Coluna da Yolanda Fordelone

Independência financeira só com renda fixa demora; saiba turbinar seu patrimônio

27 jun 2023, 17:24 - atualizado em 27 jun 2023, 17:31
Ibovespa, ações, saúde,
“Você não precisa estar sempre na bolsa, mas poderia aproveitar oportunidades para acelerar seus planos de crescimento de patrimônio”, explica Yolanda Fordelone (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

O Brasil não nos obriga, mas nos incentiva a ser cômodos nos investimentos, tanto na renda fixa como na bolsa. A melhor estratégia para quem quer acelerar o processo de acumular patrimônio para viver de renda, porém, é aproveitar ciclos, e podemos estar diante de uma nova janela de oportunidade.

Quando olhamos para a renda fixa, fica claro enxergar que vivemos em um país de juro elevado. Não à toa, somos conhecidos por sermos o “país da renda fixa”. Por isso mesmo, muitos investidores se acomodam em aplicar em uma boa conta digital, Tesouro Direto e CDBs, pois na média a rentabilidade é muito boa.

Tudo bem que, em tempos de normalidade, o juro praticado não fica na casa dos 13% como vemos atualmente na taxa Selic, mas a média de dez anos de juros mostra que o CDI gira em torno de 9% ao ano, o que já é uma boa rentabilidade. Se acomodar, nesse caso, não gera prejuízos, mas perda de oportunidade de acelerar o plano de independência financeira.

Por outro lado, na renda variável, nos deparamos com inúmeros especialistas que defendem a compra de ações no longo prazo. Há a lenda urbana de que a bolsa sempre bate a renda fixa, quando analisamos décadas de aplicações.

Cabe pontuar alguns detalhes nessas comparações:

1. muitos estudos são baseados no mercado americano, que possui um histórico de bolsa bem maior, além de juro baixo;

2. o recorte temporal sempre pode ser mais favorável a um investimento em detrimento do outro;

3. não podemos ignorar o fato de que gestores de fundos de ações sempre vão defender um mercado “comprado”, já que, pelo menos, 67% da carteira do fundo precisa estar alocada em ações. Traduzindo: tais gestores têm um viés e não vão falar em nenhum momento para o investidor vender suas ações, pois isso afetaria diretamente as cotas do fundo.

Se acomodar na sua ação de estimação, neste caso, pode fazer com que a performance da sua carteira não seja tão significativa assim.

Gestão eficiente é o antídoto para comodismo

Você não precisa estar sempre na bolsa, mas poderia aproveitar oportunidades para acelerar seus planos de crescimento de patrimônio.

Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno, não acredito em estratégias de casamento com ações, assim como não defendo o day trade. Não acho que o investidor deva estar sempre com ações na carteira, mas também não recomendo que ele ignore o mercado pela renda fixa pagar bem. A melhor gestão de carteira não deveria ser uma postura de comodismo, seja na renda fixa ou na renda variável.

Há sempre um meio termo de aproveitar os ciclos econômicos, traduzidos aqui como ciclos de queda e de alta da taxa Selic, nossa taxa de juros básica. Quando juro cai, bolsa sobe. Se o juro caminha para uma alta, a bolsa cai.

Estamos em um momento de Ibovespa – principal índice de ações da bolsa – em alta no ano, justamente porque boa parte dos economistas enxerga que o juro deve começar a cair no segundo semestre do ano. O Ibovespa começou 2023 em 106 mil pontos e atualmente passa dos 115 mil. Analistas de ações falam que há mais espaços para alta, já que a queda da Selic nem começou e que, em ciclos de queda de juros, o Ibovespa costuma render cerca de quatro vezes mais que o CDI.

Quando entrar na Bolsa?

Na jornada pela independência financeira há dois momentos distintos: o de acúmulo e multiplicação do patrimônio e, em seguida, o de gestão desse patrimônio. Na fase de gestão, faz muito sentido ter ações boas pagadores de dividendos, fundos imobiliários com bons retornos mensais, além de outras aplicações que garantem o seu “salário”.

Na fase de multiplicação do patrimônio, porém, não deveríamos deixar de lado aquelas ações com bom potencial de alta. São geralmente as empresas de crescimento e que pagam poucos dividendos, pois estão reinvestindo boa parte do lucro no próprio negócio.

A pergunta é: todos deveriam entrar nesse novo ciclo que pode se configurar na bolsa? A resposta é não. Ações são um investimento de risco. Além disso, cabe uma dose de comprometimento. O investidor de ações precisa minimamente estudar onde vai aplicar e acompanhar a carteira. Exige tempo, algo escasso para muitos profissionais. De longe, não é tão simples como a maioria da renda fixa.

O caminho natural é formar a reserva de emergência, ter uma diversificação na renda fixa e muita dedicação para aumentar a renda nos primeiros anos de profissão, pois o seu salário é o combustível essencial para a coisa toda andar. Passado certo nível de patrimônio – alguns falam de R$ 50 mil, outros em R$ 100 mil – aí sim as ações podem fazer toda a diferença para acelerar o plano de independência financeira.

 

Jornalista e economista. Já atuou em redações de jornal, fintech e faculdade de economia. Atualmente cria conteúdos no canal Econoweek, além de compartilhar sua rotina financeira no Instagram
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