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Gol (GOLL4): Entenda por que empresa pediu recuperação judicial nos EUA

25 jan 2024, 19:00 - atualizado em 25 jan 2024, 19:00
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Na cola: Gol (GOLL4) pede recuperação judicial nos EUA para renegociar dívida de R$ 20 bilhões com credores (Imagem: Facebook/ Gol)

A Gol (GOLL4)  é a mais nova integrante do clube de empresas aéreas brasileiras que enfrentaram sérios problemas financeiros. Da falência da Vasp em 2008 à quebra da Itapemirim no ano passado, o setor é um pesadelo para qualquer companhia. No caso da Gol, o pedido de recuperação judicial, apresentado hoje (25) nos Estados Unidos, vem após acumular dívidas de R$ 20,2 bilhões.

É verdade que, no caso da Gol, a pandemia de Covid-19 que levou ao lockdown do Brasil e da maior parte do mundo tem uma parcela considerável de culpa na piora dos números. A empresa até tenta reagir, na esteira da reabertura da economia pós-coronavírus e, por tabela, da retomada dos voos.

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Mas, de um lado, as tecnologias de de telepresença, como as reuniões virtuais pelo Zoom, que ganharam adeptos nos tempos de confinamento e, hoje, fazem parte da rotina de trabalho, reduzindo os gastos das empresas com viagens corporativas – desde sempre, a principal fonte de receita das aéreas.

De outro, os aumentos de gastos decorrente da alta do dólar e do petróleo pesam sobre linhas essenciais do balanço, como o leasing de aeronaves e os custos operacionais. Assim, a Gol foi, pouco a pouco, se atolando no pantanoso terreno da baixa geração de caixa e do aumento das dívidas.

Gol (GOLL4) em recuperação judicial: Dívidas de curto prazo aumentam

A companhia terminou o terceiro trimestre de 2023 (dados mais recentes) com uma dívida bruta de R$ 20,2 bilhões. A cifra é 14% menor que os R$ 23,5 bilhões que devia um ano antes, mas, ainda assim, bastante desconfortável para um negócio que fechou o trimestre com R$ 993,7 milhões em caixa, um prejuízo líquido recorrente de R$ 286,7 milhões e um ebitda recorrente de R$ 1,25 bilhão.

Além disso, a parcela de dívida que vence no curto prazo (isto é, dentro de 12 meses) subiu 3,5 ponto percentual, de 7,6% para 11,1%. Considerando-se apenas as dívidas financeiras de curto prazo, pelos critérios do IFRS-16, houve uma disparada de 32,5% no intervalo de um ano, passando de R$ 869,4 milhões para R$ 1,152 bilhão.



Para complicar tudo, o próprio perfil da dívida está mudando. Os empréstimos bancários, por exemplo, somam apenas R$ 56 milhões – uma queda de 57% sobre um ano antes. O financiamento de aeronaves e manutenção baixou 63%, para R$ 160,3 milhões. Mesmo as dívidas com arrendamentos de aviões caíram 19%, para R$ 9,8 bilhões.

Em contrapartida, a emissão de dívidas para financiar as operações subiu 15% no período, de R$ 8,1 bilhões para R$ 9,3 bilhões.

Gol (GOLL4): União com Avianca não foi suficiente

Uma primeira tentativa de enfrentar a crise ocorreu em maio do ano passado, quando os controladores da Gol anunciaram a criação de uma holding com a colombiana Avianca, batizada de Abra, com o objetivo de criar uma plataforma comum de negócios.

O novo grupo passou a contar com operações compartilhadas na Colômbia, Equador e El Salvador e rotas para América do Norte, Europa e América Central. A Abra possui capital fechado e sede no País de Gales, no Reino Unido.

O acordo foi assinado entre os principais acionistas da Avianca Holding, incluindo Kingsland International, Elliott International e South Lake One, e o veículo da família Constantino que controla a Gol. As companhias afirmaram que outros investidores financeiros vão investir até US$ 350 milhões na Abra.

Sinais de recuperação judicial surgiram em dezembro

A união, contudo, não surtiu os efeitos desejados, segundo analistas, e o primeiro indício de reestruturação veio em dezembro, quando a Gol contratou a Seabury Capital para ajudar a empresa em uma “ampla revisão” de sua estrutura de capital.

Na ocasião, a Gol destacou que a Seabury é uma das “principais consultorias globais do setor de aviação”, e vai apoiar a empresa também em gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para “melhorar a liquidez”.

A companhia também tem interesse nos trabalhos da Seabury para auxiliá-la em ajuste de frota no “curto a médio prazo…assim como outras obrigações financeiras”.

“A Seabury, trabalhando em conjunto com a Skyworks, prosseguirá com as negociações em andamento com seus arrendadores de aeronaves com o objetivo de alcançar uma reestruturação consensual abrangente das obrigações de frota da Gol“, afirmou a companhia aérea sem dar detalhes.

No início de janeiro, começaram a circular rumores de que a empresa pediria recuperação judicial nos Estados Unidos surgiram no início de janeiro.

Na ocasião, fontes ouvidas pela Folha de S.Paulo afirmaram que seria mais vantajoso para a companhia aérea aderir ao capítulo 11 da lei norte-americana de falências do que abrir recuperação judicial no Brasil. Isso porque há mais possibilidades de financiamento no exterior – algo confirmado pela expectativa de receber os US$ 950 milhões via DIP.

Veja o comunicado da Gol (GOLL4) sobre o pedido de recuperação judicial apresentado hoje (25) nos Estados Unidos:

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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