). Mas ainda há esperança. (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Aquela velha máxima de “ano novo, vida nova” parece que não está dando muito certo para a bolsa de valores brasileira. O efeito da Americanas (AMER3) sobre o Ibovespa é apenas uma mostra de um 2023 agitado.

Completada a primeira quinzena de janeiro, a alta volatilidade, vista praticamente durante todo o ano passado, continua a dar as caras no Ibovespa, o principal índice da B3.

Entre as máximas e mínimas do ano, até a semana passada, o Ibovespa já variou quase 10 mil pontos, chegando a subir perto de 3% aos 113.128 pontos e também se desvalorizando mais de 5%, ao bater no patamar de 103.852 pontos.

O fechamento do dia 09 de janeiro foi aos 110.916 pontos, mostrando que o índice foi para um lado, para o outro, e praticamente não saiu do zero a zero.

As perspectivas em relação a como será conduzida a economia pelo novo governo ainda dão a tônica das preocupações dos investidores. E se isso já não trouxesse dúvidas suficientes, alguns fatos adicionais jogaram um pouco mais de gasolina da fogueira econômica.

2023 começa difícil para o Ibovespa

Tivemos o IPCA de 2022 com alta de 5,79%, ficando acima das expectativas do mercado (5,60% pelo consenso Refinitiv) e da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,5% com intervalo de tolerância.

Estes dados já trazem uma certa preocupação, aumentando ainda mais a possibilidade da Selic se manter em patamares mais altos por um maior período de tempo.

Depois veio o fatídico domingo com cenas de violência em Brasília, onde houve um ataque direto de uma ala mais radical de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)  às sedes dos Três Poderes.

A reação do novo governo foi firme e rápida, minimizando os efeitos dos atos no mercado financeiro.

Mas ficou a preocupação no ar de que alguma coisa ainda possa acontecer, mostrando que a polarização do país está longe de ser amenizada.

Do mercado internacional segue a preocupação com a inflação em alta e a taxa de juros na Europa e Estados Unidos, que devem continuar subindo, trazendo um possível cenário recessivo na economia global.

Americanas (AMER3) puxa tapete do Ibovespa

Americanas
Efeito contágio da Americanas (AMER3) pegou em cheio ações de varejo no Ibovespa. (Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

Para piorar um pouco mais a situação da economia local, o setor de varejo foi duramente atingido pelo caso de “contabilidade criativa” da Americanas.

A direção, que mal havia assumido a empresa, encontrou evidências de fraudes contábeis que já aconteciam a alguns anos, “escondendo” uma dívida financeira superior a R$ 20 bilhões.

A situação da empresa ficou extremamente complicada, com a nova diretoria pedindo demissão apenas 10 dias após assumirem seus cargos.

Um pedido de recuperação judicial parece ser a saída mais provável no momento. Se a empresa vai sobreviver, só o tempo dirá. Mas o risco de investir em AMER3 cresceu absurdamente.

Empurrão para ações brasileiras em 2023

A contrapartida deste cenário mais caótico é a reabertura do mercado chinês, que pode dar um empurrão na economia brasileira, principalmente no setor de commodities.

Enfim, 2023 começa de maneira um tanto quanto conturbada, o que vai exigir paciência e cabeça fria dos investidores.

Ficar de olho no noticiário político e econômico será essencial para ajudar na tomada de decisão da na hora de investir, já que o mercado continua muito sensível a notícias.

Mas lembre-se: a notícia é apenas uma parte da ferramenta do investidor. Ela vai ajudá-lo caso você já possua uma estratégia consistente. Pense nisso.

Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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