Frigoríficos: JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) vendem 3/4 do ‘boi’, enquanto gripe aviária assusta BRF (BRFS3); o que mexe no mercado

Nesta segunda-feira (12), o Itaú BBA divulgou seu relatório semanal com os fatores que mexem com o mercado dos frigoríficos.

O relatório do banco leva em consideração dados de exportação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), assim como os mais recentes spreads (margens) de exportação do Brasil e dos Estados Unidos.

JBS e Minerva

De acordo com o banco, o momento para JBS (JBSS3) é desafiador, sem sinais de um teto mínimo nos ciclos de proteína. Por outro lado, os preços de frango nos Estados Unidos tem melhorado desde o início de 2023, com alta de 40% por conta da queda dos custos com ração animal (milho e soja)

No entanto, o forte ciclo negativo nas outras divisões de proteína da empresa deve superar a perspectiva construtiva para o segmento de carne de frango nos EUA.

Ainda assim, o BBA projeta uma melhora em quase todas as divisões da empresa no 2T23, ainda que não haja certeza de que essa melhora compense o ciclo negativo da JBS.

Para a Minerva (BEEF3), o Itaú projeta que a maior disponibilidade de gado deve ser suficiente para garantir spreads sólidos de exportação, apesar do momento de lenta recuperação dos preços de embarques de carne bovina.

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No entanto, a administração da companhia projeta uma recuperação da lucratividade nos próximos trimestres, uma vez que os últimos dados de exportação sugerem preços mais altos do que as recentes impressões da Secex.

Além disso, o abate de fêmeas atingiu sem nível mais alto desde 2014 em março deste ano, com o aumento da disponibilidade de gado no Brasil tendo reduzido os preços em cerca de 12% no acumulado do ano, para R$ 251 por arroba.

O BBA espera que os investidores fiquem na “retaguarda” até que haja uma maior visibilidade de um aumento na demanda chinesa, ainda que o banco acredita que os preços de exportação estejam baixos suficientes para garantir spreads sólidos.

Vale destacar que em junho de 2022, o preço do quilo da carne bovina exportada era de US$ 6,8 e em junho deste ano, o preço do quilo é de US$ 5,1, uma queda de 25%.

Dessa forma, é como se os frigoríficos estivessem vendendo 3/4 do boi na comparação com o ano passado.

BRF e Marfrig

A gripe aviária segue avançando no Brasil, ainda que não haja casos em grandes estados produtores de frango.

Há duas semanas, a BRF (BRFS3) anunciou sua proposta de aumento de capital para até R$ 4,5 bilhões, com participação da Marfrig (MRFG3), que deve ser votada em 3 de julho.

De acordo com o Itaú, essa injeção de capital permitiria uma melhora da conversão de Ebitda para FCFE da BRF, além de reduzir a dívida líquida/Ebitda da companhia, diminuindo potenciais impactos relacionados à gripe aviária.

Na semana passada, um caso de gripe aviária foi confirmado em Minas Gerais e Bahia. No entanto, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que em um cenário de surto da doença, potenciais embargos às exportações devem ser regionalizados, limitando os maiores impactos aos estados de Paraná e Santa Catarina, principais exportadores.

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Quanto à Marfrig (MRFG3), o BBA segue cauteloso, já que a sazonalidade companhia tem ficado abaixo das expectativas dos investidores. Ainda assim, o banco projeta ventos favoráveis com a participação da empresa na BRF.

Na semana passada, os spreads aumentaram de forma ligeira, com os preços da carne bovina avançaram 5,6% e o preços do gado cresceram 4,4%.

Para o Itaú, os preços de corte devem se beneficiar nas próximas semanas a partir do início da “temporada de churrasco” nos EUA. No entanto, os dados recentes desapontaram investidores, que projetavam sinais melhores em maio

Dessa forma, o banco mantém sua visão estrutural neutra sobre o estoque por enquanto, ao passo que os investidores seguem avaliando um preço mínimo potencial para o ciclo da carne bovino dos EUA, mas o momento favorável da ação, em função da exposição indireta à BRF, deve impulsionar as notícias de um aumento de capital e melhora das perspectivas de custo de produção.

Confira a recomendação do Itaú BBA para as ações dos frigoríficos: