Coluna do Hsia Hua Sheng

Empresas chinesas resilientes: Conheça as oportunidades de investimentos

15 abr 2024, 12:48 - atualizado em 15 abr 2024, 12:52
china empresas chinesas resilientes
Empresas chinesas, tais como Huawei e DJI, têm conseguido superar as adversidades provocadas pelas sanções americanas cada vez mais severas. (Imagem: Getty Images Signature/Canva Pro)

Dentre as empresas chinesas de tecnologia que foram sancionadas pelos Estados Unidos nos anos anteriores, algumas delas não só sobreviveram, como também estão dando um show de tecnologia e rentabilidade nas empresas americanas.

Essa resiliência é o que mundo acabou de conhecer como uma das qualidades das “novas forças produtivas de alta qualidade” usada como uma das novas metas da política de desenvolvimento econômico da China.

Mas, o que é uma empresa resiliente?

Uma empresa resiliente deve possuir os seguintes atributos: preparada, adaptável, confiável, colaborativa e responsável. Com isso, as companhias chinesas, tais como Huawei e DJI, têm conseguido superar as adversidades provocadas pelas sanções americanas cada vez mais severas.

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A maior fabricante de drone no mundo, a DJI Tecnologia, tem sofrido restrição, por exemplo, para acessar os componentes produzidos pela qualquer empresa com capital americana desde 2020. Já se passaram três anos, DJI continua dominando 75% de mercado global de drones, com produtos de alta qualidade e baixo preço, respeitando todas as sanções impostas pelos Estados Unidos.

Outra empresa resiliente é a gigante da tecnologia, Huawei. Ela anunciou, em 29 de março, seu resultado anual de 2023. Sua receita alcançou US$ 102 bilhões, um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior. Seu lucro líquido anual aumentou para US$ 12 bilhões, um aumento de mais de 140%.

Esse lucro, inclusive, seria maior que anos antes do início das sanções, que era de US$ 9 bi em 2019 e US$ 9,2 bi em 2020. Este é o maior salto no lucro da empresa desde que a Huawei começou a divulgar números comparáveis em 2006.

O que empresas chinesas resilientes têm feito para superar as adversidades?

  1. Investir continuamente em tecnologia de ponta
    Mesmo com muita dificuldade e queda de receita de 40% logo após sanções, a Huawei nunca parou de investir na inovação tecnológica. Hoje, ela é a maior detentora de patente de tecnologia de 5G e 6G. Em 2023, por exemplo, a Huawei gastou em torno de 23% da sua receita líquida anual para pesquisa e desenvolvimento (P&D), enquanto a média de outras empresas do mesmo setor é de menos de 10% da receita. Com isso, a chinesa ocupa o top do ranking de companhias que mais registra patente no mundo.
  2. Distribuir resultados entre seus funcionários
    Na Huawei, o seu fundador tem uma participação acionária muito pequena na empresa. A maioria de ações é distribuída entre seus funcionários. Uma grande parte de lucros também é retribuída aos empregados pelas suas conquistas de metas tecnológicas e esforços colaborativos para fazer aplicação comercial das invenções.
  3. Pesquisar e desenvolver com seus fornecedores para integrar a cadeia produtiva nacional chinesa
    Após as sanções americanas que cortaram seu acesso aos fornecimentos de componentes, a Huawei teve de usar todo seu P&D para redesenhar seus equipamentos e aparelhos celulares para poder usar os componentes produzidos pela indústria nacional da China. Além disso, a Huawei também produz seu próprio bateria.
  4. Ter acesso ao mercado domestico chinês e fazer abertura de novos mercado globais
    O acesso ao mercado global permite que a Huawei adote estratégias de produção integrada para aproveitar vantagens de economia de escala para competir com outras empresas chinesas do mesmo setor nos novos mercados dos países participantes de Belt & Road Initiative.
  5. Focar em desenvolvimento de um ecossistema de produtos e servicos inovadoras
    A Huawei não pensa em fazer inovação em um produto como o celular. Para ela. há um ecossistema de produtos interligados com celulares que devem ser interligados com produtos e serviços que possuem inteligência artificial não só para consumidores (B2C), mas também para as empresas que fornecem esses recursos para consumidores (B2B). Neste caso, o celular é só uma parte desse ecossistema de facilidades e conveniência aos seus potenciais consumidores que usam smartphones, carros e eletrodomésticos inteligentes, etc.

Como o Brasil poderia aproveitar essas oportunidades?

As empresas chinesas resilientes podem ser boas escolhas para próximas alocações para gestor de fundos brasileiros. Com a integração de cadeia produtiva das empresas chinesas, muitas dessas empresas ganharão destaques no mercado financeiro global nos próximos anos.

Com base na teoria de mercado eficiente, sabemos que essas empresas ganharão visibilidade e valorização das ações no futuro.

Com a saída forçada de capital e investimento americano no mercado acionário chinês, os preços das ações chinesas tem sofridos com as vendas forçadas em um espaço curto de tempo. Mas, no médio prazo, gradualmente a consistência de ganho de lucro dessas empresas vão mostrar retorno consistentes para seus investidores acionários.

As demonstrações financeiras dessas empresas resilientes mostram que elas estão contribuindo para crescimento e exportação para China. Neste primeiro trimestre de 2024, não só as empresas de alta tecnologia, mas também empresas tradicionais de têxteis, calçados e eletrodomésticos tiveram crescimento significativos. Uma oportunidade para gestor de ativos globais a começar olhar para China de novo.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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