Política

Bolsonaro transforma posse de Pazuello em ato de desagravo a Guedes

16 set 2020, 18:20 - atualizado em 16 set 2020, 18:26
Jair Bolsonaro participa da posse de Pazuello como efetivo no Ministério da Saúde
Dois em um: Bolsonaro utiliza posse de Pazuello para afagar Guedes (Imagem: Reprodução/ TV Brasil)

Oficialmente, a cerimônia desta tarde (16), no Palácio do Planalto, era para oficializar o general Eduardo Pazuello como ministro efetivo da Saúde, após quatro meses de interinidade. Mas, na prática, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou a maior parte de sua fala para desfazer o mal-estar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, após o fim abrupto do Renda Brasil.

A preocupação de Bolsonaro em afagar Guedes ficou evidente por vários sinais. O Posto Ipiranga, como o presidente o chama, foi citado, pelo menos, cinco vezes por Bolsonaro em seu pronunciamento. Pazuello, que deveria ser a estrela da cerimônia, recebeu apenas três menções – duas delas protocolares, no cumprimento aos presentes e no encerramento.

No momento mais enfático, Bolsonaro arrancou as palmas mais entusiasmadas da plateia, ao destacar o papel do Ministério da Economia para mitigar o impacto da pandemia de coronavírus sobre o emprego e a renda dos brasileiros.

Aplausos

“Quero cumprimentar a equipe econômica do ministro Paulo Guedes, que prontamente tomou uma série de medidas”, disse o presidente, enquanto os aplausos cresciam.

Os afagos a Guedes e a seus assessores não foram gratuitos. Como se sabe, Bolsonaro anunciou ontem, por meio de um vídeo veiculado em suas redes sociais, o fim do projeto Renda Brasil, que pretendia substituir o Bolsa Família como o programa social de seu governo.

O anúncio surpreendeu ministros, assessores e parlamentares, e foi atribuído à contrariedade de Bolsonaro com declarações do secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, considerado o braço-direito de Guedes na Economia.

Veja a cerimônia de posse de Pazuello

Em entrevista ao portal G1, Rodrigues afirmou que, para bancar o Renda Brasil na dimensão pretendida por Bolsonaro, sem estourar o teto de gastos, seria necessário conter outras despesas. Entre as medidas em estudo, estariam a desindexação do reajuste das aposentadorias e benefícios, bem como seu congelamento por dois anos.

Na prática, além de não acompanhar mais o reajuste do salário mínimo, os vencimentos de aposentados e pensionistas ainda seriam corroídos pela inflação do período. Diante da forte reação de políticos e da imprensa, Bolsonaro enterrou o projeto.

Cartão vermelho

O que mais perturbou a equipe econômica, contudo, foi a declaração do presidente de que daria um “cartão vermelho” a qualquer um que propusesse medidas como as divulgadas por Rodrigues. Desde ontem, portanto, o mundo econômico e político espera pela demissão do principal assessor de Guedes e teme uma possível debandada de assessores do ministério.

Há, ainda, dúvidas quanto à permanência de Guedes, após essa nova canelada do ex-capitão. O próprio ministro se apressou em esclarecer, horas depois, de que o cartão vermelho não era para ele. Mas o estrago já estava feito, e o mercado pisou no freio, apesar do bom desempenho das principais bolsas de valores do mundo.

Resta saber se os aplausos à equipe econômica, incitados por Bolsonaro, são um ato de desagravo ou uma despedida.

Veja o vídeo em que Bolsonaro cancela o Renda Brasil.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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