Mercados

Dia difícil? Como Ibovespa deve reagir à ‘água gelada no inverno’ do Banco Central

21 jun 2023, 20:40 - atualizado em 22 jun 2023, 1:02
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Para o economista André Perfeito, o BC está prisioneiro da sua retórica e arma para si uma situação difícil de desatar (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

Como o esperado, Banco Central bateu o martelo e manteve a Selic a 13,75% em decisão publicada nesta quarta-feira (21).

O problema, segundo alguns economistas, foi o tom, considerado duro e que fecha as portas para uma queda em agosto, algo que poderia jogar água fria no recente rali da bolsa, que acumula disparada de 10% nas últimas semanas.

Para o economista André Perfeito, o BC está prisioneiro da sua retórica e arma para si uma situação difícil de desatar.

“Praticamente abandonou o protagonismo da decisão dos juros para deixar em stand by aos desígnios das projeções, projeções essas de mercado que tem errado de maneira significativa desde o início do ano”, coloca.

Além disso, ele diz que se mantiverem a coerência com a estratégia e com o conjunto de variáveis financeiras atuais provavelmente se irá cortar “mais que o mercado espera”.

  • O Copom decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, seguindo as expectativas do mercado. Com a projeção de corte na taxa nas próximas reuniões, como ficam os fundos imobiliários (FIIS)? Clique aqui para assistir ao Giro do Mercado e veja a resposta do analista da Empiricus Research Caio Araújo. Inscreva-se no nosso canal e não perca o Giro do Mercado, de segunda a sexta-feira, às 12h.

Na visão de Leonardo Costa, da gestora Asa, quem esperava que o BC indicasse queda já em agosto, pode ficar frustrado, “ainda muito condicionado à queda maior dos núcleos e recuo maior das expectativas (sem muita celebração no recuo recente, foco na meta)”.

“Seguimos na aposta de manutenção do 13,75% por mais tempo”, completa.

Cleber Alessie, gerente de Derivativos da Commcor, vai na mesma linha ao dizer que a manutenção da Selic em 13,75% era consenso no mercado, mas as expectativas por uma sinalização de afrouxamento no curto prazo foram, em parte, frustradas, com o documento vindo menos dovish do que poder-se-ia esperar.

Como deve reagir o Ibovespa?

Apesar das frustrações, Idean Alves, da Ação Brasil, diz que muito da reunião de hoje já estava no preço dos mercados. “Tom mais suave, e menos pessimista, podem ser vista com bons olhos pelos investidores”.

Ele ainda acrescenta que está ficando cada vez mais claro que o corte vai vir. “É esse movimento que o mercado pode antecipar, o time é pouco provável acertar, mas como o mercado é expectativa, ele provavelmente vai pagar para ver”, coloca.

Por outro lado, Julio Hegedus Netto, economista da Mirae Asset, classifica o comunicado como um “banho de água gelada, nestes tempos de frio intenso de inverno antecipado”.

“O BCB resolveu ignorar aos apelos de parte da sociedade, e manteve a Selic (a 13,75%). Seu comunicado veio num tom bem mais duro do que o esperado. Diante disso, não temos nenhum sinal de que a taxa de juros caia em agosto”, argumenta.

Hegedus  afirma ainda que errou-se no tom. “Amanhã, será um dia difícil nos mercados. Aguardemos a ata da semana que vem”, completa.

“Amanhã (quinta-feira) nós tendemos a ver sim o mercado um pouco menos otimista, com os juros em alta, com provavelmente a bolsa em queda e uma reprecificação dos ativos com base nessa manutenção da política monetária da forma como foi sinalizado hoje, algo que não era esperado pelo mercado financeiro nesse momento”, disse em nota Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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