Economia

Bombeiro oficial: Haddad tenta apagar incêndio entre Lula e Banco Central

07 fev 2023, 9:57 - atualizado em 07 fev 2023, 9:57
Haddad e Lula
Haddad tenta acalmar relação entre Lula e Banco Central, enquanto Fazenda tenta avançar com reforma tributária. (Imagem: Adriano Machado/Reuters)

Fernando Haddad está acumulando funções em Brasília. Além de ministro da Fazenda, ele também virou bombeiro oficial da guerra entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central – e agora os ânimos para própria equipe.

Nas últimas semanas, Lula vem criticando duramente a postura do Banco Central em relação à Selic. As últimas falas aconteceram ontem, durante a posse de Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na ocasião, Lula disse que a decisão do Copom é uma “vergonha” e que não há motivos para a taxa Selic estar tão alta.

“Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,5% [ao ano]. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro”, disse o presidente.

Poucas horas depois, Haddad afirmou que o Copom poderia ter sido mais “generoso” com as medidas econômicas apresentadas por ele no mês passado.

O ministro também voltou a defender uma harmonização entre a política fiscal e a política monetária.

“A política fiscal ajuda a política monetária. Mas não podemos nos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal. Então, é como se fosse um organismo com dois braços que têm que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo”, disse Haddad a jornalistas.

Coincidentemente, ou não, a ata do Copom desta terça-feira (7) ressaltou que alguns membros acreditam que o pacote econômico apresentado pelo Ministério da Fazenda pode atenuar o risco fiscal.

Haddad: Equipe da Fazenda

No entanto, as falas de Lula estão incomodando parte da equipe do Ministério da Fazenda, incluindo o próprio ministro.

Segundo a colunista Bela Megale, do Globo, o cabo de guerra com o Banco Central gera ruídos e dificulta o trabalho da pasta. A equipe está concentrada na reforma tributária e também na retomada do voto de desempate a favor do governo nos julgamentos do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).

Por outro lado, é consenso de que não há espaço para que as manifestações de Lula sejam rebatidas publicamente. Enquanto isso, o Ministério da Fazenda tenta manter uma relação pacífica com Roberto Campos Neto.

Lula vs Banco Central

Lula sinalizou que pode reverter a independência do Banco Central com o fim do mandato de Campos Neto em dezembro de 2024.

“Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente”, disse Lula em entrevista à RedeTV!, na noite de quinta-feira (2).

Ao ser questionado diretamente sobre o fim da autonomia, Lula disse que pode acontecer, mas que isso é irrelevante para ele. “Isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juros.”

Lula criticou o atual patamar da Selic, que está em 13,75% ano desde agosto do ano passado. Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017 e deve continuar assim por um bom tempo.

O presidente afirmou que não existe razão para taxa de juro estar em 13,75% e que começará a cobrar o Banco Central.

“O presidente do Banco Central tem que explicar por que aumenta juro se não tem inflação de demanda”, afirmou Lula, que alega que inflação de 4,5% ou 4,0% no Brasil “é de bom tamanho”.

No começo do ano, em entrevista à GloboNewsLula afirmou que “a inflação está do jeito que está e o juro está do jeito que está” mesmo com a autonomia da autoridade monetária.

Na ocasião, ele também questionou a meta de inflação. “Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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