Política

Dominguetti diz à CPI que deputado Luís Miranda buscou intermediar venda de vacina ao governo

01 jul 2021, 12:44 - atualizado em 01 jul 2021, 12:44

O policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que afirma ser representante de uma empresa que negociou a venda de doses da vacina da AstraZeneca contra Covid-19 ao Ministério da Saúde, disse nesta quinta-feira à CPI da Covid do Senado que o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) teria tentado intermediar a venda de imunizantes pela Davati Medical Supply, empresa que o PM disse representar, para a pasta.

Para supostamente comprovar suas declarações, Dominguetti apresentou durante sessão da CPI um áudio do que seria uma conversa do deputado com Cristiano Alberto Carvalho, apontado por ele como presidente-executivo da Davati. Miranda teria dito, segundo a conversa, que poderia ajudar na intermediação.

Dominguetti afirmou que recebeu o áudio de Cristiano no dia 24 de junho, embora não tenha dito quando foi a data da conversa. Cinco dias depois, ele disse ter dado a entrevista para o jornal Folha de S.Paulo em que acusou o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de pedir propina de 1 dólar por dose de vacina vendida para garantir a venda de 400 milhões de doses para o ministério.

O policial militar, que está na ativa na corporação em Minas Gerais e que afirma atuar como representante para complementar renda, confirmou à CPI a acusação que fez ao jornal. Após a publicação da denúncia, o Ministério da Saúde anunciou a exoneração de Roberto Dias. O ex-servidor seria ligado ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que, no entanto, nega ser o padrinho da indicação dele ao cargo que ocupava.

Após a apresentação do áudio por Dominguetti, senadores começaram a duvidar da versão dada por ele sobre a gravação apresentada à CPI, dizendo não ter ficado claro que a conversa tratava de vacina. A comissão determinou a apreensão do telefone celular do depoente.

“Eu sempre pedi cautela quando aparece jabuti na árvore”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ressaltando estranhar o surgimento do áudio durante o depoimento.

Dominguetti justificou ter divulgado esse áudio porque não poderia faltar com a verdade quando tinha sido perguntado se soube de algum parlamentar teria tentado intermediar a compra de vacinas.

“Meus dados telefônicos e emails estão à disposição da CPI, independente de qualquer apreensão. Minha decisão sempre é de contribuir”, disse ele.

Durante a fala de Dominguetti, o próprio deputado Luís Miranda chegou a aparecer na sala da CPI e conversou, ao pé do ouvido, com senadores da comissão, o que gerou reações de senadores da base aliada do governo do presidente Jair Bolsonaro na CPI.

Dominguetti justificou ter divulgado esse áudio porque não poderia faltar com a verdade quando tinha sido perguntado se soube de algum parlamentar teria tentado intermediar a compra de vacinas (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Senadores alinhados ao governo –entre eles o filho do presidente Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), que não é membro da CPI– chegaram a defender também a apreensão do telefone celular de Luís Miranda para fazer a verificação do relato feito. Aziz, entretanto, rejeitou a medida.

Na semana passada, em depoimento à CPI, Miranda e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, disseram que avisaram Bolsonaro sobre alegadas irregularidades no contrato de compra pelo governo da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin e o deputado disse ter ouvido do presidente que Barros estava envolvido no caso.

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