Mercados

Fintechs foram à lona em 2022, mas uma brasileira continuou surpreendendo

16 fev 2023, 14:47 - atualizado em 16 fev 2023, 14:47
Alerta vermelho para fintechs como Nubank e Stone
Fintechs perdem espaço no mercado global (Imagem: Shutterstock/Montagem: Julia Shikota) 

Outrora cultuadas como libertadoras dos serviços financeiros convencionais, as fintechs encontram em uma realidade mais delicada em 2022. É o que mostra um levantamento feito Moody’s, a subsidiária de classificação de crédito de títulos da Moody’s Corporation.

De acordo com a agência, uma maior seletividade do capital privado, em resposta à alta dos juros no Brasil e em economias do Norte global, comprometeu a capacidade de crescimento das fintechs, que se viram obrigadas a reduzir suas operações, especialmente aquelas com abordagem de “construir agora, lucrar depois”.

Reflexo desse cenário adverso foi a queda de aproximadamente 47% no número e volume de negócios globais, medido em bilhões de dólares, entre o quarto trimestre de 2021 e o mesmo período do ano passado.

Na avaliação da agência, “a piora na situação das fintechs poderia ter ser atenuada, se estas companhias possuíssem o mesmo financiamento estável das instituições consolidadas”.

O ambiente econômico mais difícil para o financiamento também expôs uma segunda fraqueza para muitas fintechs: um modelo de negócio ‘reciclado’, vendido com uma interface mais arrojada, mas ainda dependente de uma infraestrutura bancária já disponível.

Mirando um aumento da base de clientes, a Moody’s diagnostica que as fintechs focaram mais em extrair receita por meio de pagamentos e produtos convencionais repaginados e menos em oferecer tecnologias realmente inovativas — essa escolha se mostrou custosa para a lucratividade do negócio.

‘Bancões’ fizeram a lição de casa

As instituições mais tradicionais também não ficaram paradas. Muitos dos bancos reconheceram o potencial da tecnologia para facilitar a desinterdição dos seus modelos de negócios, recorrendo a investimentos que vão desde parcerias a aquisições.

Uma ilustração desse movimento é a parceria sacramentada entre Goldman Sachs (GS.GSGI34) e Apple (AAPL;AAPL34), colocando o banco de investimentos no mercado da pessoa física ao oferecer ao cliente um cartão de crédito com produtos de poupança vinculados.

Além de maiores possibilidades de financiamento, outro ponto crítico a ser considerado a favor dos bancos tradicionais que é a presença de uma marca bem estabelecida e um longo relacionamento com a base de clientes, o que tende a particularmente ser benéfico em tempos de dificuldades econômicas.

Fintechs de sucesso: Nubank supera obstáculos

Apesar do cenário mais desafiador para as fintechs, seria precipitado declará-las mortas. Um dos exemplos de perseverança nesse clima hostil é dado por uma fintech brasileira, a única a receber um investimento de Warren Buffet:Nubank (NUBR33).

A Moody’s destaca o fato do roxinho estar entre os líderes no segmento de cartões de crédito nos mercados sul-americanos.

Em termos de participação no mercado de cartões de crédito, o Nu Mexico se tornou a quinta maior entidade financeira do México em setembro de 2022, maior que bancos tradicionais como Banorte, HSBC, Inbursa, Banco Azteca e Scotiabank., 

O modelo de negócio da Nubank tem se aproveitado de um ‘vácuo’ de serviços deixados pelos grandes bancos, considerando um recorte de pessoas com baixa renda e pequenas e médias empresas (SMEs, na sigla em inglês).

Entre 2019 e 2022, a empresa brasileira multiplicou por sete a sua base de cliente. No último dia 14, o roxinho reportou dados referentes ao quarto trimestre de 2022,

Em números gerais, a receita trimestral da empresa foi de US$ 1,45 bilhões, acima dos US$ 1,39 bilhões previstos por analistas.

O montante representa um avanço de 138% em relação à cifra apresentada no mesmo período em 2021.

Já o lucro líquido de US$ 58 milhões no trimestre, denotando um  LPA (lucro por ação) de US$ 0,02, ficou em linha com o esperado.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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