Internacional

Cenário de pandemia poderia levar BCE a rever ferramentas

26 fev 2020, 12:05 - atualizado em 26 fev 2020, 12:05
BCE Zona do Euro
Em última análise, o BCE pode não ter o luxo de esperar por ajuda fiscal se a doença que já infectou mais de 80 mil pessoas em todo o mundo (Imagem: Reuters/Ralph Orlowski)

Se o surto de coronavírus se transformar em uma crise econômica regional, o Banco Central Europeu ainda não está pronto para oferecer resgate.

Com taxas de juros abaixo de zero e o mais recente lote de compras de ativos ainda em andamento, o espaço para suporte monetário adicional é muito limitado, mesmo com a aposta de redução dos juros no fim do ano.

Para os formuladores de políticas em Frankfurt, isso reforça o argumento de que governos como o da Alemanha devem dar o próximo grande passo para estimular o crescimento econômico.

“O BCE não está totalmente sem opções, mas está quase lá”, disse Anna Titareva, economista do UBS, em entrevista à Bloomberg Television.

Em última análise, o BCE pode não ter o luxo de esperar por ajuda fiscal se a doença que já infectou mais de 80 mil pessoas em todo o mundo e matou quase 3 mil se transformar em pandemia global. E se uma recessão até agora limitada ao setor de manufatura atingir a economia em geral.

Em janeiro, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a política monetária não está no piloto automático. A piora do cenário global tornaria seu alerta ainda mais visionário.

Apenas um mês após sua fala em Davos, um problema que parecia distante na China agora está desconfortavelmente perto de casa devido ao grande surto na Itália.

Confira algumas opções na mesa do BCE:

Telefonema de Berlim

Autoridades do BCE podem simplesmente pedir que governos em Berlim e da região de 19 países recorram aos gastos fiscais caso possam fazê-lo. Poderiam argumentar que incentivos fiscais e investimentos públicos podem ser mais eficazes do que a política monetária para estimular o consumo e compensar exportações fracas.

Autoridades de política monetária, como Ignazio Visco e François Villeroy de Galhau – presidentes dos bancos centrais italiano e francês, respectivamente – já insistiram que o fardo de estimular as economias deve ser carregado pelos governos. No entanto, pedidos anteriores de gastos coordenados resultaram apenas em silêncio até agora.

Palavras tranquilizadoras

Autoridades podem recorrer às palavras em uma tentativa inicial de aumentar a confiança, com a promessa de vigiar cuidadosamente a economia e adaptar as ações ao problema específico em questão.

Em 2014, o BCE estabeleceu contingências antes de iniciar a flexibilização quantitativa no ano seguinte. A tática traz a vantagem de assegurar a empresas e investidores que as autoridades estão totalmente sintonizadas com seus problemas e ganhar tempo para ver se a crise em questão diminui por conta própria.

Robert Holzmann, presidente do banco central da Áustria, disse quarta-feira que, embora o vírus deixe sua marca na economia, ele não espera problemas de longo prazo.

Outro corte

O BCE insiste que ainda pode reduzir a taxa de juros se necessário, e o economista-chefe da instituição, Philip Lane, não vê impedimento para isso, mesmo depois de mais de meia década de juros negativos.

Economistas do Rabobank observam que a isenção de alguns depósitos pela instituição, quando o BCE reduziu a taxa para -0,5% em setembro, criou implicitamente espaço para cortes adicionais, e os mercados financeiros agora apostam em corte de 10 pontos-base em dezembro.

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