Mercados

Ibovespa (IBOV): Agosto sangrento é oportunidade para investir na Bolsa?

24 ago 2023, 15:33 - atualizado em 24 ago 2023, 15:33
Ibovespa
Ibovespa está no caminho para fechar agosto no vermelho (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Após dois pregões de forte alta, o Ibovespa (IBOV) volta a tropeçar nesta quinta-feira (24), seguindo a fraqueza dos índices acionários dos Estados Unidos e com Vale (VALE3) em baixa por conta do minério de ferro.

Em agosto, o índice de referência da Bolsa brasileira marcou até agora somente três sessões no azul. O Ibovespa realizou, inclusive, um feito histórico ao ter uma sequência de 13 pregões de queda, algo nunca visto na história da Bolsa brasileira.

Por conta disso, o Ibovespa está no caminho para encerrar o mês em queda. No momento, o índice perde 3,12% em agosto.

Diversos fatores postergaram o tão aguardado rali pós-corte da Selic, explica Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Segundo o especialista, uma “tempestade perfeita local e internacional” pegou a Bolsa de jeito.

Para começar, a saída de estrangeiros da B3 pesou para o mercado local. Spiess diz que a alta dos yields dos Treasuries nos Estados Unidos “sugou” o capital que, até então, vinha entrando na Bolsa.

“Em agosto, está só saindo dólar. E a gente precisa desses estrangeiros para dar uma segurada”, afirma.

Outro fator que tem causado volatilidade para o Ibovespa é a China, principal parceira comercial do Brasil. Spiess lembra que a perspectiva de uma China com crescimento abaixo do que esperado (+5%) fez com que as commodities sofressem pressão.

Apesar dos esforços anunciados pelo governo chinês na tentativa de reaquecer a segunda maior economia do mundo, agentes financeiros continuam divididos quanto ao ritmo de retomada da atividade no país asiático.

O Julius Baer, por exemplo, reduziu as projeções de crescimento para a China no terceiro e no quarto trimestre após dados recentes do país, a 0,6% e 0,8% trimestre a trimestre (de 1,1% e 1%, respectivamente). Dessa forma, houve uma revisão para baixo das projeções de crescimento em 2023 e 2024, a 4,8% e 4,2%.

O UBS seguiu caminho parecido e cortou as projeções para o crescimento da China em 2023 e 2024, de olho na desaceleração desde abril em meio ao aprofundamento da fraqueza do setor imobiliário.

O banco de investimento passou a ver um crescimento de 4,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) chinês em 2023, enquanto as projeções para 2024 estão em +4,2%.

No cenário doméstico, Spiess cita a tensão fiscal em meio a uma temporada de resultados que, como esperado, trouxe ruídos para o mercado.

Vale lembrar, no entanto, que a Câmara dos Deputados aprovou nesta semana o texto principal do novo arcabouço fiscal, que descarta a mudança inserida pelo Senado que alterava o período do cálculo da inflação.

Bolsa brasileira está atrativa

A queda em agosto não assusta, avaliam especialistas do mercado. Spiess, da Empiricus, levanta que, historicamente, o primeiro mês após a flexibilização da política monetária é de queda. No entanto, na sequência, depois de 12 meses, o ganho é verificado.

Na avaliação do analista, o mercado precificou um pedaço do afrouxamento dos juros brasileiros. Ele lembra que o mercado costuma subestimar o processo de flexibilização.

“Quando [o ciclo de flexibilização é] bem feito, é sempre mais profundo”, diz. Spiess destaca que ajustes fazem parte do processo, que está longe de ser um “passeio no parque”.

Spiess defende ainda que o patamar dos 130 mil pontos para o Ibovespa levantado por várias casas ao fim do ano é factível. Em 12 meses, é possível que o índice alcance os 150 mil pontos, acrescenta.

O analista participou do Giro do Mercado e deu suas perspectivas sobre o mercado local após a aprovação do arcabouço fiscal no Congresso. Confira:

Outro ponto levantado por analistas é que, apesar da sequência estendida de quedas, a baixa acumulada desde a máxima é “pequena”.

“Nos últimos anos, tivemos vários momentos de quedas maiores como pode ser visto na figura abaixo. Em momentos de ‘mercado de alta’, como entre 2004 e 2007 ou entre 2016 e 2019, as correções costumam ser menores. Em momentos de “mercado de baixa”, como entre 2011 e 2015, as correções costumam ser maiores e mais frequentes”, destaca a Guide Investimentos, em relatório divulgado nesta quarta (23).

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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