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Como a mudança climática pode ameaçar o futuro das maçãs

08 jun 2021, 17:46 - atualizado em 08 jun 2021, 17:46
Maçã
Se uma safra de maçãs para sidra for perdida para o fogo bacteriano, levará dois anos antes que essas macieiras produzam novamente (Imagem: Unsplash/ @cenali)

Patrick e Sara McGuire cultivam maçãs desde que se casaram, há 25 anos. Seus 60 hectares em Ellsworth, no estado de Michigan – chamados de Royal Farms – possuem uma combinação de maçãs doces e variedades amargas adequadas para produzir sidra.

Na primavera passada, plantaram uma nova safra de Honeycrisps, uma das maçãs favoritas dos Estados Unidos, mas descobriram um visitante indesejado apenas algumas semanas depois: uma ameaça bacteriana conhecida como praga do fogo.

“Na verdade, removemos o equivalente a cerca de US$ 10 mil em árvores manualmente”, disse Patrick McGuire. “Pode ter sido 25% desse lote.”

O fogo bacteriano é um patógeno que se espalha facilmente durante a época da floração. Tem o potencial de matar não apenas macieiras individuais, mas pomares inteiros. Embora não seja um problema novo para produtores de maçãs, se expandiu já que a crise climática tem causado primaveras mais longas, mais quentes e mais chuvosas, que aumentam a janela para infectar os pomares.

A doença representa uma ameaça especial para produtores de sidra do suco de maçã. Terry Bradshaw, professor assistente de pesquisa da Universidade de Vermont, disse que estão sob risco porque as variedades europeias das quais dependem são bienais, o que as torna especialmente vulneráveis à praga do fogo. “[Eles produzirão] muitas frutas em um ano e poucas no outro”, disse Bradshaw.

Se uma safra de maçãs para sidra for perdida para o fogo bacteriano, levará dois anos antes que essas macieiras produzam novamente, disse. E, com um prazo total de 10 anos para o ciclo completo de produção das frutas, esse tipo de contratempo pode impedir que os produtores se mantenham à tona. “Há 25 anos, a praga do fogo era novidade, era rara”, disse Bradshaw. “Agora, a mudança climática é um problema, e a praga do fogo é um problema, e todo mundo pensa nisso todos os anos.”

Mas não são apenas as maçãs usadas na produção de sidra que estão em risco. Cada vez mais, todos os tipos de maçãs, bem como outras culturas de frutas, como peras, correm o risco de tais doenças provocadas pelo clima.

Nikki Rothwell, especialista do Northwest Michigan Horticulture Research Center da Universidade Estadual de Michigan [MSU], disse que a crise climática não é apenas problemática em termos da praga do fogo, mas também porque tem gerado mais pragas de insetos a cada ano.

“Se os produtores não conseguem mitigar o risco de alguma forma, a fruticultura não é um modelo ou negócio sustentável”, disse.

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