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Bolsa de Nova York cancela deslistagem de telcos chinesas

05 jan 2021, 7:54 - atualizado em 05 jan 2021, 7:54
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A NYSE citou uma “consulta às autoridades regulatórias relevantes” para a mudança de planos em um breve comunicado na noite de segunda-feira, mas não deu mais detalhes (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) voltou atrás no plano de deslistar as três maiores estatais de telecomunicações da China, medida que ameaçava aumentar as tensões entre as maiores economias do mundo.

A decisão da NYSE trouxe poucas explicações, apenas quatro dias depois que a bolsa anunciou que excluiria as ações para cumprir uma ordem executiva dos EUA que proíbe investimentos em empresas de propriedade ou controladas pelo Exército chinês.

A NYSE citou uma “consulta às autoridades regulatórias relevantes” para a mudança de planos em um breve comunicado na noite de segunda-feira, mas não deu mais detalhes.

A reversão, descrita como “bizarra” por um analista da Jefferies Financial Group, atingiu investidores que na segunda-feira haviam vendido ações de empresas de telecomunicações chinesas e correram para apostar quais empresas poderiam ser deslistadas a seguir. As ações da China Mobile, China Telecom e China Unicom Hong Kong subiram na terça-feira.

A falta de clareza sobre por que a NYSE mudou de ideia levou a especulações se a medida foi simplesmente resultado do fato de a bolsa ter interpretado mal a ordem executiva de novembro do presidente dos EUA, Donald Trump, ou algo com implicações geopolíticas mais amplas.

O clima de confusão em torno da implementação da ordem de Trump não se limitou à NYSE. Provedores de índice como FTSE Russell, MSCI Inc. e S&P Dow Jones Indices disseram no mês passado que excluíram algumas empresas chinesas dos índices acionários para cumprir a ordem, mas suas listas de ações afetadas às vezes diferem significativamente.

Há muito em jogo para empresas chinesas e americanas. As chinesas há muito tempo recorrem ao mercado acionário dos EUA em busca de capital e prestígio internacional, tendo captado pelo menos US$ 144 bilhões em mais de duas décadas.

Já empresas dos EUA estão ansiosas para evitar qualquer aumento de tensões que possa restringir seu acesso à vasta economia chinesa.

Bancos de Wall Street, em particular, têm investido muito no país depois de conseguir escopo sem precedentes para operar no mercado chinês no ano passado.

Ligações e e-mails para o departamento de mídia da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China não foram respondidos de imediato na terça-feira.

A Comissão havia respondido ao plano inicial da NYSE chamando-o de infundado e “não uma medida sábia”. Porta-vozes do Departamento do Tesouro dos EUA, da SEC e da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira não responderam de imediato a pedidos de comentário.

EUA
Já empresas dos EUA estão ansiosas para evitar qualquer aumento de tensões que possa restringir seu acesso à vasta economia chinesa (Imagem: Pixabay)

Não está claro se a reversão da NYSE terá algum impacto sobre os fornecedores de índices, que ajudam a guiar investimentos no valor de trilhões de dólares.

O FTSE Russell não quis comentar na terça-feira, enquanto MSCI e S&P Dow Jones não puderam ser contatados de imediato. A Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, também compila índices de ações e títulos.

Em comunicados separados, China Mobile, China Telecom e Unicom disseram que continuarão monitorando o assunto. As ações da China Mobile, a maior das três, subiram 5,1% em Hong Kong na terça-feira. Os papéis da empresa listados em Nova York dispararam 10% antes da abertura oficial das bolsas dos EUA.

A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse na terça-feira que o governo de Pequim espera que os EUA respeitem o mercado e o estado de Direito, e atuem de maneira a manter a ordem nos mercados financeiros globais.

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