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EDP Brasil pode vender hidrelétricas para crescer em transmissão e distribuição

19 fev 2020, 14:09 - atualizado em 19 fev 2020, 14:09
EDP
Já em distribuição a empresa acompanhará possíveis negócios que possam surgir com a privatização de concessionárias (Imagem: REUTERS/Eloy Alonso)

A EDP Brasil poderá avaliar a venda de ativos, como usinas hidrelétricas, para financiar investimentos em oportunidades de expansão nos segmentos de transmissão e distribuição de eletricidade, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Miguel Setas.

O objetivo seria realizar uma “reciclagem de capital” com foco em direcionar recursos para segmentos vistos como estratégicos, explicou o executivo durante teleconferência com acionistas e investidores para comentar resultados de 2019.

“Poderemos vir a considerar alguma ‘rotação de ativos’ se vierem por aí oportunidades mais brilhantes na transmissão ou na própria transmissão. Esse é o resumo de nossa estratégia de crescimento”, disse Setas.

Na área de transmissão, a empresa controlada pelo grupo português EDP estará mais atenta a aquisições de projetos, no chamado mercado secundário, uma vez que os leilões de novos empreendimentos no segmento têm registrado uma concorrência acirrada que espreme os retornos.

A última licitação de concessões de transmissão, realizada pelo governo brasileiro em dezembro, registrou intensa disputa entre investidores, o que levou a um deságio recorde de 60% na receita a ser paga pela construção e futura operação das linhas.

“Temos participado e, por critérios de rentabilidade, não temos ganho nos últimos leilões, mas temos encontrado oportunidades interessantes no mercado secundário… com rentabilidades superiores ao que teríamos no mercado primário, nos leilões”, disse Setas.

Já em distribuição a empresa acompanhará possíveis negócios que possam surgir com a privatização de concessionárias controladas por governos estaduais.

O foco nesse sentido é a Celesc, controlada pelo governo de Santa Catarina –a EDP Brasil comprou ações da elétrica em transação concluída em 2018 e depois ampliou a participação na empresa, em 2019, para 25%.

Até o momento, o governo catarinense não divulgou planos para uma eventual privatização da Celesc, mas outras concessionárias de energia estaduais já têm discussões em andamento para desestatização, como a CEB, de Brasília, e a CEEE, do Rio Grande do Sul.

O governo de Minas Gerais também tem falado em privatizar a Cemig (CMIG3), que tem ativos de geração e transmissão e controla a maior distribuidora em número de clientes do Brasil, a Cemig-D.

“Uma óbvia oportunidade pode vir a ser o futuro da Celesc. Diria que seria a prioridade número 1. Mas há outras concessionárias, outras empresas de distribuição que podem vir a mercado, e portanto a companhia estará atenta às potenciais futuras oportunidades”, disse Setas.

Ele afirmou ainda que, do lado dos desinvestimentos, um ativo que poderia ser colocado à venda é a hidrelétrica de Mascarenhas, uma usina de 198 megawatts em capacidade no Espírito Santo.

Carvão

O grupo EDP tem uma meta de desinvestir de ativos de geração a carvão até 2030, mas esse objetivo de longo prazo não afeta os planos da EDP Brasil para a termelétrica Porto de Pecém I.

Setas destacou que a térmica é uma importante geradora de caixa e tem “um papel estratégico” para a companhia no momento, o que postergará uma eventual decisão de venda do ativo, mesmo em meio à estratégia de “reciclagem de capital”.

“Consideramos que esse prazo de 10 anos que temos pela frente é o prazo para essa ‘reciclagem’, para encontrar uma solução… não há nesse momento nenhum plano, nenhum projeto de ‘reciclar’ capital usando Pecém”, afirmou o CEO, após pergunta de um analista.

A usina Porto de Pecém, no Ceará, conta com 720 megawatts em capacidade e pertence 100% à EDP Brasil desde 2015, quando a companhia concluiu a aquisição de uma participação da Eneva no empreendimento.

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