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IRB pode ser obrigado a realizar um novo aumento de capital, dizem analistas

31 ago 2020, 15:37 - atualizado em 31 ago 2020, 18:48
IRB Brasil
Com o prejuízo no segundo trimestre, a insuficiência de liquidez apontada pela Susep em maio subiu de R$ 2,1 bilhões em março para R$ 3,4 bilhões em junho (Imagem: Facebook)

O prejuízo de R$ 685,1 milhões do IRB (IRBR3) no segundo trimestre desagradou os analistas e colocou mais um ponto de interrogação no futuro da seguradora, que acumula notícias negativas nos últimos meses.

De acordo com o relatório da Guide, enviado a clientes nesta segunda (31), os números do balanço do IRB seguem fora do montante mínimo de capital exigido pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), sugerindo um novo aumento de capital por parte do empresa.

Com o prejuízo no segundo trimestre, a insuficiência de liquidez apontada pela Susep em maio subiu de R$ 2,1 bilhões em março para R$ 3,4 bilhões em junho.

Para preencher a lacuna regulatória, o IRB está concluindo um processo de capitalização que, segundo a companhia, levantou R$ 2,2 bilhões até 24 de agosto tendo sido subscritas 97,47% das ações ofertadas.

Segundo a XP, clientes e retrocessionários podem passar a questionar a solvência da seguradora.

“Anteriormente, o que se ouvia de participantes de mercado era que a situação do IRB envolvia rentabilidade e não a liquidez/solvência da resseguradora. A inspeção da Susep, com o agora aumento da insuficiência de liquidez e o prejuízo do trimestre podem deteriorar essa visão”, afirma Marcel Campos, que assina o relatório.

Para ele, caso confirmado, isso seria negativo para prêmios e retrocessões, com clientes e resseguradoras, respectivamente.

IRB descarta novo aumento de capital

Perguntado por investidor sobre necessidade de um novo aumento de capital, o presidente do conselho de administração e presidente-executivo interino da empresa, Antonio Cassio dos Santos, disse que a ideia “não faz sentido”.

Segundo ele, somente com a realização de recebíveis, o IRB poderia levantar cerca de 500 milhões de reais.

Além disso, a empresa pretende se desfazer de ativos não financeiros que não se enquadram na categoria de ativos de liquidez.

As medidas são parte das correções que a companhia está implementando para corrigir estragos causado por fraudes contábeis nos últimos anos, que precederam a abertura de uma fiscalização especial por parte da Susep em maio.

Santos frisou que o IRB está com indicadores sólidos do ponto de vista de solvência, mesmo para padrões internacionais.

A XP destaca ainda que o maior aumento veio de sinistros retidos no Brasil, que saltou de R$ 73 milhões para R$ 799 milhões (Imagem: Reprodução/YouTube IRB Brasil)

Sinistralidade pesa

Segundo explicou o IRB no relatório do balanço, a perda refletiu sobretudo “despesas com sinistros maiores que as normais e efeito de desvalorização cambial”.

De acordo com Luis Sales, que assina o relatório da Guide, o resultado veio abaixo das expectativas, principalmente devido à elevada sinistralidade.

“Ainda, seu múltiplo P/B ficou em 1,8 vez, o que ainda parece bastante esticado na visão do mercado, quando se considera o cenário para a lucratividade da companhia e a revisão do retorno sobre patrimônio líquido (ROE) que a companhia ainda terá pela frente”, afirma.

A XP destaca ainda que o maior aumento veio de sinistros retidos no Brasil, que saltou de R$ 73 milhões para R$ 799 milhões, devido principalmente a revisões de contratos subscritos em anos anteriores nos segmentos de patrimonial, vida e aviação.

“Além disso, as chuvas e mineração deterioraram a sinistralidade do segmento patrimonial”, completa.

Ainda sob revisão

A XP mantém a cautela em relação as ações do IRB, principalmente por conta de possíveis impactos de reguladores e processos, relações comerciais com clientes e retrocessionários e diluição de acionistas através de uma possível nova primária.

“Por fim, ainda nos resta saber qual o nível sustentável de rentabilidade que a resseguradora consegue entregar. Sendo assim, mantemos nossa cobertura sob revisão”, argumenta.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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