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Construtoras fecham 2022 com mensagem positiva para umas e preocupante para outras

21 mar 2023, 15:59 - atualizado em 21 mar 2023, 16:12
construtora Tenda
Principais construtoras listadas na B3 divulgaram os últimos números de 2022 que preocupam alguns e trazem alívio para outros (Foto: Tenda/Divulgação)

As principais construtoras listadas na Bolsa brasileira divulgaram seus resultados do quarto trimestre e o consolidado de 2022 nos últimos dias. As empresas de construção civil reportaram mais um trimestre desafiador, como o esperado.

Em meio às eleições de outubro e a realização da Copa do Mundo de futebol no fim do ano, algumas dessas empresas viram seus lançamentos e vendas caírem e, consequentemente, com impactos nos lucros e nas receitas.

Em contrapartida, considerando os resultados dos trimestres anteriores, outras viram o endividamento e a alavancagem avançarem.

Segundo os analistas, o destaque do último trimestre do ano passado ficou com as construtoras que atuam no segmento de baixa de renda, enquanto as de média se viram em um cenário mais delicado.

Veja abaixo, uma análise sobre os números no quarto trimestre e em 2022 das principais construtoras.

MRV tem ‘trimestre para esquecer’

A MRV (MRVE3) registrou um prejuízo líquido de R$ 322 milhões entre outubro e dezembro e viu a sua dívida líquida avançar no ano passado. Com isso, a grande preocupação do mercado ainda é com a alavancagem da construtora mineira.

“Ela teve um trimestre para esquecer”, comentou o head de real estate da XP, Ygor Altero, destacando que a empresa apresentou resultados fracos impactados, principalmente, pelo prejuízo de R$ 333 milhões.

A MRV&Co fechou dezembro com prejuízo, queda na receita e aumento da dívida líquida. Um quarto trimestre fraco, mas “amplamente esperado”, segundo analistas do Santander.

Entretanto, eles comentaram que “uma recuperação leva tempo” e a companhia disse aos investidores no mês passado que já atua para reduzir a alavancagem, ao menos.

A construtora Tenda (TEND3) tem reportado sucessivos prejuízos. Entretanto, ela reduziu o déficit nos últimos três meses de 2022 e, para os analistas de real estate do Itaú BBA, o destaque da empresa de construção civil foi o consumo de caixa controlado, inferior ao forte consumo nos trimestres anteriores.

A equipe do BTG Pactual que acompanha o setor reforça que a construtora mineira continua “muito alavancada” e essa é a maior preocupação em relação à tese de investimentos na companhia.

Contudo, eles destacam a boa recuperação do fluxo de caixa operacional no quarto trimestre, apontando que a Tenda está recuperando a lucratividade.

A Tenda está otimista em 2023, mirando o retorno do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.

Além disso, a Tenda entrou no “Pode entrar“, programa habitacional da prefeitura de São Paulo, “o que poderá ser um divisor de águas para a empresa”, diz a equipe do BTG.

Plano&Plano é destaque de baixa renda

A Plano&Plano (PLPL3) foi o destaque do trimestre entre as construtoras do segmento de baixa renda, segundo Altero, da XP. Isso porque a empresa combinou forte crescimento no lucro líquido e melhora significativa na margem bruta.

Para o analista, a empresa de construção civil mostrou custos sob controle e eficácia no repasse de inflação na carteira de recebíveis.

O lucro líquido da Plano&Plano disparou no quarto trimestre para R$ 58 milhões. Foi mais do que o dobro do registrado um ano antes.

Além disso, a receita líquida acelerou 46,3% na base anual, refletindo o desempenho recorde de vendas líquidas no período.

Direcional tem ano recorde

Destaque entre as construtoras de baixa renda e uma das favoritas de analistas, a Direcional (DIRR3) exibiu desaceleração nas vendas no quarto trimestre. Porém, fechou o ano com números recordes.

Entretanto, a margem bruta “surpreendeu positivamente”,  acima das estimativas, diz o analista da XP. Em contrapartida, na comparação com outras construtoras do mesmo segmento, a Direcional reportou queda na alavancagem, auxiliada uma forte geração de caixa.

O analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, avalia que “olhando para frente”, o destaque do segmento seguirá sendo a Direcional. Isso porque também contará com incentivos do Minha Casa, Minha Vida.

Cury forte trimestre após trimestre

A construtora e incorporadora Cury (CURY3) segue entre as preferidas do setor para os analistas. A margem bruta da companhia ficou acima do esperado de outubro a dezembro e, para os analistas da Genial Investimentos, o resultado em 2022 foi “muito positivo”. Portanto, a empresa de construção civil teve “um ano excepcional”, disseram.

No entanto, a companhia foi na contramão do mercado e lançou a maioria de seus projetos até o terceiro trimestre de 2022. Isso para evitar os impactos das eleições e da Copa, o que parece ter dado certo, já que a Cury tem apresentado resultados fortes trimestres após trimestre, segundo a equipe da Genial.

Os analistas do Santander ressaltam a disciplina da construtora com controles de custos e aumentos contínuos de preços, além de gerar caixa forte nos últimos meses do ano passado.

Eztec acende sinal de alerta

Analistas comentaram que os resultados da Eztec (EZTC3) acenderam um sinal de alerta para as construtoras do segmento de média-alta renda. Ygor Altero, da XP, vê os números das empresas setor como ruins e com a Eztec não foi diferente.

“Os números da Eztec foram majoritariamente negativos no trimestre, com a queda da margem bruta impulsionada por custos sob pressão e novos projetos exibindo as margens mais baixas de lançamentos desde 2019”, comenta.

Segundo ele, a expectativa é de cenário desafiador para o segmento de renda média, com base em taxas de juros imobiliárias mais altas, piora na acessibilidade ao crédito e menor confiança das famílias.

A Eztec ainda reportou consumo de caixa de R$ 146 milhões no quarto trimestre. No entanto, a equipe do Itaú BBA espera que a empresa continue consumindo caixa ao longo de 2023.

Cyrela: abaixo do esperado, mas preparada para 2023

A Cyrela (CYRE3) é a construtora de alta renda sempre vista com resiliência em meio aos desafios econômicos. Com isso, é a favorita do mercado no segmento.

Todavia, registrou números abaixo do esperado de outubro a dezembro. Apesar disso, apresentou resultados que reforçaram seu bom desempenho em 2022.

O analista de real estate da Empiricus, Caio Nabuco de Araujo, diz que a companhia teve um trimestre satisfatório diante do contexto apresentado para o setor de média e alta renda, superando com boa vantagem seus pares.

Ainda, diz Araujo, a construtora e incorporadora se mostra preparada para enfrentar 2023. “Com baixo endividamento e um princípio de recuperação de margens”, observa.

Entretanto, Altero, da XP, diz que a empresa exibiu uma redução na margem bruta.

JHSF com números abaixo do esperado

A forte queda das ações da JHSF (JHSF3) nos últimos dias mostram um mercado preocupado com a empresa de construção civil.

Os resultados da empresa ficaram abaixo do esperado por analistas, como a receita líquida, segundo o BTG Pactual, um reflexo da desaceleração nas vendas do segmento de incorporação pela companhia.

Além disso, a JHSF consumiu caixa de R$ 206 milhões de outubro a dezembro devido, principalmente, aos investimentos na expansão de projetos de shoppings, que somou R$ 105 milhões.

Para os analistas do Santander, a empresa teve um lucro líquido de “apenas” R$ 9,6 milhões no quarto trimestre.

Além disso, o progresso limitado na construção de empreendimentos lançados recentemente resultaram em uma queda significativa da margem bruta consolidada.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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