AgroTimes

‘Cesta básica’ de alimentos da Apas tem inflação de 10,90% em 2022, com somente a banana em deflação

20 jun 2022, 7:16 - atualizado em 20 jun 2022, 9:17
Dos 20 itens de maior apelo popular nos supermercados, arroz, soja e café são campeões de inflação (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

Em maio, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,47% e somando 11,73% em 12 meses, 20 itens alimentícios mais populares, que compõem uma cesta básica dos supermercados, registraram inflação de 2,37% e 26,18% em cada período em São Paulo, além de 10,90% no acumulado de 2022.

A maioria dos produtos integra as cestas básicas nacionais, como as pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese), e foi alvo do presidente Jair Bolsonaro ao pedir às empresas que maneirassem nos aumentos para ajudá-lo a se reeleger.

Em levantamento da Associação Paulista de Supermercados (APAS) para Money Times, apenas a banana apresentou deflação no mês passado, de 0,11%. Desde maio de 2021, somente o arroz, em 1,74%.

No acumulado do corrente ano, à exceção novamente da fruta (-0,09%), nenhum dos 20 alimentos teve redução de preços para o consumidor no Índice de Preços dos Supermercados (IPS), apurado em parceria com a Fipe/USP, que agrega 225 itens.

No entanto, conforme se vê no quadro da Apas, abaixo, elaborado pelo economista Diego Pereira, o peso dos produtos nessa inflação das redes paulistas, alinhado ao convencional hábito e necessidade de consumo dos brasileiros, é determinante.

Preços

Nesse caso, o arroz foi o item líder, com 0,1740%, que se caiu de maio a maio, desde janeiro passado já aumentou 0,55%. Como “ninguém fica sem sua porção de arroz diária”, lembra Pereira, o peso no bolso dos compradores está acelerado este ano porque a safra caiu, depois do maior volume de 2021 – que resultou em baixa de preços.

Substituição

Para lembrar: em 2020, no auge da pandemia, os produtores brasileiros exportaram muito, quando a Ásia segurou o produto para sua população, estimulando plantio maior no ano seguinte, quando voltou a ter maior oferta global e os produtores brasileiros tiveram de escoar o produto internamente. Para 2022, os arrozeiros desaceleraram a produção.

O segundo item em peso inflacionário, o café em pó, com 0,1425%, é o campeão de inflação em todos os três períodos pesquisados, maio, em um ano e nos últimos cinco meses. A alta dos preços vem na sequência de uma expressiva quebra na safra 21/22, ocasionado pela seca e geadas, sob uma recuperação apenas parcial no ciclo atual, 22/23.

Pela ordem, os reajustes do IPS atingiram 0,27%, 11,52% e 2,07%.

“A gente percebe alguma substituição de produtos pelos consumidores, quando há alta significativas em outros, mas no café esse deslocamento só se dá por marcas”, diz o economista.

Ou seja, a bebida não tem substituto para a população brasileira, mas não significa, necessariamente, que algumas das mercadorias alimentícias listadas possuem grande flexibilidade.

No caso do arroz e feijão – este com peso de 0,0874% e inflação de 0,83%, 1,84% e 2,28% em maio, em 12 meses e em 2022 -, notoriamente é o macarrão. O produto teve alta no mês anterior de 0,16% e acumula no ano 0,79% (e mais 1,07% entre maio e maio), já refletindo a explosão de preços pela guerra da Ucrânia tirando o trigo do país do mercado.

Os demais itens do IPS da Apas derivados do cereal, farinha e pão de forma, se mostraram, respetivamente, com inflação menor e maior (a 4ª mais alta do ano entre os 20 itens) que o macarrão, porém o peso de ambos no consumo massivo é bem diferente. Biscoitos populares registraram inflação decimais.

E assim chegamos ao óleo de soja, que vem de carona na valorização do grão no mercado internacional. O alimento subiu 0,22% no último mês, 2,80% em 12 meses e 1,64% de janeiro a maio.

Se o produto passou a ser mais substituído nas camadas mais altas dos consumidores, uma vez que Diego Pereira notou vendas maiores em óleos mais caros, como o de canola, para a população de menor renda certamente não há outra opção. O óleo de milho, que não está na cesta básica dos supermercados de São Paulo, é alternativa próxima.

Na pesquisa sobres os 20 alimentos da Apas, que diz não ter a participação no faturamento das redes supermercadistas, não constam as carnes in natura. Produtos bem inflacionados, mas onde o deslocamento de um para outro é bem visível, entre a fuga do bovino para suínos e, especialmente, frangos, nota o economista da entidade.

Entre as proteínas pesquisadas, a notoriamente popular salsicha avançou 0,17% em 2022, 0,56% em um ano e 0,13% em maio último.

 

Siga o Money Times no Facebook!

Curta nossa página no Facebook e conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Siga agora a página do Money Times no Facebook!

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual — toda semana, com curadoria do Money Picks

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar