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Americanas (AMER3): Recuperação judicial vai prejudicar consumidores? “Entre nós e você, nada mudou”, diz varejista

19 jan 2023, 16:26 - atualizado em 19 jan 2023, 16:26
Lojas Americanas
Em meio a recuperação judicial, Americanas afirma que relação com consumidor não mudará (Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

A Americanas (AMER3) entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19). As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões.

Entenda o que é o processo de recuperação judicial que a Americanas vai enfrentar

Em meio a este cenário, a varejista afirma que nada mudou com consumidores e que seguem abertos e prontos para receber compras e realizar entregas, nas lojas, no site e no aplicativo.

“Somando os esforços do nosso time e das melhores soluções tecnológicas, vamos continuar dando acesso ao maior número de brasileiros e brasileiras às melhores ofertas, produtos e serviços. Então, se tem uma coisa que nada muda é que, por aqui, seguimos pensando e trabalhando por você.” diz a companhia.

Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon-SP, explica a recuperação judicial não afeta as compras dos consumidores.

“A recuperação judicial afeta apenas os credores da empresa e o consumidor neste momento não configura um credor, ele configura como uma parte da relação jurídica que deve receber o que foi encomendado”, explica.

Farid destaca que os afetados neste momento são os fornecedores da Americanas.

Direitos do consumidor

Na última sexta-feira (13), o Procon-SP notificou a Americanas. Segundo o comunicado, além de informar até que ponto ficam comprometidas as compras efetuadas pelos consumidores e detalhar quantas pessoas serão afetadas, a Americanas deverá esclarecer se as reclamações dos últimos 90 dias na plataforma do Procon-SP tem relação com os problemas noticiados e, em caso positivo, qual o plano de ação para solução.

Procurado pelo Money Times, o Procon disse que a resposta da Americanas está em análise. A empresa teve até o dia 17 de janeiro para responder à notificação.

Farid explica que no momento prevalecem os direitos comuns ao consumidor, e que o consumidor pode utilizar os 7 dias de arrependimento para solicitar devolução de algum produto, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor.

Ainda, no caso de atrasos de entrega por mais de 30 dias, o consumidor tem direito a pedir o dinheiro de volta ou utilizar o valor como crédito, se assim quiser.

Rombo bilionário afeta relação com fornecedores

Apesar da garantir a continuidade da boa relação com os clientes, quando se tratam dos fornecedores, a relação está estremecida.

Segundo o jornal O Globo, uma parcela dos fornecedores vem suspendendo vendas à empresa ou exigindo pagamento à vista para manter a entrega de produtos.

Vale destacar que a Americanas conta com 3.600 lojas em todo o Brasil, além de manter um marketplace com 150 mil vendedores cadastrados.

De acordo com o jornal, a relação com fabricantes de eletroeletrônicos está paralisada deste a quinta-feira da semana passada, um dia depois das informações sobre o rombo contábil serem divulgadas.

Sem evidência de aporte pelo trio da 3G Capital, composto por Jorge Paulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, muitas empresas resolveram parar de entregar mercadorias.

Neste cenário, grandes fabricantes de produtos vendidos pela Americanas não têm conseguido obter linhas de crédito junto aos bancos para antecipar recursos de pagamento por vendas feitas à companhia.

Segundo um empresário, sem essa segurança bancária o risco recai sobre quem vende para a Americanas, com impacto direto aos maiores fornecedores.

Veja o comunicado da Americanas  ao consumidor na íntegra:

Queridos clientes:

Os últimos dias não foram fáceis e tivemos que entrar com pedido de recuperação judicial. Desde que descobrimos inconsistências contábeis em nossos balanços, agimos com serenidade e transparência para comunicar o fato e seguimos com o objetivo de negociar com nossos credores para encontrar uma solução rápida e funcional para todas as partes. Isso não foi possível. Esgotadas as negociações com os credores, nos vimos obrigados a nos proteger com este pedido na Justiça.

Sabemos que surgirão dúvidas sobre o nosso futuro. Por isso, é importante lembrar que a recuperação é apenas um recurso judicial utilizado para proteger nosso caixa para que possamos continuar em operação em nossas lojas, sites e app enquanto, em paralelo, seguimos em novas negociações com tais credores.

A Americanas é uma varejista quase centenária, que presta um serviço amplo à população, emprega mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente, e tem um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes.

Somos milhares de funcionários e continuamos trabalhando com dedicação para atender você com a melhor experiência e manter essa companhia de pé. Seguiremos juntos para que a Americanas continue ativa e relevante no dia a dia de nosso país.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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