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Odebrecht atrasa processo para reestruturar dívida

02 abr 2020, 16:00 - atualizado em 02 abr 2020, 16:15
O atraso ocorreu, em parte, porque as partes envolvidas tiveram de se ajustar às regras do trabalho em casa adotadas em resposta ao aumento de contaminações pelo coronavírus (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A maior reestruturação de dívida da América Latina tropeça em meio a restrições impostas para conter o coronavírus.

A unidade de construção da Odebrecht SA, que está tentando uma recuperação extrajudicial de uma dívida de US$ 3 bilhões com pagamentos em atraso, adiou o processo de busca de apoio dos detentores de títulos a um plano de reestruturação, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

O atraso ocorreu, em parte, porque as partes envolvidas tiveram de se ajustar às regras do trabalho em casa adotadas em resposta ao aumento de contaminações pelo coronavírus, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as conversas são privadas.

Os investidores, muitos dos quais estão em Nova York, seriam mais difíceis de achar neste momento, disseram as pessoas, acrescentando que o plano é tentar iniciar o processo em cerca de 30 dias.

A Odebrecht holding, que entrou com pedido de recuperação judicial em junho, está tentando aprovar seu próprio plano para reestruturar R$ 98 bilhões em uma das primeiras assembleias virtuais de credores da história, de acordo com Eduardo Munhoz, advogado que assessora a Odebrecht.

Em 23 de março, um juiz autorizou o voto dos credores usando uma ferramenta virtual para que as partes envolvidas não precisassem se reunir de forma presencial.

Na primeira reunião on-line, em 31 de março, a empresa propôs marcar a votação do plano para 14 de abril. Os credores representando 13 das 20 empresas envolvidas aprovaram, enquanto de sete outras votaram a data de 22 de abril. Um juiz decidirá sobre uma data.

Ambas as empresas enfrentam condições favoráveis ​​para aprovação dos seus planos, disseram as pessoas.

A holding já conta com o apoio dos maiores credores, segundo as fontes. O plano, que inclui vender unidades para pagar dívidas e emitir debêntures com participação nos lucros da empresa, ainda é contestado por alguns credores que estão tentando bloqueá-lo por meio de liminares judiciais.

Já a construtora, chamada de Odebrecht Engenharia e Construção SA, conta com o apoio de detentores de mais de 50% de seus títulos, disseram as pessoas.

É necessário fazer um processo de solicitação para atingir os 60% que são requeridos pela lei para que o acordo com um grupo de investidores liderado pela Gramercy Funds Management possa valer para todos os credores.

O acordo exige que os títulos existentes sejam cancelados em troca de novas notas e o uso de dividendos para pagar dívidas.

Representantes da holding e da unidade de construção não quiseram comentar.

A Odebrecht SA, que pediu recuperação judicial após o escândalo de corrupção, disse que a dívida da unidade de construção não faz parte de processo na corte.

A unidade de construção está sendo assessorada pela Moelis & Co., enquanto o consultor da holding é a RK Partners. A Rothschild & Co. está assessorando os detentores de títulos da construtora.

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