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As ‘pechinchas’ que o Verde está de olho para aproveitar o mercado de baixa

30 mar 2023, 21:10 - atualizado em 30 mar 2023, 21:10

A Bolsa brasileira continua a sofrer e, a esses níveis, está barata, afirma o novo gestor de ações de um dos maiores e mais tradicionais fundos do mercado, o Verde. Elmer Ferraz marcou presença no 38º episódio do Market Makers, com apresentação de Thiago Salomão e Renato Santiago.

No programa, Ferraz diz que o Brasil é um “especialista em perder grandes oportunidades”.

“Por conta da Covid e da guerra da Ucrânia, existiu um movimento das cadeias produtivas no mundo que ia favorecer o Brasil. Tínhamos uma eleição à frente e bastava racionalidade econômica e algum pragmatismo. Era para a gente estar, em termos absolutos, bem melhor”, discorre.

Para ele, há uma quantidade insuportável de ruídos. “É até esperado, no início de governo, ter esses ruídos, mas eles começaram a preocupar bastante. Hoje, podemos esperar muito mais gastos, mais inflação, menos produtividade e menos crescimento”, coloca.

Bolsa barata

Na visão do gestor, mesmo assim, o Brasil é barato. “Se assumirmos juros real do Brasil é de 6,5%, honestamente, acho que esse juro real é insustentável ao longo prazo para o país”, diz.

Ele lembra, por exemplo, que o país está mais descontado que a América do Sul, o que, nas palavras dele, é “uma loucura”.

“Precisa comprar coisas boas e baratas quando elas estão baratas e, geralmente, tem bons motivos que, emocionalmente, te pendem para alocar capital. No mínimo, já tem coisa boa, porém em um cenário difícil no local e global”, explica.

De acordo com a plataforma Oceans14, o preço sobre o lucro do Ibovespa está em 4,91 vezes, o menor patamar desde 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato.

As ações

Dentre os papéis que a Verde olha com carinho, está a gigante de papel e celulose Suzano (SUZB3). “É uma commodity de volatilidade baixa, diferente de petróleo e minério. A demanda de celulose é quase um reloginho”, diz.

Ele ressalta que a empresa é ‘dolarizada’ e ‘se estourar a âncora monetária, o dólar fica caro’. Além disso, o papel tem zero correlação com a economia local. A preocupação, no entanto, recai no risco de recessão global.

Ferraz recorda ainda que enquanto os investidores queriam dividendos, a Suzano fez a escolha por construir o projeto bilionário Cerrado, com uma TIR (taxa interna de retorno) de US$ 2.

“A empresa estava olhando o longo prazo, tocou em frente. Está correto. Fez mais caixa que o mercado esperava e já aumentou o dividendo, enquanto desalavancou mais rápido. Vai estar a 22% de geração de caixa em dólar”, completa.

Outra empresa investida é a Barrick Gold, uma das maiores mineradoras de ouro do mundo. O gestor explica que o ouro vai bem quando os juros estão em queda.

“Há uma expectativa de manutenção e até queda dos juros americanos. Esse é o melhor cenário para o ouro. O ouro se tornou um hedge geopolítico. Se tudo estiver dando errado, o ouro rasga”, vê.

Ademais, ele também afirma que é uma empresa que se aproxima da dívida zero, e que vem em um processo de desinvestimento. “Mesmo se o ouro cair, vai retornar para o acionista via dividendos e recompra”, expõe.

Outras empresas citadas são Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3), cuja as concessões vencem a partir de 2026, e Rumo (RAIL3), “que possui zero relação com o PIB brasileiro e oferece uma assimetria gigante”.

“Não precisa nem o Brasil crescer. Só o ruído diminuir. Empresa de pouco risco operacional, alto conforto, com alta margem de segurança em um negócio de baixa volatilidade”, conta.

Ele diz ainda que apesar do juro machucar bastante a empresa, parece que temos um ciclo de baixa pela frente.

“O agro é a única coisa que não decepciona no Brasil. A Rumo, basicamente, transporta o escoamento da produção de soja e milho para os portos. O volume cresce a 7% ao ano, e não parece que essa dinâmica vai mudar”, completa.

Por fim, o gestor revela ter uma exposição pequena e 100% protegida entre Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11). “Em um momento de desaceleração econômica, ter um negócio que demanda alavancagem precisa tomar cuidado, por mais que os preços sejam atrativos”.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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