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De olho no boi: Quando a virada no ciclo pecuário deve se confirmar e o que esperar para as exportações do Brasil?

12 jan 2024, 16:55 - atualizado em 12 jan 2024, 16:55
boi gordo exportações
Abertura de mercados para Japão e Coreia do Sul, em um momento ruim para o gado americano, deve beneficiar nossas exportações (Foto: Money Times)

O mercado do boi gordo conta com recuo de 0,54% ao longo da parcial de janeiro, com o indicador Cepea/Esalq em R$ 250,95, já que o mês é tradicionalmente um período de consumo mais calmo, principalmente na comparação com dezembro.

No entanto, as primeiras semanas do ano também não costumam ser de oferta grande de gado, com os pecuaristas voltando gradativamente aos negócios.

O mercado do boi gordo em 2024

Para Hyberville Neto, da HN Agro, a expectativa para 2024 é de um cenário de preços mais firmes na pecuária, frente ao observado em 2023.

“Ainda não esperamos um ano de altas muito fortes, mas há espaço para uma evolução do mercado. Um ponto importante será como a oferta de bezerros, que deve ser um pouco menor que em 2023, vai impactar nos preços da categoria. Se tivermos um cenário de evolução mais animada das cotações, podemos ter um direcionamento de fêmeas para cria, tirando parte da oferta de animais terminados, consequentemente, segurando a produção de carne. Se essa movimentação se confirmar, vai impactar principalmente o primeiro semestre, quando as fêmeas vão para o gancho em maior volume”, explica.

Outro ponto que pode ajudar os preços são as carnes de frango e suína, uma vez que há expectativas de acréscimos nas exportações do Brasil para ambas em 2024 (3,7% para carne de frango e 5,5% para suína, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

“Paralelamente, devemos ter custos maiores com alimentação, especialmente o milho. Em outras palavras, o cenário deve ser de boa demanda externa pelas carnes, com custos de produção segurando um pouco a resposta da oferta, o que ajuda a firmar as cotações dessas carnes. Por sua vez, preços maiores para frango e suíno colaboram com o boi gordo, por pressionarem menos o escoamento via concorrência”, diz.

E as exportações?

Na visão do especialista, é possível que o milho siga incomodando quem precisa comprar, já que a safrinha deve ser produzida ainda sob a influência do El Niño. “Se os custos com o milho se confirmarem maiores, como esperado, isso pode afetar o volume de gado entrando em confinamento e em sistemas mais intensivos (que pesaram no início do segundo semestre de 2023). Menos pressão da oferta de gado tratado também pode ajudar os preços”, pontua.

Quanto as exportações, a liberação para Japão e Coreia do Sul, que são grandes compradores e enfrentam uma situação de escassez em um dos seus principais fornecedores (Estados Unidos contam com seu menor rebanho desde 1960) poderia dar um gás a mais nesse cenário para o gado confinado.

“Em resumo, acreditamos em um 2024 consistentemente melhor que 2023, mas ainda não esperamos a euforia dos melhores anos. A junção de abertura de mercados a um milho, eventualmente muito mais caro, poderia jogar lenha nesse cenário, assim como um dólar mais forte, seja por juros lá ou cenário fiscal aqui). De toda forma, as nossas apostas são de um mercado mais forte para 2025”, analisa.

Quando o ciclo pecuário deve se inverter?

2023 foi marcado por um ano de oferta elevada de carne bovina, muito por conta do ciclo positivo do gado, com um maior número de animais para abate e preços mais baixos.

Apesar de enxergar uma virada no ciclo apenas no fim de 2024 e começo de 2025, Hyberville projeta preços mais firmes em 2024.

“A arroba em 2023 começou em R$ 280 e chegou até R$ 200, com a média do ano sendo penalizada. Do ponto de vista de redução de fêmeas, talvez, se houver o preço dos bezerros, pode diminuir essa participação de fêmeas no mercado. Do ponto de vista de oferta de gado, estamos esperando uma estabilidade ou leve redução”, conclui.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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