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China: fim do “inverno de bitcoin” dá margem para pedidos de IPO

12 nov 2019, 16:15 - atualizado em 30 maio 2020, 16:21
Duas grandes mineradoras de bitcoin na China, Bitmain e Canaan, querem capitalizar ao levar as empresas a público (Imagem: Facebook/Bitmain)

O segundo trimestre de 2019 marcou o fim do “inverno de cripto” e viu o bitcoin subir em 300%, de US$ 4 mil em abril para além de US$ 12 mil até o fim de junho. Após um difícil ano, o bitcoin finalmente tinha voltado.

Enquanto isso, as autoridades chinesas retiraram a mineração de bitcoin da lista de indústrias a serem banidas em Pequim. O New York Times informou que em abril, mineração de criptoativos apareceram em uma lista de indústria que não seriam beneficiadas nem subsidiadas pelos governos locais.

Mas em uma lista final, publicada na última quarta-feira, 6, a mineração foi removida, implicando que mineradores podem continuar a utilizar a energia elétrica barata da China para alimentar suas fazendas;

Agora, duas gigantes mineradoras de bitcoin, Bitmain e Canaan, querem capitalizar e levar as empresas a público.

Bitmain fez o pedido de sua IPO à CVM americana (Imagem: South China Morning Post)

Bitmain quer abrir capital nos Estados Unidos

Bitmain, a principal fabricante de hardware de mineração de criptomoedas e operadora de pools de mineração, pediu uma IPO (oferta pública inicial) à SEC, de acordo com a Tencent News. Dizem que o Deutsche Bank é o patrocinador da IPO.

Empresa de Pequim, Bitmain planeja levantar de US$ 300 a US$ 500 milhões com sua venda de ações nos Estados Unidos, que é uma quantidade relativamente baixa do que a previsão de valorações de US$ 3 bilhões para a primeira tentativa da empresa de vir à público na Bolsa de Valores de Hong Kong (HKEX).

Bitmain está tentando vir a público apesar do drama das salas de reunião que vêm acontecendo.

Micree Zhan, cofundador e diretor executivo, foi expulso inesperadamente da empresa no fim de outubro, por conta de um e-mail vazado enviado pelo cofundador e presidente da diretoria, Jihan Wu.

Zhan respondeu uma semana depois, afirmando que foi expulso sem consentimento e que ele tomaria as devidas medidas legais para conseguir novamente o controle da empresa se necessário.

Como a empresa conseguiu demitir Zhan ainda é incerto, porque ele é o maior acionista da Bitmain. Uma batalha jurídica poderia acontecer caso os cofundadores não consigam chegar a um acordo.

A Bitmain renovou suas ambições de IPO após o lançamento mais recente da Antminer 17, nova série de hardwares de mineração, e da instalação de mineração nos Estados Unidos.

No dia 9 de outubro, Jihan Wu anunciou o novo Antminer S17+ e T17+ na World Digital Mining Summit (WDMS) em Frankfurt.

Assim como todas as iterações das máquinas de mineração da Bitmain, os novos mineradores de ASICs (circuitos integrados de aplicação específica) estão repletos de melhorias para impulsionar a taxa de hash e a eficácia de mineração.

Duas semanas depois, Bitmain anunciou que construiu uma fazenda de mineração de 50 megawatts em Rockdale, Texas, com o intuito de expandi-la para 300 megawatts.

Isso tornaria a Bitmain na maior empresa de mineração de criptoativos do mundo, de acordo com um comunicado de imprensa.

Agora, enquanto o mercado de criptoativos está relativamente estável e o impulso está positivo, é possível que a IPO da Bitmain vai sofrer bastante se a confusão não for resolvida entre os chefões.

A também chinesa Canaan fez o pedido de sua IPO nos Estados Unidos (Imagem: Facebook/Cannan Inc.)

Canaan, adversária da Bitmain, também fez o pedido de uma IPO nos Estados Unidos

Canaan Creative, de Pequim, é outra fabricante mineradora e, sem dúvidas, a maior adversária da Bitmain. De acordo com a Bloomberg, Canaan fez o pedido de uma IPO com a intenção de levantar US$ 400 milhões (essa quantia pode ser utilizada).

Curiosamente, assim como a Bitmain, a Canaan também tentou listar suas ações na HKEX, mas não teve sucesso.

Na época, a empresa planejava levantar US$ 1 bilhão, mas os reguladores e a Bolsa consideraram as IPOs da empresa muito “prematuras”, de acordo com os noticiários locais.

Canaan também falhou em listar suas ações na China, em uma tentativa anterior de vir a público.

Hoje, o cenário parece bem melhor para a Canaan. Em um pedido de IPO atualizado, a empresa relatou, no terceiro trimestre de 2019, lucro de US$ 13 milhões e receita de US$ 95 milhões, que representa um crescimento anual de 40% para o trimestre.

Nos primeiros trimestres de 2019, Canaan gerou US$ 132 milhões em receita e declarou perda de US$ 31,2 milhões por conta de perdas no primeiro semestre de 2019.

A IPO da Canaan está sendo comandada pela Credit Suisse, Citigroup, China Renaissance e CMB International Capital. A empresa planeja listar suas ações na Nasdaq de Nova York. O ticker das ações da Canaan será “CAN”.

A previsão é de que, após o sucesso das IPOs de ambas as empresas, 2020 terá uma nova onda, assim como a de 2017, com as ICOs (Imagem: Pixabay)

Teremos uma onda de IPOs de bitcoin em 2020?

Se a Bitmain e a Canaan conseguirem ter sucesso em suas IPOs nos Estados Unidos, será interessante ver se outras grandes empresas de bitcoin seguirão a moda.

De acordo com um relatório da Hurun, empresa de pesquisas, existem onze “unicórnios” de startups de blockchain, incluindo a Binance, Coinbase e Ripple. Caso o preço do bitcoin continue em alta no próximo ano, as empresas terão a oportunidade perfeita para levantar capital nos mercados de ações, caso não haja uma correção de mercado em ações.

Enquanto existem algumas empresas de criptoativos negociados publicamente, como a HIVE Blockchain Technologies e a Northern Bitcoin, ainda iremos presenciar ações de “unicórnios” de bitcoin listadas na Bolsa de Valores.

A maior indústria de empreendimentos em blockchain apoiada por capital pode ter a oportunidade de lucrar via ofertas de ações públicas no próximo ano, caso surjam as condições adequadas de mercado.

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