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Intervenção na Petrobras derruba ações da Cosan, Ultrapar e BR Distribuidora; veja por quê

22 fev 2021, 18:49 - atualizado em 22 fev 2021, 18:50
BR Distribuidora
Fogo cruzado: BR Distribuidora é um dos papéis com forte queda nesta segunda (Imagem: Reprodução/BR Distribuidora)

A intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras (PETR3; PETR4) deixou mais vítimas pelo caminho, além do atual CEO da estatal, Roberto Castello Branco. As redes de postos de combustíveis listadas na B3 também fecharam com forte queda durante nesta segunda-feira (22).

As ações da Cosan (CSAN3) recuaram 6,61%, cotadas a R$ 81,99. A Ultrapar (UGPA3) caiu 7,83%, cotada a R$ 21,07. Já a BR Distribuidora (BRDT3) perdia 7,22% e terminou o dia vendida por R$ 21,21.

Como se sabe, a Cosan controla a rede de postos Shell no Brasil, por meio da Raízen, sua joint-venture com a gigante anglo-holandesa. Já a Ultrapar é dona da rede de postos Ipiranga, que entraram para o anedotário nacional como apelido de Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro. E a BR Distribuidora, criada pela Petrobras e privatizada em 2019, possui uma licença para explorar a marca BR Petrobras em seus postos.

O tombo dos papéis de distribuidoras de combustíveis é compreensível. Basta lembrar que o estopim para troca de comando na Petrobras é a sua política de preços, que reajusta os combustíveis de acordo com a flutuação do mercado internacional.

Assunto inflamável

Somente em fevereiro, a estatal reajustou duas vezes os preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. O último aumento, que entrou em vigor na sexta-feira (19), tornou o diesel 15% mais caro, e a gasolina, 10%.

Pressionado pelos caminhoneiros, categoria que o apoia e ameaça uma greve contra os reajustes, Bolsonaro criticou publicamente o reajuste e cumpriu a promessa de mudar a gestão da estatal.

O temor do mercado de que o ex-capitão adotará uma política econômica mais intervencionista e populista contamina também as ações da Cosan, Ultrapar e BR Distribuidora.

Joaquim Silva e Luna
Dobradinha: mercado teme que Silva e Luna (esq.) seja apenas um oficial de ordens de Bolsonaro no comando da Petrobras (Imagem: Itaipu/Divulgação)

A primeira via de contágio é a possibilidade de alguma delas adquirir uma das oito refinarias postas à venda pela Petrobras para se adequar às exigências do Cade, que combate a concentração no mercado de refino. Caso isso aconteça, a vencedora correria o risco de, mesmo sendo uma empresa privada, não ter liberdade para ajustar seus preços de acordo com a flutuação internacional.

A bomba é o limite

A segunda razão é que nada impede que o intervencionismo de Bolsonaro no setor de combustíveis extrapole as refinarias e chegue, mais dia, menos dia, nos preços e margens praticados pelas redes de postos.

Por último, alguns analistas acenam com a possibilidade inclusive de falta de combustíveis. Isso aconteceria, caso a Petrobras começasse a subsidiar os preços e induzisse o mercado a manter uma defasagem em relação ao exterior.

Com a gasolina e o diesel vendidos pela estatal artificialmente mais baratos, não haveria estímulo para os distribuidores importarem derivados de petróleo, colocando em risco o abastecimento. Atualmente, o Brasil importa entre 10% e 20% dos combustíveis que consome. Sem as importações, haveria risco de escassez e, no limite, de uma escalada de preços.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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