Internacional

Aquecimento global ameaça secar áreas de cultivo da Europa

25 abr 2020, 10:19 - atualizado em 22 abr 2020, 12:04
Trigo Agronegócio
A previsão consta em dois estudos da União Europeia segundo os quais a mudança climática tem reduzido a umidade do solo em importantes áreas de cultivo de grãos do bloco (Imagem: REUTERS/Pascal Rossignol)

A seca persistente que afeta culturas como trigo e milho em regiões da Europa pode se tornar mais normal no futuro e ameaçar a produção de alimentos.

A previsão consta em dois estudos da União Europeia segundo os quais a mudança climática tem reduzido a umidade do solo em importantes áreas de cultivo de grãos do bloco. As secas devem se tornar mais frequentes durante o resto do século, de acordo com as pesquisas.

As descobertas destacam os riscos para culturas que as 500 milhões de pessoas da região consomem e exportam, e como as economias podem precisar encontrar novas maneiras de adaptar o cultivo a climas mais secos.

“Mesmo quando chove, às vezes o volume é intenso apenas por curtos períodos”, disse Joaquín Muñoz Sabater, cientista do Serviço de Mudança Climática Copernicus, que estuda a umidade do solo em toda a Europa. “Portanto, mesmo que pareça úmido, o solo nem sempre é capaz de se regenerar porque as temperaturas após as chuvas permanecem altas.”

A pesquisa “European State of the Climate” do Copernicus mostrou que a umidade do solo estava em níveis historicamente baixos no ano passado.

Ao mesmo tempo, cientistas do Centro Comum de Pesquisa da UE preveem secas cada vez mais fortes no sul da Europa até 2100.

Alertas indicam que a catastrófica falta de chuva em partes da Europa novamente ameaça agricultores, que ainda se recuperam do ano mais quente já registrado.

As temperaturas médias europeias nos últimos cinco anos ficaram 2 graus Celsius acima das médias registradas na segunda metade do século XIX, segundo o Copernicus.

A Europa sofreu três ondas de calor distintas em 2019, e 11 dos 12 anos mais quentes já registrados ocorreram nas últimas duas décadas, segundo o Copernicus.

Inundações em partes do continente no final do ano não conseguiram recuperar totalmente as terras agrícolas após longos períodos de seca, e a umidade do solo atingiu o segundo nível mais baixo desde pelo menos 1979. A Europa Central e áreas próximas ao Mar Báltico foram particularmente atingidas.

“As secas meteorológicas provavelmente aumentarão em frequência e gravidade em grandes áreas do mundo”, escreveram pesquisadores coordenados pela UE em artigo que será publicado no próximo mês pela Sociedade Americana de Meteorologia.

Agricultores de países mediterrâneos enfrentarão secas mais frequentes e graves, enquanto os que cultivam em grandes altitudes no hemisfério norte poderiam reter mais umidade do solo.

O crescente volume de dados de satélite sendo coletado pelo Copernicus e outros cientistas já é usado em políticas e por empresas europeias.

 A Heineken usou dados do Copernicus para aperfeiçoar a fabricação de cerveja, diminuindo a quantidade de água necessária no processo. A corretora Marex Spectron usou as informações para prever a produção de café, açúcar e cacau.

“Quando você fala sobre pés de frutas e vinhedos, azeitonas ou cacau – cultivos que requerem um longo retorno sobre o investimento -, é importante entender a tendência de longo prazo”, disse o diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, em entrevista. “Isso pode ajudar agricultores a tomar a decisão de migrar de uma cultura para outra.”

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