Internacional

Em meio à queda nos mercados, China promete lutar contra novas tarifas impostas por Trump

02 ago 2019, 18:58 - atualizado em 02 ago 2019, 18:59
Donald Trump
O novo embaixador da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, disse que Pequim tomaria “contramedidas necessárias” (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

A China prometeu nesta sexta-feira revidar a decisão abrupta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 10% sobre 300 bilhões de dólares de importações chinesas, uma medida que encerrou uma trégua comercial que durou um mês.

O novo embaixador da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, disse que Pequim tomaria “contramedidas necessárias” para proteger seus direitos e descreveu sem rodeios o movimento de Trump como “um ato irracional e irresponsável”.

“A posição da China é muito clara: se os EUA quiserem conversar, falaremos, se quiserem lutar, lutaremos”, disse Zhang a jornalistas em Nova York, sinalizando que as tensões no comércio podem prejudicar a cooperação entre os países em relação à Coreia do Norte.

Trump disse que a China precisa fazer muito para mudar as coisas nas negociações comerciais e repetiu uma ameaça anterior de aumentar substancialmente as tarifas caso Pequim não aja como devido.

“Não podemos apenas fazer um acordo com a China. Temos que fazer um acordo melhor com a China”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca.

O presidente dos Estados Unidos surpreendeu os mercados financeiros na quinta-feira ao dizer que planeja cobrar tarifas adicionais a partir de 1º de setembro, marcando o fim repentino da trégua em uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já dura um ano e tem enfraquecido o crescimento econômico global e prejudicado cadeias de fornecimento.

Os mercados de ações de Wall Street deram sequência nesta sexta-feira a uma onda de vendas, enquanto rendimentos de títulos soberanos dos EUA e da Alemanha bateram mínimas em vários anos, em meio à corrida por ativos seguros.

Na manhã desta sexta-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse que o país está se mantendo firme na disputa tarifária com os Estados Unidos.    “Não vamos aceitar pressão máxima, intimidação ou chantagem”, disse Hua em entrevista coletiva em Pequim.

“Sobre as principais questões de princípio, não cedemos uma polegada”, disse ela, acrescentando que a China espera que os Estados Unidos “desistam de suas ilusões” e retornem às negociações com base no respeito mútuo e na igualdade.

As medidas de retaliação da China poderiam incluir tarifas, a proibição da exportação de terras raras –usadas em tudo, desde equipamentos militares até produtos eletrônicos de consumo– e penalidades contra empresas norte-americanas na China, segundo analistas.

Trump também ameaçou aumentar ainda mais as tarifas se o presidente chinês, Xi Jinping, não agir mais rapidamente para fechar um acordo comercial.

As tarifas de 10% –anunciadas por Trump em uma série de mensagens no Twitter depois que seus principais negociadores informaram sobre a falta de progresso nas negociações em Xangai nesta semana– estenderiam as cobranças para quase todos os produtos chineses importados pelos Estados Unidos.

Impacto ao consumidor

O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse a repórteres nesta sexta-feira que o impacto das últimas tarifas sobre os consumidores seria mínimo, apesar da lista de quase 300 bilhões de dólares abarcar quase tudo, de bens de consumo, celulares e laptops a brinquedos e calçados.

“O presidente não está satisfeito com o progresso do acordo comercial”, disse Kudlow à Fox Business Network.

As ações da Apple caíram 2,12%, depois de uma queda similar na quinta-feira, devido a preocupações com tarifas sobre seus principais produtos. Analistas do Bank of America Merrill Lynch disseram nesta sexta-feira que as tarifas poderiam reduzir os ganhos da gigante de tecnologia entre 50 e 75 centavos por ação, com a maior parte disso vindo das alíquotas sobre o iPhone.

Donald Trump
O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse a repórteres nesta sexta-feira que o impacto das últimas tarifas sobre os consumidores seria mínimo (Imagem: REUTERS/Leah Millis)

Até agora, Pequim se absteve de taxar petróleo e grandes aeronaves dos Estados Unidos, depois de impor tarifas adicionais retaliatórias de até 25% sobre cerca de 110 bilhões de dólares de mercadorias norte-americanas desde o início da guerra comercial no ano passado.

A China também está elaborando uma lista de “entidades não confiáveis” –empresas estrangeiras que têm prejudicado os interesses chineses. A gigante norte-americana FedEx está sendo investigada pela China.

“A China fará cada retaliação metódica e deliberadamente, uma a uma”, escreveu a economista do ING, Iris Pang, em nota.

“Acreditamos que a estratégia da China nesta escalada da guerra comercial será desacelerar o ritmo das negociações e retaliações. Isso pode prolongar o processo de retaliação até as próximas eleições presidenciais dos EUA” em novembro de 2020, disse Pang.    As tarifas também podem forçar o Federal Reserve (banco central dos EUA) a cortar novamente as taxas de juros para proteger a economia norte-americana de riscos da política comercial, disseram especialistas.

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