CryptoTimes

Como a Rússia pode usar criptomoedas para evadir as sanções internacionais

25 fev 2022, 10:39 - atualizado em 25 fev 2022, 10:39
Bandeira Rússia
Com novas sanções, é possível que a Rússia aumente o uso de criptomoedas para evadir as proibições (Imagem: Pixabay/Peggy_Marco)

Conforme noticiado pelo Decrypt, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, ontem (24), o país comandado por Vladimir Putin recebeu sua resposta internacional na forma de sanções abrangentes e rígidas.

A União Europeia impôs sanções que miravam os “interesses do Kremlin”, enquanto o presidente americano, Joe Biden, denunciou a invasão como um “ataque premeditado”, e comunicou uma série de sanções para bancos e empresas estatais russas.

Segundo o Decrypt, a Alemanha congelou a aprovação do projeto de gasoduto nomeado “Nord Stream 2”, que aumentaria o fluxo de gás vindo da Rússia à Europa. O Reino Unido também impôs “sanções punitivas” que irão “devastar a economia russa e terão como alvo o círculo interno de Vladimir Putin”.

Embora a comunidade internacional ainda não tenha aderido à solicitação do Reino Unido para remover a Rússia da rede internacional de pagamentos SWIFT, o bitcoin (BTC) e outras criptomoedas poderão dar a Vladimir Putin meios de evadir as sanções internacionais.

Segundo Caroline Malcolm, diretora de políticas internacionais da Chainalysis, “a Rússia pode usar as criptomoedas para evadir as sanções que estão sendo impostas após a invasão da Ucrânia”.

Porém, de acordo com o Decrypt, engana-se quem acredita que as criptomoedas darão um “passe livre” para o país de Vladimir Putin evadir as sanções.

“Assim como nas finanças tradicionais, o ecossistema cripto pode implementar medidas para identificar transações de entidades identificadas como sancionadas”, acrescentou Malcolm.

Criptomoedas comprometem as sanções dos EUA

No final de 2021, o Departamento do Tesouro americano emitiu um alerta, dizendo que as criptomoedas poderiam comprometer o regime de sanções dos Estados Unidos.

Segundo o relatório do Tesouro, “essas tecnologias dão oportunidades de agentes malignos reservarem e transferirem fundos fora do sistema financeiro. Elas [as tecnologias] também dão poder aos nossos adversários que buscam um novo sistema financeiro e de pagamento com a intenção de diminuir a função global do dólar”.

Um exemplo fornecido pelo Decrypt é a Coreia do Norte, a qual, supostamente, financiou parcialmente seus programas de mísseis nucleares e balísticos usando criptomoedas, de acordo com um informe dos Estados Unidos.

A ação gerou sanções de diversos países, incluindo Japão, Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Porém, a Coreia do Norte usou hackers para roubar US$ 400 milhões de criptomoedas de corretoras.

Ataques de ransomware

De acordo com o Decrypt, um dos principais meios pelo qual a Rússia pode usar cripto para desviar de sanções são os ataques de ransomware.

Um relatório da Chainalysis, que analisa blockchains, revelou que grupos e indivíduos com sede na Rússia são responsáveis por “uma parcela desproporcional” de crimes ligados a criptomoedas.

Dentro dos crimes com criptomoedas, estão os ataques de ransomware. Quanto a essa subcategoria, o relatório da Chainalysis mostrou que, em 2021, 74% da receita advinda desse tipo de ataque financiava fontes “muito prováveis de serem filiadas à Rússia”.

Mineração de bitcoin

Embora a Rússia já seja conhecida como agente em ataques de ransomware ligados a criptomoedas, outro setor da indústria cripto está recebendo a atenção de Vladimir Putin: a mineração de bitcoin.

Segundo o Decrypt, no início de 2022, Putin disse que a Rússia tem “vantagens competitivas” na mineração de bitcoin, devido ao “excedente energético e pessoal bem treinado”.

Will Foxley, da Compass Mining, informou ao Decrypt que “a maior parte da mineração de bitcoin da Rússia é alimentada por gás natural ou energia hidrelétrica vindos da Sibéria”.

“É pouco provável que o poder de hashes fique off-line, a menos que as sanções influenciem os fornecedores de pools [de mineração]”, acrescentou Foxley.

Até o momento, não se sabe se o governo da Rússia já comprou bitcoin, mas sabe-se que Putin tem analisado a criptomoeda como forma de desviar de sanções desde 2019.

O que pode ser feito?

De acordo com o Decrypt, existem meios para combater o uso de criptomoedas para evadir sanções.
Caroline Malcolm afirmou que os Estados Unidos e outros governos que impuseram sanções à Rússia podem investir em análises de blockchains “para se posicionarem à frente das tentativas russas” de evadir as sanções.

Segundo Malcolm, “a transparência do blockchain combinada com essas ferramentas pode ser uma estratégia poderosa para garantir que as sanções permaneçam um impedimento válido”.

Além disso, o Departamento do Tesouro dos EUA fez duas recomendações, em seu relatório, para garantir que as sanções do governo acompanhem as criptomoedas.

Um deles é o “aproveitamento de recursos já existentes de alcance e engajamento por meio da comunicação aprimorada com instituições financeiras, aliados, indústria, mídia, bem como os novos constituintes, particularmente o espaço dos ativos digitais”, aponta o relatório.

O segundo é “o aprofundamento de conhecimento e capacidades no espaço de serviços e ativos digitais para apoiar todo o ciclo das sanções completas”.

Repórter
Graduada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade de São Paulo (USP). Iniciou sua carreira como estagiária de revisão na Editora Ática, local em que atuou depois como revisora freelancer. Já trabalhou para o The Walt Disney World, nos Estados Unidos, em um programa de intercâmbio de estágio, experiência que reforçou sua paixão pela língua inglesa e pela tradução. Estagiou na Edusp, e integra, há um ano, a equipe do Money Times como repórter-tradutora de notícias ligadas a criptomoedas.
Linkedin
Graduada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade de São Paulo (USP). Iniciou sua carreira como estagiária de revisão na Editora Ática, local em que atuou depois como revisora freelancer. Já trabalhou para o The Walt Disney World, nos Estados Unidos, em um programa de intercâmbio de estágio, experiência que reforçou sua paixão pela língua inglesa e pela tradução. Estagiou na Edusp, e integra, há um ano, a equipe do Money Times como repórter-tradutora de notícias ligadas a criptomoedas.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.