Coluna Robert Lawrence Kuhn

China busca novas forças produtivas; entenda como

18 mar 2024, 15:47 - atualizado em 18 mar 2024, 15:47
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O grande objetivo da China é o “rejuvenescimento da nação chinesa” até meados deste século. (Foto: glaborde7/ Pixabay)

As “novas forças produtivas” foram o principal assunto durante a reunião anual de política na China, conhecida como as Duas Sessões e ocorrida em Pequim. A partir de agora, é esse termo que deve conduzir as decisões econômicas, tanto do governo central quanto ao nível local.

Portanto, é isso o que deve estar na mente das pessoas, interna e externamente. Mas como as “novas forças produtivas” se enquadram no modelo de crescimento econômico chinês no futuro?

Primeiro, é preciso entender que essa nova fase busca valorizar a qualidade em detrimento da quantidade.

O grande objetivo da China é o “rejuvenescimento da nação chinesa”, que será alcançado através da “modernização ao estilo chinês”, até meados deste século. Na prática, então, o desenvolvimento de alta qualidade será movido por essas novas forças produtivas.

O destaque fica com o lançamento da “iniciativa AI Plus” para aprimorar a pesquisa tecnológica disruptiva e de ponta, chamando a atenção para a Inteligência Artificial (AI), a tecnologia quântica e as ciências da vida.

Apresentado pelo primeiro-ministro Li Qiang na sessão de abertura da Assembleia Popular Nacional, com o Presidente Xi Jinping presente, o Relatório de Trabalho evidenciou as preocupações do governo chinês, priorizando soluções. As metas principais previstas para 2024 começam com o crescimento do PIB em “cerca de 5%”, o que ganhou as manchetes mundiais.

Até aqui, os êxitos alcançados em 2023 incluem:

  • a criação de mais de 12 milhões de empregos em áreas urbanas;
  • a instalação de mais da metade da capacidade de geração de energia renovável do mundo;
  • as vendas de novos veículos de energia, representando mais de 60% do total mundial;
  • a taxa de penetração do 5G chegando a 50% no país;
  • a urbanização subindo a 66,2%;
  • e o rendimento disponível por residentes urbanos aumentando 6,1% e o dos residentes rurais em áreas atingidas pela pobreza crescendo 8,4%.

Inovação e tecnologia na China

Nas palavras do presidente chinês Xi Jinping: “desenvolver novas forças produtivas é um requisito intrínseco e um foco importante na promoção do desenvolvimento de alta qualidade, e é necessário continuar a aproveitar a inovação e a tecnologia”.

Inovação e tecnologia são, portanto, o motor essencial das novas forças produtivas. Ambas significam produtividade avançada, livre dos modelos tradicionais de crescimento econômico. Possuir alta tecnologia, alta eficiência e alta qualidade está alinhada à nova filosofia de desenvolvimento do país.

São essas iniciativas que estão em andamento. A participação de indústrias estratégicas emergentes – como as novas energias, indústria de equipamentos de ponta e a biotecnologia – no Produto Interno Bruto (PIB) da China aumentou para mais de 13% em 2022, de 7,6% em 2014. Para 2025, a meta é superar a marca de 17%.

O avanço da revolução energética para as energias renováveis continua refletindo o esforço da China na transição para uma economia de desenvolvimento sustentável.

Durante reunião com a delegação da província de Jiangsu, Xi disse que “é necessário compreender firmemente o desenvolvimento de alta qualidade como tarefa principal e desenvolver novas forças produtivas de qualidade de acordo com as condições locais”.

No entanto, o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade não significa negligenciar ou abandonar as indústrias tradicionais, nem se precipitar e criar bolhas ou tampouco adotar uma abordagem de tamanho único.

O ponto geral é que a inovação científica e tecnológica não só aumenta a competitividade das indústrias tradicionais da China, mas também injeta impulso em novas indústrias produtivas de qualidade.

Assim, a ascensão dessas novas forças produtivas sinaliza uma mudança transformadora no cenário econômico da China, substituindo o antigo motor de crescimento por outros mais dinâmicos e permitindo um desenvolvimento sustentável da economia.

A implementação das novas forças produtivas exige avanços contínuos em ciência e tecnologia, que introduzem tecnologias disruptivas, alimentam indústrias emergentes, melhoram as cadeias industriais e aceleram o processo de transição verdes.

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Igualmente importante é aprofundar o processo de reforma e abertura, especialmente modernizando a gestão científica e tecnológica, removendo os gargalos e capacitando a atividade através de informações inteligentes.

A aceleração de novas forças produtivas depende de um setor privado vigoroso, que em todos os países geram mais inovações, mas que, nos últimos anos na China, foi atingido por regulamentações rígidas, além de condições adversas, como o impacto da pandemia e o ambiente externo complexo.

Entenda que se vê por aí

O Congresso Nacional do Povo discutiu conjuntamente medidas para promover a economia privada, garantindo igualdade de tratamento com as empresas estatais no que diz respeito ao acesso a financiamento, recursos e contratos governamentais.

Ao mesmo tempo, Pequim irá fornecer recursos para várias cidades chinesas para financiar grandes obras públicas com a participação do setor privado.

Mas existem desafios a serem superados:

  • a persistente incerteza pós-Covid;
  • o enorme endividamento dos governos locais;
  • o declínio e a volatilidade do mercado de ações;
  • o desemprego entre os jovens e a diminuição/envelhecimento da população, além das tensões internacionais.

Desse modo, as medidas revelam mais sobre a forma como a liderança chinesa está pensando. Esta é a melhor maneira de ver as coisas como a liderança chinesa as vê.

Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
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