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Independente de como a China vai gerenciar a covid, a economia pagará preço alto, diz médico chinês

21 dez 2022, 16:43 - atualizado em 21 dez 2022, 19:12
Exportações China
Atividade econômica estaria comprometida com ou sem endurecimento contra a covid (Imagem: REUTERS/Aly Song)

Os exportadores brasileiros de carnes, que não dependem das imposições de preços balizadas na bolsa de commodities de Chicago, e os de grãos como a soja, que dependem, vão ter alguns dias para tentar entender como ficará a real demanda chinesa à luz dos cenários econômicos refletidos pelo avanço da covid.

Há quem diga que a situação da China imporá consequências sérias aos negócios em geral qualquer que seja a decisão de Pequim em relação ao combate ao alastramento da doença, como a advertência do infectologista chinês Eric Feigl-Ding, consultor da ONU.

O Ano Novo Lunar em 2023 começa em 22 de janeiro e as festividades estão programadas para irem até 9 de fevereiro. No pré-feriadão, a China não costuma comprar quase nada. Se abastece antes, para voltar somente após as festas. E este ano já se abasteceu menos.

Ocorre que a infecção se alastra de maneira exponencial, com o governo hora endurecendo, hora abrandando as restrições, que, de resto, marcaram a desaceleração econômica em 2022 e já a contratou para 2023, conforme projeções unânimes. O Banco Mundial, em sua revisão do PIB chinês divulgada ontem, cortou o crescimento de 4,3% para 2,7% este ano ano e de 5,2% para 4,3% em 2023.

Para além dos alertas de Eric Feigl-Ding, diretor da Força-Tarefa Covid do Instituto de Sistemas Complexos de New England, que vaticina o caos e até cerca de 2 milhões de mortes do país nos próximos meses, ainda é obscuro o caminho que Pequim adotará, apesar de que o histórico recente não recomenda apostas contra o governo.

Aparentemente a política de covid zero não foi tão zero assim, a partir de setembro, quando os sinais de derrapagem mais acentuada da economia ficaram mais evidentes, às vésperas, praticamente, de o Comitê do Partido Comunista referendar um terceiro e inédito mandato ao presidente Xi Jinping.

Se o governo partir para uma nova fase de endurecimento, reconhecendo que a questão sanitária é mais grave do que tenta não transpirar para a sociedade e ao mundo, deverá começar por impor severas restrições já às festividades programadas. E que se prolongarão até que a doença volte ao controle, sob efeito cascata à economia. Ao menos mitigaria os efeitos mais intensos e duradouros.

Em 2021 foi o feito, obviamente de maneira muito mais severa e irrestrita como assim ocorreu no mundo inteiro.

Em 2020, embora a pandemia mundial tivesse sido decretada no começo de março, o governo Xi foi duramente criticado por não fechar o país durante o Ano Novo Lunar, uma vez que os casos de covid já se encaminhavam ao menos para uma epidemia local desde janeiro. Ressalva-se que a China também foi acusada da esconder a ascendência da infecção do novo coronavírus desde antes do final de 2019.

Caso contrário, não adotando medidas mais duras de circulação em um feriado no qual milhões de pessoas se deslocam pelo país, o risco de crescimento dessa nova onda vinda com a variante ômicron poderá abater mais chineses e seguir cambaleando a economia do mesmo jeito, ou até pior, avaliou o especialista Feigl-Ding, também cofundador da Rede Mundial de Saúde.

O fato é que já há notícias de corporações sentindo queda na produção com as ausências de trabalhadores e cresce o potencial de fechamento de estabelecimentos mesmo sem decreto governamental.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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