Economia

Como a alta de juros nos EUA impacta a economia brasileira

15 jun 2022, 11:52 - atualizado em 15 jun 2022, 11:52
Renda Fixa
(Imagem: Mehaniq)

Hoje, o Federal Reserve vai divulgar a nova taxa de juros dos Estados Unidos. As apostas estão em um reajuste de 0,75 ponto percentual – até a semana passada, o mercado esperava uma alta mais moderada, de 0,5 pp, mas as projeções mudaram após a inflação americana registrar a maior taxa em 41 anos

Independentemente de quanto vai ser a alta, o Brasil precisa se preparar. Uma alta nos juros americanos se reflete em problemas econômicos por aqui. Acontece que, quando o Fed sobe os juros, oferece uma rentabilidade maior para os treasuries americanos, os papéis do Tesouro dos EUA. Com isso, os investidores fogem dos investimentos de risco e vão para os treasuries – o que leva a uma redução dos investidores em países emergentes, como o Brasil. 

Esse movimento ajuda a fortalecer o dólar, mas impacta na nossa inflação. Quando a moeda americana se valoriza, produtos que dependem de insumos importados ficam mais caros. Além disso, as indústrias e produtores vão aproveitar para exportar mais e ganhar com a alta do dólar. A questão é que rola uma escassez desses produtos que estão sendo exportados no mercado nacional. E o resultado é o aumento de preços (e mais alguns reajustes na Selic). 

O sócio e economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, estima que o Banco Central promoverá mais elevações na taxa básica de juros: uma de 0,5 pp nesta quarta-feira (15) e outra, também de 0,5 pp, em agosto. Com isso, a Selic chegaria a 13,75%.

Em abril, o Credit Suisse já tinha alertado sobre alta da inflação caso a taxa de juros americana suba no médio prazo. A projeção inicial era de um IPCA de 4,4% no final de 2023, para uma taxa americana de 3%. Agora, se essa taxa avançar para 4,5%, aí a inflação brasileira iria para 4,9%. Parece pouco, mas já está acima do centro da meta de 3,25%, estabelecida pelo Banco Central, e o limite superior de 4,75%.

Os reajustes de juros é uma das ferramentas que os bancos centrais usam para controlar a inflação. Como os EUA é a maior economia do mundo, uma freada na sua atividade econômica significa uma diminuição na demanda global. O problema é que os EUA é um dos países que mais importam do Brasil – fica atrás somente da China. Só no ano passado, foram US$ 31,1 bilhões em negócios e o fluxo cresceu 43% na comparação com 2020. 

Entre os principais produtos que são vendidos para o país do Tio Sam estão os semi acabados de ferro e aço (US$ 4,5 bilhões) e petróleo bruto (US$ 3,1 bilhões). Logo, as empresas do setor de commodities podem sofrer com uma queda na demanda do mercado americano. 

No entanto, o economista e fundador da plataforma de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch, destaca que o mais preocupante para o setor é a desaceleração econômica na Ásia. “O que preocupa mais é a China, porque é o nosso maior importador de commodities e já estamos vendo indicadores econômicos caindo por lá. Além disso, o período eleitoral traz um cenário de instabilidade ainda maior do que se fossem só os juros americanos.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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