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Braskem (BRKM5), Vibra (VBBR3), postos Ale: Quem a Petrobras (PETR3) pode comprar?

19 maio 2023, 12:01 - atualizado em 20 maio 2023, 17:47
Petrobras, dividendos
A Petrobras está com bala na agulha se quiser fazer aquisições (Imagem: Andre Coelho/Bloomberg)

As especulações em torno dos ativos que a Petrobras (PETR3) pode comprar cresceram no mercado, sobretudo nas últimas semanas. Entre eles estão a participação da Novodor na Braskem (BRKM5), a Vibra Energia (VBBR3), antiga BR Distribuidora, e até mesmo a rede de postos Ale, segundo alguns comentários de analistas.

Até o momento, a empresa nega que esteja em negociações para adquirir o controle da Braskem. A Folha de S. Paulo chegou a noticiar que a petroleira teria interesse em comprar a participação da Novonor.

A antiga Odebrecht detém 50,1% do capital votante da petroquímica, enquanto os outros 36,1% e 25,6% pertencem à Petrobras e outros acionistas, respectivamente. Porém, em caso de venda, a estatal possui prioridade para comprar a outra parcela.

Segundo informações, a ideia tem o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca aumentar a participação em ativos estratégicos. As ações da petroquímica caíram na hora.

No caso da Vibra, a Petrobras entrou na justiça para retomar a marca BR Distribuidora, indicando seu interesse em retornar à distribuição de combustíveis.

De acordo com o CEO da rede de postos, Ernesto Pousada, porém, é “baixíssima probabilidade” da Petrobras conseguir recuperar a marca BR.

Outro fator que pode impedir uma possível aquisição seria um cláusula do estatuto da Vibra. Caso a Petrobras queira recomprá-la, terá que pagar um prêmio sobre o preço dos últimos meses.

“O preço da Vibra caiu muito. Em relação ao preço do mercado, está extremamente caro comprar agora”, coloca Mateus Haag, analista da Guide Investimentos.

Já o Bradesco BBI diz que se a estatal pensa em recuperar o que “perdeu”, a tese de recompra da Vibra deve permanecer viva. A corretora acredita que a possibilidade da estatal recomprar a companhia irá aumentar até o final do ano.

Jean Paul Prates já lamentou o fato da Petrobras não possuir mais uma rede de distribuição para chamar de sua. Uma outra possibilidade, segundo analistas, seria a empresa comprar a Alesat, dona dos postos Ale.

Para comprar, basta querer

Fato é que a Petrobras está com bala na agulha se quiser fazer alguma aquisição. O BBI calcula que a estatal deve terminar o ano com uma posição de caixa próxima a US$ 20 bilhões (assumindo um preço do petróleo de US$ 80/barril e pagamento de dividendos de 60% do fluxo de caixa operacional subtraído dos investimentos).

Luciano Feres, economista e CFO da Somus Capital, lembra que só em 2022, a Petrobras gerou R$ 188 bilhões em lucro, o suficiente para comprar os cinco maiores bancos em valor de mercado.

“Só com esses fatos podemos entender que a Petrobras tem estrutura para comprar ativos sem se prejudicar e muito provavelmente faria um bom trabalho se executar uma estratégia assertiva na compra de qualquer um desses ativos que estão na mira de compra”, coloca.

Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, recorda ainda que a Petrobras pode emitir mais dívidas quando quiser, além de um índice de alavancagem bem controlado.

“Então poder, financeiramente falando ela pode, o problema maior é a questão política, o que ela pode hoje, é prejudicar o futuro financeiro dela. Politicamente isso está pegando mal”, completa.

BR Distribuidora
Entre os ativos, analistas veem maior possibilidade na compra da Vibra, antiga BR

Quem a Petrobras pode comprar?

Dentre os ativos listados, analistas que conversaram com o Money Times dizem que a Vibra seria a empresa com mais sinergia com a Petrobras (e a mais provável).

O analista da Levante Flávio Conde coloca que a Vibra está mais ‘arrumada’. Hoje, a empresa vale R$ 16,7 bilhões no mercado e possui uma dívida líquida de R$ 3 bilhões, mais um prêmio de 15%.

“É aceitável. A grande vantagem é que ela conhece a Vibra e a empresa já passou por corte de custos, está redonda”, argumenta.

Porém, ele ressalta que a rede de combustíveis não possuí retornos, com margens baixas. “Eu prefiro o discurso de investimentos em energias renováveis. Os veículos estão indo para eletrificação. A ideia de investir nesse setor faz mais sentido”, discorre.

No caso da compra do controle da Braskem, Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, argumenta que a Petrobras aumentaria a sua influência na empresa, pois se tornaria a controladora direta, possibilitando maior flexibilização das políticas internas da companhia.

“Como o endividamento da Braskem aumentou muito, um aporte de capital na empresa aliviaria sua alavancagem por agora. Porém, a Petrobras sofreria uma descapitalizaçao, então é necessário um estudo de capex (investimentos) profundo para determinar a viabilidade da aquisição”, observa.

Cunha, da iHUB, diz que, seguindo a vontade do governo, há a preferência de estatizar a Vibra, onde é mais possível controlar preço de combustível, direto da distribuidora.

“Mas, dito isso, politicamente é mais difícil, porque a privatização da BR Distribuidora ocorreu há quatro anos, com participação do Congresso. É a mesma questão de querer revogar medidas que aconteceram no último governo e isso pegar mal para o Congresso”, ressalta.

E os dividendos?

O mercado já dá como certo que os proventos recordes ficaram para trás, mas há a esperança de que a companhia distribua mais do que o mínimo obrigatório estabelecido por lei (25%).

Em entrevista coletiva realizada por jornalistas, Sergio Caetano Leite, diretor-financeiro da companhia, disse que a empresa opera de forma global, ou seja, concorre pelo capital de investidores com outras petroleiras.

“Ela tem ADRs na bolsa de Nova York. É natural que o nível de dividendos se assemelhe às empresas que possuem nível operacional iguais”, argumenta.

Ruy Hungria, analista da Empiricus, lembra que a Petrobras tem distribuído nos últimos trimestres algo próximo a 100%.

“Se ela distribuísse 50%, ainda sim seria dividendos relevantes. Só que a questão talvez caia ainda mais. Hoje o mercado espera de 25% a 30%. Uma queda bastante relevante, mas não dá para cravar ainda”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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