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Eletrobras (ELET3) reestatizada? Veja se é hora de fugir das ações após falas de Lula

12 fev 2023, 18:00 - atualizado em 13 fev 2023, 8:05
Lula
Falas do presidente da República são definidas por analistas do mercado como “ruído”. (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Menos de um ano após a privatização da Eletrobras (ELET3), parte dos investidores tem empurrado a cotação das ações da companhia para uma baixa de quase 10% no mês por causa do novo governo.

O movimento acontece em meio a declarações como a de terça-feira (7), quando o presidente Lula disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) questionará o contrato que abriu caminho para a privatização da empresa. Além disso, o governo buscará rever as regras a que a União ficou submetida com o processo.

As falas do mandatário, no entanto, são definidas por analistas do mercado como “ruído”, dada a complexidade de eventual tentativa de reversão da privatização.

Apesar disso, o governo já caminha para tentar retomar o controle de ao menos uma empresa, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), ao criar na última semana um grupo interministerial para discutir o assunto.

Eletrobras segue como ‘compra’

O Credit Suisse, em relatório da última semana, manteve a recomendação “outperform” para ELET6 e ELET3, com preço-alvo de R$ 54 e R$ 49, respectivamente – potencial alta de 38% e 32%.

Os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano lembraram que a União, pelas regras atuais, tem poder de no máximo 10% dos votos em assembleias de acionistas.

“Reverter a limitação incluída no estatuto da Eletrobras não é simples: requer consulta a toda a base de acionistas (após a análise das propostas pelo conselho)”, destacaram.

Como a União tem 42,6% das ações com direito a voto, o governo teria que convencer outros acionistas a aceitar quaisquer mudanças estatutárias, explicaram.

Outra opção para o governo retomar o controle sobre a empresa seria adquirir ações no mercado para obter a maioria em assembleia. No entanto, o movimento ativaria a poison pill que exige uma oferta pública de aquisição de 200% da cotação máxima das ações nos últimos 500 dias.

“É um caso muito difícil de reverter”, resumiu o diretor da casa de análises EQI Research, Luís Moran. “Há limitações muito claras: se alguém passar de determinado limite, tem que pagar”.

Para o analista, há “muita fumaça” em torno das falas sobre reestatização da Eletrobras. Ele disse já ver avanços desde a privatização da companhia e citou o programa de demissão voluntária. Para o mercado, o movimento costuma ser um sinal de eficiência.

O sócio-administrador do escritório de agentes autônomos Boa Vista, Gillmor Monteiro, afirmou que a possibilidade de reversão da privatização não muda a tese da companhia, justamente por considerar o movimento improvável.

Ele disse que, recentemente, abertos os fundos que investiram em Eletrobras com recursos do FGTS, muitos dos seus clientes optaram por manter os recursos em papéis da empresa.

Já em relação à possibilidade de uma intervenção no setor todo, como aconteceu no governo Dilma, criaria oportunidades de compra dos papéis, dada a qualidade do modelo de negócio, avaliou Monteiro.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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