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Chama o Max: Dicas para debutantes

26 fev 2021, 18:20 - atualizado em 26 fev 2021, 18:20
“A inexperiência no mercado de ações pode ser um passaporte para a decepção”, diz Max Bohm, da Empiricus Research

Perdoem-me os mais experientes, mas hoje quero falar com aqueles que estão começando a investir na Bolsa.

Triplicamos o número de CPFs na Bolsa nos últimos anos, pois estes novos investidores sabem que devem se expor a mais risco para obter mais retorno diante de taxas de juros nas mínimas históricas. Mas, ao mesmo tempo, eles chegam com medo e muitas dúvidas.

A inexperiência no mercado de ações pode ser um passaporte para a decepção se o investidor for com muita sede ao pote. Neste terreno de gaviões, sabiás mais frágeis podem acabar se dando mal.

Conhecemos casos de pessoas que se empolgam e dão um passo maior que a perna, investindo um montante em ações acima do que pode. Humildade e respeito ao mercado são qualidades essenciais para quem está debutando na Bolsa.

O que o investidor que está saindo da poupança e do CDB do banco deve fazer para começar na renda variável da melhor forma possível? Qual caminho ele deve seguir inicialmente?

Pensa que você está na praia. Aquele calor infernal e a única saída é se refrescar no mar. Mas ele está bem gelado. Tipo o mar do Rio de Janeiro. O que você faz nessa situação?

Bota um pé, se acostuma um pouco com a temperatura desconfortável, depois você coloca o outro pé e o seu corpo já vai começando a aceitar mais aquele ambiente desafiador. Após este primeiro passo, pulsos e nuca são molhados e você já se sente mais confiante para o banho.

Com o investimento em ações em estágio inicial, seguimos o mesmo passo a passo. Aos poucos, sem movimentos bruscos.

Digamos que com muito esforço você tenha juntado R$ 20 mil na renda fixa (poupança, fundo DI, CDB, LCI/LCA). A primeira coisa que você deve pensar é: quanto desse dinheiro eu não vou precisar em um horizonte de 12 meses? Quanto desse montante não vai me deixar com o estômago embrulhado caso eu me depare com perdas de 20-30%?

Dinheiro de Bolsa é aquela grana com a qual você não pode contar por pelo menos um ano. Por dois motivos: primeiro porque você não vai ganhar sempre, perdas fazem parte do jogo e precisa-se de tempo para recuperá-las; e, segundo, porque as grandes valorizações de capital têm como característica em comum um horizonte longo de investimento.

Você tem que permanecer no jogo. Sobreviver. Por isso, você deve fugir de investimentos vultosos que, caso você esteja errado, possam comprometer o seu patrimônio.

O investidor iniciante tem que aprender que na Bolsa, na maioria das vezes, precisará ter paciência de monge para uma eventual recuperação do prejuízo ou para que sua tese de investimento se confirme e a ação mude significativamente de patamar de preço.

Outra dica que costumo dar a quem está começando neste mundo é escolher ações de empresas que você conheça e admire.

Todos nós somos consumidores, correto?

Conhecemos aquelas companhias que ofertam produtos e serviços de qualidade e que possuem marcas renomadas. Esses dois pontos são determinantes para que uma empresa tenha vantagens competitivas em seu mercado de atuação, com consequências muito positivas para seus lucros e suas ações.

Então por que não começar a investir na Bolsa comprando ações do Itaú, da Magazine Luiza, da Lojas Americanas, Gerdau, Natura e Vale (série MAB)? Não tenho dúvidas de que você conhece todas essas empresas líderes de mercado, e assim fica mais tangível investir em suas ações.

Ibovespa Mercados Ações
“O investidor iniciante tem que aprender que na Bolsa, na maioria das vezes, precisará ter paciência de monge para uma eventual recuperação do prejuízo”, afirma o colunista (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Outro ponto fundamental para quem quer ser bem-sucedido como investidor de ações a longo prazo é saber distinguir especulação de investimento.

Especuladores estão sempre obcecados em prever o futuro dos preços das ações para vendê-las a um preço maior no curto prazo. Bolsa não é um jogo de apostas. Você não deve ser torcedor de uma ação.

Investir é querer ser sócio daquela companhia. E quando você entra em uma sociedade, certamente irá analisá-la detalhadamente para obter todas as informações possíveis para ficar mais seguro e convicto de que está fazendo um movimento certeiro.

Um conselho: esqueça o imediatismo. Queremos tudo para ontem e nos tornarmos ricos o mais rápido possível, mas o mercado de renda variável não funciona assim.

Como já falei aqui antes, a Bolsa não é uma corrida de 100 metros. É uma maratona na qual você terá altos e baixos, mas se estiver bem preparado, chegará no final dos 42 km com sucesso e a sensação de dever cumprido — ganhar dinheiro.

Para finalizar a seção de dicas, lamento te dizer, mas você não vai ficar rico investindo em única ação. A maioria dos investidores pessoas físicas querem a dica infalível ou aquela barganha sensacional. Não é por aí.

Construa um portfólio de ações com 20 ativos em média que seja bem diversificado setorialmente e equilibrado entre diferentes perfis. Tenha posições que se beneficiem de um dólar mais forte (commodities e exportadoras); algumas que entreguem um ótimo dividend yield (mais de 5%); e outras que capturem diretamente uma retomada econômica vigorosa. O retorno a longo prazo dessa carteira é que vai fazer o seu patrimônio crescer.

Por este caminho, você diluirá seus riscos e maximizará seus ganhos. Erros vão acontecer na sua vida como investidor. O importante é que os acertos sejam maiores que os erros.

Sobreviva no mercado, não saia do jogo. Assim, pode ter certeza de que você terá um futuro promissor na Bolsa.

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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