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Guru dos emergentes sobre Americanas (AMER3): Tive a sensação que estavam escondendo algo

06 mar 2023, 15:06 - atualizado em 06 mar 2023, 17:12
Mark Mobius
“Se eles não estão dispostos a falar. Se eles não estão dispostos a deixar você ver suas operações, isso é outro sinal. Tudo isso merece atenção e você precisa duvidar o tempo todo”, colocou (Imagem: Bloomberg)

Mark Mobius, fundador da Mobius Capital e conhecido pela sua expertise em mercados emergentes, já teve papéis da Americanas (AMER3), empresa que declarou rombo de R$ 20 bilhões e viu suas ações afundarem na bolsa. Porém, o gestor zerou a posição há dois anos, de acordo com dados da Bloomberg.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Mobius conta o motivo de ter feito esse movimento.

“Há cerca de dois anos compramos ações da Americanas para o nosso portfólio e, quando vim para o Brasil e fui visitá-los, conversei com os executivos e tive a sensação de que estavam escondendo algo. Senti que eles não estavam me contando tudo e, quando voltamos de viagem, decidimos vender os papéis”, disse.

Ele sustenta que isso “é um sinal de alerta”.  “Se eles não estão dispostos a falar. Se eles não estão dispostos a deixar você ver suas operações, isso é outro sinal. Tudo isso merece atenção e você precisa duvidar o tempo todo”, colocou.

De acordo colunista de O Globo, Malu Gaspar, a diretoria da Americanas negou sistematicamente a existência de operações de risco sacado, quando questionada pelo comitê de auditoria, composto por três membros do conselho de administração.

omissão deliberada consta em documentos descobertos pela investigação interna em curso, aos quais Malu Gaspar, colunista de O Globo, teve acesso.

Segundo a jornalista, os diretores da Americanas negaram essa prática em pelo menos quatro ocasiões entre agosto de 2020 e novembro de 2022, sempre quando questionados pelo comitê de auditoria.

Ainda de acordo com O Globo, a política de governança da varejista determina que, a cada trimestre, as demonstrações financeiras sejam enviadas, por e-mail, aos integrantes do comitê.

Até o momento, bancos, gestoras e agentes dos mercados já classificam o problema com o risco sacado como uma fraude.

“É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. É o fraudador cumprindo a sua própria profecia, dando verdadeiramente ‘uma de maluco para esses caras saberem que é para valer”, afirmou o BTG Pactual em documento enviado à justiça.

Já o Verde Asset, uma das maiores gestoras do Brasil, também classificou o rombo da empresa de “maior fraude da história corporativa do Brasil”.

“Fomos vítimas de uma fraude. Há quanto tempo que esta fraude existe, quem foram os principais responsáveis e beneficiários, é assunto que será amplamente discutido e explorado no judiciário”, escreve.

De acordo com o Estadão, as investigações do comitê criado pela Americanas para verificar se houve ou não fraude devem ser ampliadas.

Também ao jornal, uma das fontes afirmou que “não restam muitas dúvidas sobre a ocorrência de fraude”.

Com Marcio Juliboni

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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