Brasil

Governo Lula reage à decisão do Banco Central em manter juros a 13,75%; ‘Foi injusta com o Brasil’

23 mar 2023, 13:03 - atualizado em 23 mar 2023, 13:03
Lula, Juros, Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde trabalham milhares de servidores
Postura do BC pegou tanto o governo como os mercados de surpresa (Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Mesmo com a forte pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva pela redução dos juros, o Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. Além disso, não deu sinais de que vai baixá-la e indicou que, caso a inflação não caia, pode retomar o ciclo de alta no juro básico.

A postura dura do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC pegou tanto o governo como os mercados de surpresa. Isso porque existia a expectativa de uma sinalização para cortes na Selic para os próximos meses.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o primeiro membro do governo Lula a se pronunciar após a reunião do Copom. Ele afirmou que o comunicado do comitê é preocupante e ponderou que a relação com o BC deve ser de harmonia.

“No momento em que a economia está retraindo, o Copom chega a sinalizar uma subida da taxa de juros. Lemos com muita atenção, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, disse a jornalistas.

Haddad foi também às redes sociais e escreveu que pretende “melhorar o ambiente de crédito e harmonizar as políticas monetária e fiscal para fazer o Brasil voltar a crescer”.

Outra integrante da equipe econômica a se manifestar foi a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que classificou a decisão do Copom como “injusta”.

“Já esperávamos a manutenção da taxa, apesar de não querermos. […] Vamos aguardar a ata, pois a decisão foi injusta com o Brasil”, disse Tebet à Globo News.

“Todos estão vendo o esforço que o governo tem feito para apresentar projetos sociais relevantes, mas com responsabilidade social”, completou.

Ala política ao ataque

A chamada ala política do governo — formada por autoridades mais preocupadas com a execução de obras e programas sociais do que propriamente com assuntos como responsabilidade fiscal — também se manifestou sobre a decisão do Banco Central.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou não apenas a manutenção dos juros em 13,75% como também repreendeu o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“Como investir se o dinheiro aplicado rende 8% reais? Você não entendeu seu compromisso com o Brasil? Seus juros só beneficiam o rentismo”, escreveu sobre Campos Neto.

Responsável pela coordenação de ações do governo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que “não dá para compreender a decisão” do Copom. “Essa insensibilidade do Banco Central só aumenta o desemprego e aumenta o sofrimento do povo brasileiro”, disse.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, por sua vez, escreveu no Twitter que Campos Neto “vai ficar pra história como quem elevou o Brasil à condição de campeão mundial das maiores taxas de juros do mundo”.
Até o momento, entre os ministros que se manifestaram contra a decisão do Copom, somente Simone Tebet não é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT).

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Repórter
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
zeca.ferreira@moneytimes.com.br
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Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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