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Ethereum (ETH): Prós e contras do ‘fork’ para manter blockchain proof-of-work, segundo analistas

11 ago 2022, 14:22 - atualizado em 12 ago 2022, 15:34
Ethereum
O fork da Ethereum beneficiaria mais mineradores que usuários da rede. (Imagem: Pexels/Jievani)

No início deste mês, um influente investidor e minerador da Ethereum (ETH), o chinês Chandler Guo, propôs no Twitter uma bifurcação drástica (“hard fork”, em inglês) no blockchain da rede Ethereum.

Cofundada por Vitalik Buterin, Ethereum usa, atualmente, o mecanismo de consenso “proof-of-work” (PoW) – que realiza a mineração da criptomoeda – mas fará a transição em breve para o mecanismo proof-of-stake (PoS), devido à implementação da atualização “The Merge”.

A sugestão feita por Guo propõe bifurcar o blockchain da Ethereum para criar “ETH PoW” – uma versão da rede que mantenha o mecanismo PoW.

Visto que mineradores gastam muito dinheiro com equipamentos para a mineração de criptomoedas, a transição da Ethereum para PoS faria com que essas máquinas não tivessem mais uso para a rede.

Segundo o especialista em criptoativos da área de pesquisa do Mercado Bitcoin, Rony Szuster, a mineração da Ethereum é uma das mais rentáveis atualmente.

Com a transição para PoS, mineradores de ETH teriam de migrar para redes PoW menos rentáveis – desagradando os bolsos das empresas de mineração, que fazem a atividade em escala industrial.

De acordo com Szuster, a ideia anunciada por Guo não é uma proposta de melhoria formal. Por isso, se os mineradores da Ethereum quiserem fazer a bifurcação, a sugestão não precisa de aprovação formal.

‘Fork’ na Ethereum beneficia quem?

Para o especialista do Mercado Bitcoin, a bifurcação no blockchain da Ethereum beneficiaria mais os mineradores, mas não tanto os usuários da rede.

Ele ressalta que a rede funcionará do mesmo modo para os usuários, que usam a Ethereum para fazer transações, independentemente se o mecanismo de consenso for PoW ou PoS.

O fork beneficiaria os mineradores, pois esses usariam as máquinas já adquiridas para continuar as operações de mineração do novo token – ETHW – para tentar manter os rendimentos gerados pela atividade.

Obstáculos para nova Ethereum PoW

No entanto, caso um novo blockchain PoW seja criado a partir da Ethereum, outras questões surgirão, como o suporte de aplicações e a adoção por usuários.

Algumas aplicações, como Chainlink, por exemplo, já anunciaram que não fornecerão suporte ao blockchain PoW.

“A maioria das aplicações não dará suporte [à bifurcação da Ethereum]. Não estamos vendo as aplicações migrarem ou oferecerem suporte a esse outra rede. Acredito que a nova rede será um pouco ‘morta’, sem muito propósito e sem aplicações de DeFi”, diz Szuster.

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Nova Ethereum PoW tem chance de sucesso?

O especialista do Mercado Bitcoin também não acredita que a nova Ethereum PoW e seu token nativo – ETHW – tenham chance de adoção por usuários.

“Como é um movimento dos mineradores migrando, e não dos usuários, acho pouco provável que [a nova Ethereum PoW] tenha adoção dos usuários. Até porque a estrutura da nova Ethereum seria a mesma que temos hoje em dia, com o problema de taxas altas”, explica.

“Sem o suporte de aplicações, vejo uma probabilidade muito baixa de adoção da Ethereum proof-of-work”, acrescenta.

Assim como Szuster, o diretor de pesquisa da Mercurius Crypto, Orlando Telles, também não acredita que a bifurcação será bem-sucedida.

Segundo ele, embora algumas corretoras de criptomoedas, como BitMEX, Poloniex e MTX, tenham anunciado suporte ao fork e ao token, existem problemas para que a funcionalidade da bifurcação aconteça.

Em outros forks, como o que originou Bitcoin Cash (BCH), os blockchains tinham seus valores a aplicações contidos em si – ou seja, não existiam ativos sintéticos e stablecoins com vínculo externo ao blockchain para manter o valor do ativo.

No caso da Ethereum atualmente, a rede conta com bilhões de dólares em stablecoins e ativos sintéticos. No caso de um fork ao blockchain da rede, tanto as moedas estáveis quanto os tokens sintéticos seriam copiados na ETH PoW.

Esse cenário prejudicaria as stablecoins, pois os emissores dessas moedas – como Tether, responsável pela USDT, e Circle, pela USDC – teriam de arcar com o dobro do valor de stablecoins. Essa duplicação dos ativos também dificultaria que as emissoras mantivessem as reservas que garantem a paridade da stablecoin ao dólar.

Para Telles, esse fator já é um grande empecilho para as aplicações de DeFi e tokens não fungíveis (NFTs) conseguirem operar na nova Ethereum PoW.

“Grande parte das tecnologias que hoje existem na Ethereum existem somente nela, justamente pelo fato de que a maioria dos ativos que mantêm o valor do blockchain da Ethereum estão fora dela, pois são uma representação de valores que estão no mundo físico”, explica Telles.

O cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, comentou no início desta semana que dificilmente o fork para manter um blockchain PoW terá sucesso a longo prazo.

Ao participar do evento ETHSeoul, Buterin disse que não vê um aspecto orgânico proposto pela bifurcação e afirmou serem somente “alguns intrusos que basicamente têm corretoras e querem, principalmente, fazer dinheiro fácil”.

ETH pode ser afetado pela bifurcação?

Em relação aos possíveis impactos da bifurcação no preço do ETH, da rede original, o especialista do Mercado Bitcoin afirma que, se o fork acontecer, ele não impactará o preço do ETH, pois não haverá divisão no poder de processamento.

“Se fosse um fork como o do Bitcoin (BTC), que gerou Bitcoin Cash (BCH), haveria uma divisão do poder de processamento das placas de vídeo (GPUs) entre a rede principal e a nova. No caso da Ethereum, como a rede principal vai mudar de mecanismo de consenso, não faz sentido falar de poder de processamento, pois em PoS é avaliada a quantidade de ETH travados no contrato”, afirma o especialista.

Telles também acredita que o fork não impactará a rede Ethereum principal em aspectos técnicos.
A bifurcação para Ethereum PoW “não atrasa, nem altera nenhum roteiro de desenvolvimento da Ethereum [principal]”, afirma.

Caso a bifurcação da rede de fato aconteça, o diretor de pesquisa da Mercurius Crypto acredita poder haver uma insegurança na Ethereum, mas que deverá ser irrelevante, segundo ele.

Ethereum Classic pode ter mudanças positivas?

Em comparação com Ethereum Classic (ETC), uma rede PoW, o especialista do Mercado Bitcoin aponta que a mineração da “Ethereum Classic é bem menos rentável que a da Ethereum.”

“Por isso, mineradores estão tentando manter a lucratividade da Ethereum nesse novo blockchain. Mas, como deverá ser menos usada, o token da nova Ethereum deverá sofrer depreciação, tornando a mineração do ETHW menos atraente”, explica Szuster.

Já Telles acredita que Ethereum Classic poderá registrar um aumento na taxa de hashes após a transição da Ethereum para PoS, no entanto, esse aumento não significará uma forte mudança nos resultados das aplicações presentes na Ethereum Classic.

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Graduada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade de São Paulo (USP). Iniciou sua carreira como estagiária de revisão na Editora Ática, local em que atuou depois como revisora freelancer. Já trabalhou para o The Walt Disney World, nos Estados Unidos, em um programa de intercâmbio de estágio, experiência que reforçou sua paixão pela língua inglesa e pela tradução. Estagiou na Edusp, e integra, há um ano, a equipe do Money Times como repórter-tradutora de notícias ligadas a criptomoedas.
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