Commodities

Em meio a déficit de açúcar, Indonésia investe na compra de volume recorde

12 fev 2020, 9:56 - atualizado em 12 fev 2020, 9:56
O volume é 11 vezes maior do que no ano passado. Ao mesmo tempo, a produção doméstica deve despencar com o aumento da demanda interna (Imagem: Vincent Mundy/Bloomberg)

Justo quando as maiores tradings de açúcar do mundo projetam um déficit global da commodity, a Indonésia, importadora número 1 de açúcar bruto, diz que pretende comprar um volume recorde do adoçante.

O país do Sudeste Asiático disse que o objetivo é importar cerca de 1,4 milhão de toneladas de açúcar bruto, ou 1,33 milhão de toneladas da variedade refinada, para uso doméstico este ano e no início de 2021.

O volume é 11 vezes maior do que no ano passado. Ao mesmo tempo, a produção doméstica deve despencar com o aumento da demanda interna.

“Idealmente, devemos ter pelo menos 1,3 milhão de toneladas de estoques no início de 2021”, disse Yadi Yusriyadi, consultor sênior da Associação de Açúcar da Indonésia.

“Se não houver oferta adicional por meio importações enquanto a demanda continuar aumentando, os preços definitivamente continuarão a subir”, afirmou Yusriyadi a repórteres em Jacarta na quarta-feira.

Os preços globais do açúcar acumulam alta de cerca de 12% desde janeiro, o melhor começo de ano em uma década, sob o impacto de uma seca que reduziu os embarques da Tailândia, o segundo maior exportador mundial.

A menor oferta tailandesa surpreendeu operadores em um momento em que a União Europeia já produzia menos, o Brasil transformava mais cana em etanol e o clima frio destruía lavouras na América do Norte.

O consumo de alimentos na maior economia do sudeste da Ásia aumentou na última década com a melhora da renda, o que mudou hábitos alimentares e estilos de vida. A crescente demanda da Indonésia pode beneficiar Índia e Brasil, grandes produtores de açúcar que buscam preencher a lacuna de oferta deixada pela Tailândia.

A Associação de Açúcar da Indonésia representa 20 usinas, a maioria estatais, que esmagam a cana doméstica ou fazem importações, principalmente da Tailândia, para atender o consumo das famílias. Consumidores industriais são abastecidos por outro grupo de 11 refinarias que processam apenas açúcar bruto importado.

Açúcar tailandês

As refinarias de açúcar do país provavelmente importarão a maior parte do açúcar bruto da Tailândia no primeiro semestre, com a possibilidade de comprar também da Austrália e da Índia, disse o presidente da Associação das Refinarias de Açúcar da Indonésia, Bernardi Dharmawan.

Os três países são fornecedores preferenciais devido à proximidade com a Indonésia e porque os produtos possuem a mesma tarifa de importação de 5%, disse Dharmawan em mensagem de texto. O governo permitiu que oito refinarias importassem 1,1 milhão de toneladas de açúcar bruto no primeiro semestre.

O governo indiano está em negociações avançadas com a Indonésia para diminuir a especificação de cores que permitirá o fornecimento do país do sul da Ásia, de acordo com a India Sugar Mills Association.

A Indonésia também está comprando açúcar do Brasil, segundo a Alvean, maior trading da commodity do mundo, que deve enviar 60 mil toneladas de açúcar bruto nesta semana. Dharmawan, da associação de refinarias, disse que ainda precisa obter detalhes das importações do Brasil.

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