Colunista Empiricus

Chama o Max: Pense no que pode ser grande no futuro

19 mar 2021, 13:29 - atualizado em 19 mar 2021, 13:29
“Em que você acredita que pode ser muito mais importante daqui a 20 anos?” diz o colunista

Esta semana vi uma reportagem que me fez refletir sobre ousadia, coragem e visão de futuro.

Em 1999, Jeff Bezos, fundador da gigante Amazon, foi entrevistado pelo programa americano de jornalismo “60 minutes”.

O título da matéria era “O nerd da Amazon” e visava mostrar qual era a razão do sucesso daquela até então varejista online de livros e CDs, cujas ações haviam se valorizado mais de 1.000% em 1998, com seu valor de mercado saindo de US$ 1,5 bilhão para US$ 20 bilhões.

O repórter visitou a sede da companhia (um pequeno e humilde escritório na cidade de Seattle) e o seu centro de distribuição já com um porte bem considerável. Por várias vezes, o repórter parecia caçoar de Bezos, duvidando como aquele “nerd” poderia estar desenvolvendo tudo aquilo e tendo sucesso com seu negócio.

Naquela época, Bezos já mostrava que estava à frente de seu tempo. Na matéria, ele explica como os algoritmos desenvolvidos por ele e sua equipe eram utilizados para sugerir livros e CDs para as pessoas de acordo com a análise do perfil e de características similares com outros clientes. Bezos já fazia em 1999 o que o Facebook e o Instagram têm hoje como ferramenta para alavancar vendas pelas suas plataformas.

Ao ser questionado do porquê de sua sede ser tão simples e seu escritório não ter nenhum luxo, Bezos falou: “Nosso foco é a satisfação do cliente.

Precisamos ter sortimento e entregar rapidamente nas casas dos clientes em todos os lugares do mundo. Não precisamos de um escritório requintado”.

Na parte final da reportagem, algo surpreendeu o entrevistador. Surpreso com tudo que Bezos lhe apresentou, o repórter foi entrevistar um analista do mercado financeiro para entender melhor porque uma empresa que gerava prejuízo de mais de US$ 100 milhões na época poderia ter se valorizado mais de 1.000% no ano anterior.

O analista respondeu: a empresa está investindo para colher os frutos no futuro, não é hora de dar lucro hoje.

Insatisfeito com a resposta, o repórter pergunta: “Você não acha estranho o valor de mercado da Amazon ser 20% superior ao valor de mercado da Sears [até então uma das maiores varejistas americanas]”. O analista foi curto e direto: “Os investidores estão focando no futuro e a Amazon tem um potencial de crescimento nos próximos anos que a Sears não tem”.

Cortamos para os dias de hoje, 22 anos depois. O analista de mercado estava certo e, se seguiu o que pregava, deve estar milionário; a Amazon vale US$ 1,5 trilhão e gerou US$ 21 bilhões de lucro em 2020; Jeff Bezos é o homem mais rico do mundo e a gigante Sears pediu falência anos atrás. Que dor de cotovelo, hein, meu amigo repórter?

Paro e reflito: qual a principal lição que tiramos disso tudo?

A importância de se investir no futuro.

Em 1999, o investidor sabia que a Amazon seria o que é hoje? Claro que não. Nem Bezos imaginava aonde ele chegou.

Mas há 20 anos já podíamos ver que a Amazon era diferente das demais empresas do varejo: o foco total no cliente, o uso de tecnologia para ser mais assertivo nas vendas, uma estrutura operacional enxuta e eficiente e uma logística diferenciada.

Podia não dar certo, mas não valia investir um pouquinho naquele negócio tão diferente?

Como investidores, nós não precisamos ser visionários e brilhantes como Jeff Bezos, Bill Gates ou o saudoso Steve Jobs. Mas podemos ser sócios deles em suas empreitadas que podem crescer bastante no futuro.

Aí eu te pergunto: em que você investe hoje, acreditando que este investimento possa multiplicar o seu capital nas próximas décadas?

Em que você acredita que pode ser muito mais importante daqui a 20 anos?

Você pode responder: aposto nas companhias de tecnologia, pois têm grande poder disruptivo.

Concordo. Acho interessante ter uma parte da sua carteira de renda variável em ações techs com perfis distintos, que estejam inseridos em mercados de grande crescimento e que essas empresas tenham diferenciais competitivos para ganhar market share.

Mas eu iria mais longe no meu pensamento. Eu apostaria em investimentos alternativos.

“No início do ano passado, decidi que investiria parte do meu patrimônio (até 5%) em investimentos alternativos”, afima (Imagem: Pixabay/AliceInDreamland)

Explico.

Chamo de ativos alternativos opções de investimento hoje que não têm tanta expressão, mas que podem ser destaques nos próximos anos. Investimentos que hoje são difíceis de se compreender, mas que há neles uma pitada de sucesso na qual eu gostaria de apostar.

Estou falando de ativos como canabidiol, criptomoedas, créditos de carbono e urânio. No início do ano passado, decidi que investiria parte do meu patrimônio (até 5%) em investimentos alternativos.

Meu pensamento é: se der certo, vai multiplicar significativamente meu capital. Não serão valorizações de 100-200%; serão altas de 5-6 dígitos em anos. Uma grande tacada! Se der errado, perco esse capital sem comprometer parte importante do meu patrimônio. Vou sobreviver.

Sei que não quer dizer nada, mas de lá para cá (12 meses), este combo alternativo vem sendo o grande sucesso da minha carteira de investimentos.

Investir neles é acreditar que esses ativos serão peças importantes de uma engrenagem no futuro.

Pare e pense. Teremos um mundo cada vez mais tecnológico e tudo leva a crer que as transações financeiras serão mais rápidas e digitais; que o canabidiol pode ter ampla aceitação no mundo como substância medicinal; que teremos que cuidar melhor do nosso planeta, reduzindo a emissão de carbono na atmosfera; e que teremos que buscar fontes de energia para tecnologias de ponta e carros elétricos.

E aí, não vale colocar um pezinho nisso?

O que não pode é ficar de fora e com dor de cotovelo amanhã como o repórter que certamente não acreditou que a Amazon seria o que é hoje.

Pense no futuro e tenha uma parte pequena do seu patrimônio no que você acredita que pode ser grande lá na frente.

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
Twitter YouTube
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
Twitter YouTube
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.