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Juros altos e bruxas soltas: Veja o que esperar da temporada de resultados do 3T23 nos EUA

11 out 2023, 19:43 - atualizado em 17 out 2023, 11:02
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Temporada de balanços do terceiro trimestre começa ‘pra valer’ nesta sexta-feira 13, com investidores buscando decifrar sinais sobre a economia americana (Imagem: Corporation/via REUTERS)

Se no mercado brasileiro a sexta-feira (13) deve ser de baixa liquidez por conta do feriado do dia 12, em Wall Street, a temperatura vai aumentar com o início da temporada de resultados do terceiro trimestre.

O pregão no dia das superstições promete ser agitado, com divulgações de JPMorgan & Chase, Wells Fargo e Citigroup dando o pontapé inicial do calendário de receitas e lucros nos Estados Unidos

Contrariando a má fama da data, a Julius Baer vê “boa sorte” para a penúltima safra de resultados do ano. Segundo Mathieu Racheter, estrategista-chefe do grupo suíço, a média das empresas do S&P deve se sair melhor do que haviam saído nos trimestres anteriores.

Não que isso signifique algo formidável: o consenso atual ainda aponta para uma contração de 0,4% do crescimento de lucros das empresas do S&P 500 no acumulado dos 12 meses.

Mas analistas esperam que o estado de resiliência da economia americana, mesmo diante das taxas elevadas de juros, se traduza em números de receita e lucro acima do consenso na maioria dos casos.

Nesse sentido, o retrato do S&P fica mais atrativo quando se desconta as projeções de lucro para o setor de óleo e gás, que deve ser o mais pressionado pela volatilidade experimentada pelo petróleo entre julho e setembro.

Sem estas empresas, diz a Julius Baer, os lucros corporativos podem expandir até 4,2% na base anual, representando o primeiro resultado positivo desde o terceiro trimestre de 2022.

Confira abaixo três histórias dos resultados corporativos que devem pautar os mercados na próxima temporada de balanços (e veja se a bruxa poderá aparecer):

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Bancões americanos e a maldição dos juros

Quem deve surpreender: JPMorgan & Chase e Wells Fargo

Se há um setor em que se pode dizer que a “bruxa está solta”, este é o dos bancos americanos. Basta recordar as falências dos credores regionais em março e a consequente crise de desconfiança que custou a ser controlada pelas autoridades.

Desde então, o ambiente de juros elevados tem forçado os credores a pagarem mais pelos depósitos de seus clientes. Além disso, a queda histórica no valor do mercado de títulos pode ser especialmente problemática para as instituições que detém grandes volumes destes ativos em seus portfólios.

Segundo analistas do mercado americano, essa conjunção de fatores deve continuar minguando os lucros, seja na comparação trimestral, seja no confronto anual.

Entre os grandões, JP Morgan & Chase parece ser o mais preparado para aguentar o tranco dos juros mais restritivo, diz analistas do Bank of America em nota publicada na semana passada.

A ampla exposição do banco ao consumidor do varejo leva o credor a arrecadar mais com produtos de empréstimo, contrabalanceando as despesas com juros. Por outro lado, provisões com devedores devem continuar sendo uma pedra no sapato.

Segundo levantamento feito pelo FactSet, JP e Wells Fargo devem ser os únicos tubarões a reportarem aumento dos lucros líquidos, na comparação anual.

Big Techs: Amazon e Nvidia deverão voltar a fazer mágica

Quem deve surpreender: Nvidia e Amazon

O fim do verão no Hemisfério Norte (entre agosto e setembro) viu o rali das big techs empacar. O prospecto de juros mais elevados fez ações do grupo das sete magníficas devolverem parte dos ganhos observados no primeiro semestre.

Se a abertura dos juros fez as ações tecnológicas entrar em correção nos últimos 45 dias, os números de lucro e receita esperados para o terceiro trimestre devem recolocar o setor Tech de volta na prioridade dos investidores.

Nesse sentido, os dois grandes destaques da temporada das tecnológicas devem ser Amazon e Nvidia, diz o Goldman Sachs.

No caso da fabricante de chips, que vem reportando recorde atrás de recorde, o banco de investimento vê uma perspectiva de receita de US$ 15,87 bilhões e lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) de US$ 3,35.

“Curto e médio prazo parecem bons para a companhia”, diz o analista do Goldman Sachs, ao salientar a forte demanda de grandes compradores por aplicações de inteligência artificial. “Nós esperamos que a Nvidia mantenha o seu status de principal referência para o mercado de computação avançada.”

Próxima da fila da alta expectativa é a Amazon. Analistas do mercado americano esperam que a líder no e-commerce mundial reproduza resultados tão consistentes quanto os observados nos trimestres anteriores.

O consenso dos analistas de Wall Street vê a companhia alcançando um lucro por ação de US$ 0.58, amparado por receitas de US$ 141,5 bilhões. 

Para Eric Sheridan, analista do Goldman Sachs, o forte desempenho do setor de nuvem — o Amazon Web Service — deve continuar como carro-chefe da companhia.

“Permanecemos convictos de que o AWS retornará para um padrão de crescimento mais normalizado.”

Diante das potencialidades da companhia, o analista vê um potencial de até 41% de alta para a empresa em um horizonte de 12 meses.

Automobilísticas e a greve

Nos holofotes: Ford, GM, Stellantis e Tesla

Com a produção de veículos parcialmente interrompida desde o dia 15 de setembro em razão da greve convocada pelo sindicato United Auto Workers, resultados do trimestre de GM, Ford e Stellantis devem atrair a atenção dos investidores.

Embora o efeito da greve sobre os números trimestrais das montadoras não seja observado no último trimestre, comentários sobre a influência na produção para o último trimestre do ano ganharão destaque.

A Tesla, montadora não sindicalizada, também está no radar de Wall Street, após a entrega de vendas trimestrais frustrantes.

As estimativas da Forbes apontam que a Tesla poderá obter uma receita trimestral de US$ 24,3 bilhões e um lucro por ação de US$ 0,78.

Temporada de resultados nos EUA: confira calendário parcial das principais empresas com listagem em NY

Empresas Setor Data Divulgação
Delta Airlines Aviação 12/10 Pre market
PepsiCo Consumo 13/10 Pre market
BlackRock Financeiro 13/10 Pre market
Citigroup Financeiro 13/10 Pre market
JPMorgan & Chase Financeiro 13/10 Pre market
Wells Fargo Financeiro 13/10 Pre market
Bank of America Financeiro 17/10 Pre market
Goldman Sachs Financeiro 17/10 Pre market
Johnson & Johnson Saúde 17/10 Pre market
Morgan Stanley Financeiro 18/10 Pre market
Netflix Entretenimento 18/10 After market
Tesla Tecnologia 18/10 After market
Taiwan Semicondutor Manufacturing Semicondutores 19/10 Pre market
Alphabet (Google) Tecnologia 24/10 After market
Microsoft Tecnologia 24/10 After market
Meta Platforms Tecnologia 25/10 After market
Amazon Tecnologia 26/10 After market
Chevron Energia 27/10 Pre market
Exxon Mobil Energia 27/10 Pre market
Procter & Gamble Energia 28/10 Pre market
Airbnb Consumo 30/10 After market
Apple Tecnologia 02/11 After market
Mercado Libre** Consumo 01-06/11 After market
The Walt Disney Entretenimento 08/11 After market
Nubank** Financeiro 14/11 After market
*A relação contém apenas as principais empresas que divulgarão resultados nesta primeira metade do balanço
**Datas projetadas, mas sem confirmação

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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