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André Franco: quem a Binance irá comprar no Brasil?

25 nov 2019, 13:40 - atualizado em 29 fev 2020, 10:43
Após o anúncio de compra da indiana WazirX, qual seria a possível exchange brasileira que a Binance poderia adquirir? (Imagem: Facebook da Binance)

No dia 11 de novembro, nesse mesmo espaço, escrevi sobre a Binance e como ela estava caminhando para se tornar um banco, mas um banco da era cripto, com serviços que vão desde a intermediação de negociações até o lançamento de novos projetos por meio de IEO (Initial Exchange Offering).

E para reforçar a minha tese, o CEO da empresa, Changpeng Zhao (CZ), anunciou recentemente que pretende colocar as 180 moedas fiduciárias em sua plataforma principal nos próximos seis a nove meses.

A meta é tão ambiciosa e agressiva que, mesmo se ele conseguisse colocar metade disso, 90 moedas, no dobro do período, ainda seria algo estupendo para uma empresa cripto que nem existia em 2016.

Mesmo assim, decidimos dar créditos a CZ por tudo o que ele já conseguiu entregar com a Binance e começamos a pensar em qual seria a estratégia adotada pelo CEO para conseguir esse feito, de colocar todas as moedas do mundo em sua plataforma em menos de nove meses.

Para realizar o prometido, é impossível que a empresa, nesse tempo curto, abra uma filial em cada país para fazer a integração com as 180 moedas fiduciárias do mundo. O mais provável é que a exchange faça compras ao redor do mundo, como já começou a fazer. No dia 21 de novembro a Binance anunciou a aquisição de uma exchange indiana, a WazirX, por um valor entre US$ 5 e 10 milhões.

Com isso em mente, é possível tirar algumas conclusões de como a Binance está no caminho para conseguir o feito de integração das moedas fiduciárias em sua plataforma.

A primeira inferência que podemos fazer é que as empresas que a Binance quer adquirir já estão devidamente mapeadas e acredito que algumas conversas de compra já foram iniciadas, enquanto outras já estão acertando os detalhes.

O anúncio da meta ambiciosa de CZ foi feita oito dias antes da compra da WazirX, o que nos mostra que nossas suposições acima têm mais chances de estarem certas do que erradas.

Depois de pensar dessa forma, podemos dar um passo além: trazer essa tese para solo brasileiro e começar a pensar qual empresa a Binance teria mapeado por aqui, ou até qual delas já está em negociação com a empresa. Inclusive começamos essa discussão no podcast semanal que tenho com meu time, o Crypto Storm.

E foi dentro do podcast que analisamos por que a Binance compraria algumas das três maiores exchanges do mercado brasileiro, Mercado Bitcoin, Foxbit e BitcoinTrade. Portanto, agora trago uma análise de qual seria o diferencial de cada em parceria com a corretora estrangeira.

A Mercado Bitcoin, fundada em 2013, é o nome mais cotado para compra pela Binance (Imagem: Mercado Bitcoin/Divulgação)

Mercado Bitcoin

O Mercado Bitcoin pode ser considerada a exchange local com o melhor nome possível para ser encontrada organicamente pelo seu público. Se você acha isso conversa de publicitário que tenta vender branding, experimente perguntar quanto eles tiveram que gastar com propaganda no ano de 2017.

Spoiler: quase nada.

Várias pessoas novas no mercado achavam que era possível apenas negociar bitcoins no mercado bitcoin. A falta de compreensão das pessoas sobre o que era uma criptomoeda, o que era uma exchange, como funcionava uma carteira e outras coisas, fizeram com que um nome otimizado para ser destacado nas ferramentas de busca do Google alavancassem o Mercado Bitcoin.

Por isso, nesse quesito, a empresa brasileira tem uma ampla vantagem na captação de clientes frente aos seus concorrentes. Consequentemente, é a página das exchanges brasileiras com maior quantidade de acessos mensais: cerca de três milhões.

(Imagem: Similar Web)

Além disso, a empresa começou recentemente um projeto novo e muito ambicioso daquilo que acredita ser o futuro da tokenização de ativos. O brand MB Digital Assets veio à tona com o lançamento de tokens representando um precatório estadual, que é uma dívida do estado com prazo para ser paga.

Por isso, o Mercado Bitcoin seria um ótimo parceiro para a Binance, que começaria com a principal corretora do mercado e que tem tudo para se beneficiar organicamente de uma nova alta do mercado.

Além disso, caso CZ tenha em mente se tornar o ponto de compra com tudo o que que os investidores desejam, oferecer precatórios em uma de suas empresas seria um passo a mais nessa direção.

Foxbit teve sua ascensão mesmo no mercado de baixa de 2017 e hoje é uma das principais exchanges do país (Imagem: Foxbit)

Foxbit

A empresa criada e comandada pelo CEO João Canhada passou por diversos problemas no boom do mercado em 2017, e também no bear market em 2018, mas, mesmo assim, continua de pé, o que mostra resiliência do negócio.

Além disso, a Foxbit sempre se apoiou muito na comunidade cripto, de onde tem suas origens, como contou Canhada nessa entrevista especial.

Como posicionamento de negócio, a Foxbit não apresenta grandes vantagens para a Binance adquiri-la frente ao Mercado Bitcoin, além do valuation que, com certeza, deve ser menor do que a principal exchange do mercado brasileiro.

Por isso, a aquisição da empresa de Canhada pela Binance seria como se CZ viesse para o Brasil “comendo pelas beiradas”, o que não seria estranho de acontecer, dado que a empresa tem que fazer bons negócios no mundo inteiro, e o nosso país não deve ser uma de suas maiores prioridades.

Romero Rodrigues, fundador do Buscapé, e Carlos André Montenegro, CEO da BitcoinTrade (Imagem: Facebook da BitcoinTrade)

BitcoinTrade

A empresa liderada por Daniel Coquieri foi a que mais se favoreceu em um curto espaço de tempo do boom do mercado brasileiro em 2017. Enquanto Foxbit e Mercado Bitcoin tiveram que se fechar para novos cadastros, a BitcoinTrade passou a receber essa demanda represada em sua plataforma e se consolidou entre as top 3 naquele ano.

Outro diferencial da empresa foi sempre focar muito em tecnologia e automação de processos, o que fez com que sua equipe nunca ficasse inchada, como aconteceu com o Mercado Bitcoin e Foxbit em 2018. Por isso, a mais nova exchange no top 3 foi a que se manteve lucrativa durante todo o ano passado.

Esse approach focado em lucro e em tecnologia tem tudo a ver com o que a Binance tem em sua espinha dorsal. Então a compra de uma parcela da BitcoinTrade seria uma questão de fit com a cultura da empresa, além de os sócios da empresa morarem nos Estados Unidos, onde as negociações já podem ter começado, já que a empresa de CZ tem a Binance US já estabelecida por lá.

A minha aposta

Pessoalmente, não acredito que a Binance compraria nenhuma das top 3 empresas do mercado porque não vejo nenhum dos sócios dessas três exchanges citadas querendo vender seus negócios e tirar férias.

Uma negociação com Mercado Bitcoin, Foxbit e BitcoinTrade teria que ser feita com uma troca de equity entre as empresas, e não apenas uma compra completa.

Isso deveria inviabilizar a negociação porque a empresa de CZ dificilmente iria querer arcar com uma centena de riscos posteriores à compra, decorrentes da administração das corretoras por terceiros.

Além disso, como disse, os principais sócios dessas empresas não pretendem deixar seus negócios promissores em um mercado que tem tudo para ser disruptivo nos próximos cinco ou dez anos.

Por isso, acredito que a Binance deve estar de olho em exchanges pequenas, com marcas pouco conhecidas, nas quais os sócios não conseguiram consolidar um negócio e, portanto, topariam sair completamente desse mercado. Para reforçar essa tese, lembre-se que a empresa liderada por CZ deve fazer mais de 100 aquisição em nove meses.

Logo, qualquer área de uma empresa, que tem algo tão ambicioso como meta, deve criar processos e espelhá-los para o mundo todo e, com certeza, focar em comprar as melhores empresas pelos menores preços.

E você, o que acha? Tem uma opinião diferente? Entre em contato pelo Instagram e me diga.

Abraços.

Analista de Criptomoedas
André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
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André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
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