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As 10 melhores histórias da década de 2010: Flash Crash, PIIGS, Occupy, Bitcoin…

01 jan 2020, 1:17 - atualizado em 01 jan 2020, 1:17
Aprenda a investir a partir dos erros e acertos do passado (Imagem: Bloomberg)

Os últimos 10 anos foram muito gentis com investidores de ações de longo prazo. Os principais índices dos EUA estão encerrando a década estabelecendo recordes, mas o caminho definitivamente não foi tranqüilo, com altos e baixos, desde o Flash Crash até o golpe do Fed.

A seguir, apresentamos as dez principais histórias da década que os investidores se focaram (e várias outras dignas de nota).

wall Street Mercados
O Dow Jones chegou a cair 998,5 pontos em minutos (Imagem: Reuters)

2010 – The Flash Crash – IPO da Tesla – Crise da dívida europeia

Em “O Exterminador do Futuro”, a Skynet tornou-se autoconsciente em 1997. No mercado de ações, a ascensão das máquinas ficou evidente em 2010 com o flash crash.

As bolsas de valores dos EUA viram um declínio rápido e sem precedentes em maio, que levou o Dow a cair 998,5 pontos em minutos.

Mas, assim como os investidores estavam se preparando para o pior, o mercado se endireitou e fechou em baixa de apenas 3%. A queda foi exacerbada pelo comércio algorítmico e de alta frequência, à medida que as máquinas reagiam aos declínios iniciais e a venda como bolas de neve. Quando o relatório oficial foi lançado em setembro, a causa foi determinada como uma ordem de venda de US$ 4,1 bilhões em um fundo mútuo.

Grécia
A economia da Grécia sofreu um colapso (Imagem: Unsplash/@mattartz)

Merece nota também neste ano, a crise da dívida europeia que acabou atingindo Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, que foram pejorativamente denominados de PIIGS (iniciais do nome de cada país em inglês, cuja pronúncia remete a “porcos”).

Além disso, em 2010 ocorreu a explosão de uma plataforma de petróleo da BP no Golfo do México, o IPO da Tesla (TSLA) e o Federal Reserve anunciando a segunda fase do quantitative easing (QE2), o programa de expansão da base monetária do Banco Central dos EUA para injetar liquidez no mercado através da compra de Treasuries e títulos de dívida privada.

2011 – Occupy Wall Street

Gritos de “Somos os 99%!” reverberaram em Wall Street em setembro, quando a raiva pelo impacto da crise financeira e a crescente desigualdade de renda se transformaram em um movimento.

O movimento eclodiu três anos antes do estouro mundial do livro “O Capital no Século XXI”, do economista francês Thomas Picketty, que fez uma compilação estatística dos dados de riqueza de diversos países sob diferentes períodos históricos com o objetivo de avaliar a distribuição de renda ao longo do tempo em diferentes lugares.

Os ocupantes de Wall Street acamparam no parque Zuccotti, ao sul de Manhattan, por quase dois meses até serem forçados a sair. O protesto foi organizado pelo grupo anti-consumista Adbusters.

Também neste ano aconteceram, o desastre nuclear de Fukushima no Japão, a Primavera Árabe que modificou o panorama político de países do Norte da África e do Oriente Médio e o falecimento do co-fundador da Apple (NASDAQ:AAPL), Steve Jobs.

2012 – Draghi promete fazer ‘o que for preciso’

Os países da zona do euro estavam sofrendo com a alta de juros nos títulos soberanos dos países (quando os investidores se desfazem dos papéis, a remuneração dos títulos sobe), especialmente os membros da periferia do bloco econômico como Espanha e Itália.

Mas, um homem estava pronto para o resgate, impedindo o que muitos viam como o colapso iminente da moeda única.

Mario Draghi
Mario Draghi foi apelidado pelo mercado de “Super Mario” (Imagem: REUTERS/Ralph Orlowski)

Em um discurso em Londres em julho, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, prometeu usar todos os meios necessários para salvar o euro.

“Dentro do nosso mandato, o BCE está pronto para fazer o que for necessário para preservar o euro”, disse ele. “E acredite em mim, será o suficiente.”

A UE ainda está atrelada a taxas de juros negativas no limiar da nova década, com o euro permanecendo sob uma preocupação constante.

Outras grandes notícias deste ano foram a Suprema Corte defendendo Obamacare, o escândalo da Libor e Facebook estreando na Nasdaq.

2013 – Queda do ouro

Após 12 anos consecutivos de ganhos, uma venda em ouro que muitos previam há algum tempo finalmente se materializou. Os preços do ouro caíram mais de 25%, passando de US$ 1.660 para cerca de US$ 1.200.

Os preços do ouro caíram mais de 25% (Imagem: Michaela Handrek-Rehle/Bloomberg)

A economia global estava se recuperando dos efeitos da crise de 2008 e havia especulações de que os Bancos Centrais começariam um ciclo de aperto monetário, prejudicando o metal dourado que não produzia lucros. Os preços também foram duramente atingidos em um período de dois dias, com a preocupação de que Chipre liquidasse suas participações em ouro.

Também neste ano, o Twitter acompanhou o Facebook ao se listar na Bolsa de Nova York, Edward Snowden divulgou documentos secretos da NSA e o bitcoin começou a ganhar força.

2014 – IPO da Alibaba

A gigante chinesa do comércio eletrônico Alibaba consolidou seu lugar na história do mercado em setembro, quando se tornou a maior oferta pública inicial naquela momento. Levando em consideração o lote geral, ou opção de sapato verde, a empresa levantou US$ 25 bilhões quando estreou na Bolsa de Valores de Nova York.

Alibaba
A Alibaba levantou US$ 25 bilhões quando estreou em NY (Imagem: Michael Nagle/Bloomberg)

As ações foram cotadas a US$ 68 e viram o dia de abertura estourar, fechando perto de US$ 94. O recorde de abertura de capital da empresa foi finalmente superado este ano quando a Saudi Aramco, a empresa estatal de petróleo do Reino da Arábia Saudita, tornou-se pública na Bolsa de Valores de Riade, na capital do país árabe.

Também neste ano, os preços do petróleo despencaram, a Rússia invadiu a Ucrânia, o Bank of America pagou quase US$ 17 bilhões para resolver acusações de fraude que levaram ao colapso do subprime.

2015 – Bolha da Bolsa da China

O gráfico do Índice de Xangai para 2015 deixaria até o mais experiente piloto de montanha-russa um pouco enjoado.

Depois de uma enorme e rápida recuperação, as ações na China despencaram com a mesma rapidez. O motivo era classicamente simples: as avaliações estavam muito acima do desempenho dos negócios. O mercado chinês, dominado por investidores de varejo, elevou os preços com dinheiro emprestado (com muito incentivo do Estado).

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No total, o Shanghai Composite caiu de pouco mais de 4.600 em maio para pouco mais de 3.000 em setembro (Imagem: Reuters/Aly Song)

As desvalorizações no renminbi (a moeda da China) também não ajudaram e o governo foi forçado a tomar uma série de medidas extraordinárias, incluindo a possibilidade de prisão por venda a descoberto.

No total, o Shanghai Composite caiu de pouco mais de 4.600 em maio para pouco mais de 3.000 em setembro.

Outras notícias incluíam o BCE iniciando seu programa de compra de títulos, a fusão da Kraft Heinz – sob comando dos brasileiros da 3G Capital capitaneados por Jorge Paulo Lemann ao lado do megainvestidor Warren Buffett – e a Suíça abandonando sua vinculação ao euro.

2016 – Trump surpreende e é eleito o 45º Presidente dos EUA

Embora o impacto imediato no mercado de ações quando o republicano Donald Trump derrotou a democrata Hillary Clinton inesperadamente na disputa pela Presidência dos EUA tenha sido pequeno, a influência de Trump, não apenas no cenário geral de investimentos mas também nas oscilações diárias do mercado, foram enormes nos seus três primeiros anos de mandato.

Donald Trump
Trump foi eleito sem muita empolgação inicial dos mercados (Imagem: Unsplash/@historyhd)

Esperavam-se movimentos favoráveis ​​ao mercado, como desregulamentação. Mas houve eventos inesperados, mas também favoráveis ​​ao mercado, como o constante ataque público ao Fed e demandas por taxas de juros mais baixas.

E houve movimentos em que permanece em andamento, como uma guerra comercial com a China que, no entanto, ditou o rumo da economia global no último ano da segunda década do século XXI.

Outros eventos daquele ano foram o referendo que mostrou a vontade da maioria dos eleitores do Reino Unido de retirar o país da União Europeia – processo amplamente conhecido como Brexit -, o lançamento dos Panama Papers e a compra da Time Warner pela AT&T.

2017 – O recorde do Bitcoin

As criptomoedas já estavam no radar do mercado antes de 2017, mas o rali do Bitcoin trouxe a moeda para a consciência global cotidiana como veículos de investimento e não apenas como o meio de pagamento preferido – e muitas vezes associado a atividades ilícitas – da dark web.

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O rali do Bitcoin trouxe a moeda para a consciência global cotidiana como veículos de investimento e não apenas como o meio de pagamento (Imagem: Pixabay/vjkombajn)

Bitcoin entrou no ano sem nunca ter negociado acima de US$ 1.000. Não perdeu tempo em passar esse marco a caminho de seu recorde, próximo a US$ 20.000. Isso foi um ganho de mais de 2.100%. Fechou 2017 em torno de US$ 14.500.

Entre outros destaques, destacaram-se o corte de impostos de Trump, a série de subidas de taxas do Fed e o aparecimento da estátua da Garota Sem Medo em frente ao touro que carrega perto de Wall Street.

2018 – Um quarto trimestre terrível

Poucas pessoas viram a queda da bolsa no quarto trimestre de 2018 chegando. E elas não esquecerão isso tão cedo, com o Dow caindo 11,8%, o S&P 500 caindo quase 14% e o Nasdaq caindo 17,5%.

Incluindo uma queda horrível de 653 pontos no Dow na véspera de Natal, foi o pior trimestre desde a queda de 2008. As causas foram múltiplas.

Foi o pior trimestre desde a queda de 2008… (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

Os preços do petróleo caíram mais de um terço, afetando os estoques de energia. As ações de tecnologia agredidas, lideradas pelo declínio de 30% da Apple (AAPL), após sua capitalização de mercado subir acima de US$ 1 trilhão no verão. O problema estava na queda das vendas de seu principal produto, o iPhone.

Aumento das taxas de juros e perspectiva de desaceleração da economia doméstica contribuíram para o trimestre terrível.

2018 também foi marcado por preocupações internacionais, incluindo a guerra comercial entre EUA-China e as brigas do Brexit que assolam o Reino Unido e a Europa.

O mercado foi sobrecomprado no começo daquele outono. Com a liquidação da véspera de Natal, o mercado caiu muito e muito rápido. Isso provocou uma recuperação surpreendente em 26 de dezembro, quando o Dow subiu 1.086 pontos.

Em outros eventos naquele ano, as criptomoedas caíram na real, o NAFTA foi cancelado e a regra fiduciária dos consultores financeiros terminou.

2019 – Ações de maconha derrotadas

O otimismo que vem com uma promessa incrível bateu na parede da realidade e das regulamentações no setor de cannabis em 2019.

Como o primeiro país do G7 a legalizar a erva no final de 2018, as empresas canadenses de cannabis entraram em 2019 abraçando o novo e florescente mercado global. Mas, com esse avanço, surgiu a difícil tarefa de aumentar a produção, estabelecer parcerias internacionais e estratégias de expansão mundial o tempo todo, tentando superar obstáculos regulatórios que não estavam totalmente definidos.

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Nos EUA, a aprovação da Lei Federal Agrícola no final de dezembro de 2018 deu aos mercados de cannabis seu início otimista para o ano (Imagem: Reprodução do Facebook da Canopy Growth Corporation)

Os resultados mostraram que as ações de cannabis disparam para novos patamares e depois diminuíram constantemente, acumulando quedas que variaram de 40% a 80%.

Nos EUA, a aprovação da Lei Federal Agrícola no final de dezembro de 2018 deu aos mercados de cannabis seu início otimista para o ano, descontrolando o otimismo de que a legalização nacional da maconha passou de “se” para apenas uma função de “quando”.

Também neste ano, Trump sofreu impeachment na Câmara dos Representantes, os EUA continuaram a ver números recordes de desemprego baixo (mínima de 50 anos), protestos tomaram conta de diversos países e regiões, como Hong Kong, Chile, Bolívia, Colômbia, Líbano, Sudão, França, o Uber (UBER) realizou o seu IPO e o WeWork fracassou com sua abertura de capital.

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