Internacional

Bancos pressionam BCE para fim de taxas de juros negativas

23 jan 2020, 15:23 - atualizado em 23 jan 2020, 15:23
BCE Banco Central Europeu
O objetivo do BCE é aquecer a economia e acelerar a inflação, fazendo com que os que têm excesso de caixa invistam ou gastem (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

Enquanto o Banco Central Europeu reavalia sua estratégia após anos de fortes estímulos, os executivos do setor bancário aumentam a pressão para que a autoridade monetária reverta meia década de taxas de juros negativas.

A política é uma “distorção” e, quanto mais tempo estiver em vigor, “mais os efeitos colaterais se tornarão importantes”, disse Axel Weber, presidente do conselho do UBS, no Fórum Econômico Mundial em Davos.

As taxas negativas “não são um bom lugar para permanecer”, lamentou Kees van Dijkhuizen, presidente do banco holandês ABN Amro Bank. Christian Sewing, que comanda o Deutsche Bank, foi ainda mais direto, dizendo que o BCE “errou a saída” quando o crescimento ficou mais forte.

Os apelos ao fim do experimento aumentam com os crescentes custos para os bancos e o temor de taxas negativas sobre depósitos no varejo irrita políticos.

O objetivo do BCE é aquecer a economia e acelerar a inflação, fazendo com que os que têm excesso de caixa invistam ou gastem, mas os efeitos colaterais deixaram bancos da região em desvantagem em relação aos rivais de Wall Street.

A política de juros negativos também amplia as brechas entre investidores ricos que se beneficiam de financiamento barato e os que veem a poupança da aposentadoria derreter, disse Sewing.

Christine Lagarde, a nova presidente do BCE, busca modernizar a instituição com a revisão da meta de inflação, estudo de medidas alternativas de aumento de preços e avaliação de ferramentas de política monetária.

Mas economistas consultados pela Bloomberg não projetam um aumento dos juros na zona do euro antes do primeiro trimestre de 2022. Isso significa que a montanha de encargos que os bancos já pagaram para depositar dinheiro no BCE continuará a crescer.

Os bancos da zona do euro pagaram 25 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) para depositar fundos no BCE desde junho de 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O presidente do Société Générale, Lorenzo Bini Smaghi, chamou esses encargos de “impostos” que prejudicam a rentabilidade do banco, porque as instituições são limitadas na capacidade de repasse aos clientes.

No entanto, ainda há um benefício: as estimativas do BCE mostram que, sem suas ações mais amplas de política monetária, o PIB real da zona do euro teria sido 2,7 pontos percentuais menor no fim de 2018.

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