Empresas

China barra chips da Micron em escalada de tensão com EUA

22 maio 2023, 12:04 - atualizado em 22 maio 2023, 12:04
Chips
(Imagem: REUTERS/Florence Lo)

A China disparou mais uma salva na guerra de semicondutores com os EUA, em um anúncio de que os produtos da Micron Technology não passaram em uma revisão de segurança cibernética no país.

Em comunicado no domingo, o governo de Pequim alertou operadores de infraestrutura crítica a não comprar produtos da empresa, pois teria encontrado riscos de segurança cibernética “relativamente sérios” nos componentes da Micron vendidos no país.

Os componentes causaram “riscos de segurança significativos para nossa cadeia de suprimentos de infraestrutura crítica de informação”, o que afetaria a segurança nacional, de acordo com a declaração da Administração do Ciberespaço da China, ou CAC.

  • Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!

Os resultados surgem mais de um mês depois de a China ter anunciado uma investigação sobre as importações da maior fabricante de chips de memória dos EUA. O setor de tecnologia tornou-se um importante campo de batalha sobre a segurança nacional entre as duas maiores economias. O governo de Washington já colocou empresas de tecnologia chinesas em sua lista de sanções, o que interrompeu o fluxo de processadores sofisticados, além de proibir cidadãos americanos de fornecer certa ajuda à indústria chinesa de chips. Em comunicado, o Departamento de Comércio dos EUA disse que a conclusão do governo de Pequim “não tem base de fato” e que o governo de Washington vai continuar a tentar limitar problemas no setor com seus aliados.

As ações das maiores rivais da Micron no setor, Samsung Electronics e SK Hynix, subiram em Seul. Os papéis de empresas do segmento de chips na China, entre elas as líderes do setor Semiconductor Manufacturing International e Hua Hong Semiconductor, avançaram mais de 3% em Hong Kong.

“Essa decisão da CAC não deve ser entendida como nada além de retaliação aos controles de exportação de semicondutores dos EUA”, disse Holden Triplett, fundador da Trenchcoat Advisors e ex-funcionário da contraespionagem do FBI em Pequim. “Nenhuma empresa estrangeira operando na China deve ser enganada por esse subterfúgio. São ações políticas puras e simples, e qualquer empresa pode ser a próxima a servir como exemplo.”

A medida traz novas incertezas para outros fabricantes de chips dos EUA que vendem para a China, o maior mercado mundial de semicondutores. Empresas como Qualcomm, Broadcom e Intel exportam bilhões de chips para o país, que instala os componentes em produtos eletrônicos que são enviados para todo o mundo.

No domingo, no final da cúpula do Grupo dos Sete no Japão, o presidente dos EUA, Joe Biden, mostrou otimismo em torno da relação com a China. Biden disse que sua expectativa é de que os laços entre os dois países comecem a “descongelar muito em breve”.

A agência cibernética chinesa disse no comunicado no domingo que, embora o país receba produtos e serviços fornecidos por empresas de todos os países, desde que cumpram suas leis e regulamentos, a investigação dos produtos da Micron é uma “medida necessária” para salvaguardar a segurança nacional. O regulador não detalhou quais eram os riscos de segurança ou identificou produtos específicos da Micron que agora estão barrados.

A Micron, que havia destacado anteriormente a segurança de seus produtos e compromissos com os clientes, disse em comunicado no domingo que atualmente avalia a conclusão da revisão. A empresa estuda seus próximos passos, acrescentando que espera “continuar a se envolver em discussões com as autoridades chinesas”.

Analistas da Jefferies, entre eles Edison Lee, disseram em relatório que a decisão da CAC deve ter pouco impacto na Micron, porque se concentra na “infraestrutura crítica de informação”, ou CII na sigla em inglês, operações como data centers e serviços de computação em nuvem com riscos de segurança. A maioria dos chips de memória da Micron vendidos na China é, na verdade, usada em eletrônicos de consumo, como smartphones e notebooks, disseram.

“Acreditamos que essa proibição é estritamente focada, pois se aplica apenas a operadores de CII”, escreveram. “Portanto, o impacto final na Micron será bastante limitado.”

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.